"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A dor parece mais suportável quando você pode se esconder atrás de uma máscara de ódio e vingança


Não é por mau, não é pessoal, não é algo que eu tenha muito controle... Mas eu sou muito desconfiada, estou sempre achando que a qualquer momento você ou você ou você, vai me abandonar, vai desistir de mim. Estou sempre com medo, de falar de mais, de falar de menos, de dar muito trabalho, de te sobrecarregar, de te decepcionar. Estou sempre observando em silêncio suas palavras, seus gestos... E um simples suspiro para mim pode significar impaciência, decepção, pode significar um "não gosto mais de você".

E eu, cruel, precipitada, já permito que meu coração seja crucificado. Um olhar, uma palavra áspera, um comentário, uma crítica... Qualquer coisa, simplesmente qualquer coisa pode ser um gatilho para mim. O que torna tudo cansativo e doloroso demais. Já li em algum lugar que os borderlines são como pacientes de queimadura de terceiro grau, não possuem nenhuma pele emocional para se proteger até do mais delicado toque. É verdade... Posso até não demonstrar no momento o quão doloroso esse toque foi, mas depois, sozinha, a avalanche de sentimentos vai vim, a dor, a raiva, o medo.

Os sentimentos são sempre de mais, extremos, descontrolados. Estou sempre antecipando a dor por causa disso, não quero sentir que fui abandonada, por isso estou sempre pensando que vou ser abandonada a qualquer momento, como se tentasse me prevenir. O problema é que pensando assim eu acabo sofrendo antes, nada aconteceu e eu estou sofrendo como se o mundo estivesse acabado. É ridículo, mas não consigo me controlar.

Me relacionar com pessoas, quer seja colegas, simples conhecidos, até melhores amigos, namoradas, etc... Sempre me causou dor. Não por eles, mas por mim mesma. Alias é muito difícil o problema estar nos outros, o problema geralmente está em mim. Mas sempre me causou dor... É fácil me decepcionar, me machucar, quebrar meu coração, é muito fácil. Você pode fazer isso até sem se dar conta. Eu costumava relevar isso, costumava continuar a gostar das pessoas não importa o que elas fizessem comigo, perdoar é fácil para mim, simplesmente porque se eu não perdoasse eu provavelmente já teria me matado de solidão. Mas agora é um pouco diferente, eu continuo perdoando, continuo agindo como se não tivesse acontecido nada... Mas eu não confio mais.

Existe uma porta que se fecha... E você dificilmente terá acesso novamente a minha alma. É triste... Mas você se torna indiferente para mim. Não me importo se você está vivo ou está morto. Não importa se minha decepção e dor foram "exagerados" para você, não importa se você nem ao menos percebeu o que estava fazendo, não importa. Sim... Pode parecer "injusto" (a justiça não existe para mim). Sim, posso ser muito fria e essa é minha vingança silenciosa. Já disse muitas vezes... Não sou boazinha, não sou a vítima. Pode ser que um dia eu tenha sido a vítima, muitas e muitas vezes. Mas não hoje, hoje não...

Hoje eu posso destruir uma vida tão facilmente quanto eu destruíram a minha... Eu aprendo rápido, eu aprendo muito rápido, seu jogo, suas fraquezas, seus medos. E eu já venci, você sabe disso, quando me olha com esse olhar triste e espera que eu tenha pena de você, que eu tenha piedade, eu não tenho. E enquanto eu estiver viva eu vou me vingar de você, todos os dias, a cada segundo que você respirar... Você vai sofrer, não tanto quanto eu, infelizmente, mas vai sofrer o quanto eu puder fazer você sofrer. Quem é a vítima agora? Quem se encolhe indefeso? Quem chora no escuro?

2 comentários:

Anônimo disse...

Você sou eu e eu sou você. Um pouco depressiva, suicida (há um bom tempo tentando de fato) e possivelmente bordeline. Não tenho pena de ninguém, quem tem pena de alguém neste mundo? Eu confiava com o coração aberto de uma criança, mas tudo me machucava, olhares, gestos, uma risada ao fundo. Egocentrismo. O mundo não gira ao meu redor aprendi com o tempo e com a dor , dor tão profunda e insuportavel que me entupia de calmantes, comas alcoolicos e acidentes de carro... só queria que passasse.... pensei demais nos outros , nos sentimentos deles e em suas aflições ... é bonito e ideologicamente maravilhoso ser boa-moça ...mas se a gente não morre antes, a persona é obrigada a ir embora, a deixar... não posso ser eles, só posso ser eu... e eu só podendo estar dentro de mim, não posso nunca sentir, adivinhar sentir ou interpretar corretamente o outro. o outro sou eu,reflete eu, mas eu não sou o outro. Minha muda vingança que por tanto tempo me satisfez e me acompanhou já não basta mais.. mesmo que me cale e feche a porta do meu coração(as vezes antes de qualquer ato, como uma defesa) para eles, eles não se importam, nunca se importaram,eles não sabem o que não digo.. é tudo ilusão da minha cabeça ... sou eu que me importo demais... essa vingança silenciosa não afeta ninguém além de mim mesma... já que não afeta o que tenho a perder? cada um é único e os parametros do outro nunca serão meus... cansei de chorar sozinha a noite... ninguém vê.. prefiro a sociopatia louca de fazer o que quero quando quero sem se importar com ninguém ... é uma vingança mais refinada, essa realmente afeta.. as pessoas nao gostam quando vc rompe os grilhoes da neurose do "outro".. fazer algo que elas nem sabem que tem vontade de fazer.. estes são os verdadeiros loucos em uma sociedade sem respeito a privacidade... a diferença é que essa faço por mim, como um retorno para mundo do que ele sempre me deveu( ou acho que deve): a minha verdadeira liberdade de viver.

Bia (26 anos)

Unknown disse...

Nossa... Belo texto. Obrigada pelo comentário. Realmente, faz muito mais sentido o que você falou... Mas é muito difícil fazer tudo o que quiser sem se importar com o outro, romper esses grilhões como você disse.

Mas é interessante como as pessoas não notam sua existência quando você é uma "boa menina" e vive se importando com os outros e como eles passam a notar quando você passa a não se importar mais... Alias algumas pessoas até passam a gostar mais de você quando você é desobediente, fria e indiferente. É irônico.