"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A arte


Não é difícil notar que a maioria dos grandes artistas possuem problemas emocionais enormes. Não é difícil associar a arte à dor. Não é difícil ouvir escritores amadores ou não reclamando que só conseguem escrever decentemente se estiverem se sentindo mal de alguma forma. É chorando que as palavras, imagens, ou seja lá o que for, mais belas saem de nós, as mais fortes também, é nossas lágrimas representadas naquilo que tocam as outras pessoas. Não é difícil observar que as pessoas mais perturbadas são a que mais se agarram a algum tipo de arte. Não quero dizer que só quem sofre pode produzir arte, óbvio que não... Mas são essas pessoas que mais choram que mais se dedicam a ela, as que mais precisam daquilo como válvula de escape. Quero dizer... Você escreve, pinta, desenha, não importa, porque precisa. E imagino que isso que a torne bela ou única... Da mesma forma que cada pessoa é diferente, cada palavra saida da alma de cada pessoa também será diferente, única.

Acho lindo pensar desse jeito... Acho lindo pensar na arte. Acho genial ouvir alguém dizendo que se sentiu tocado por algo que eu disse, alguém que se sentiu descrito nas minhas palavras, alguém que de alguma forma sentiu o que eu senti escrevendo. Acho que todo mundo que faz algo parecido deve vibrar como eu quando escuta essas coisas, não é? É brilhante... Satisfação pessoal deve ser isso. Fazer algo que você ama de paixão e ser reconhecido de alguma forma, mesmo que só exista uma pessoa que te reconheça, não importa. Você conseguiu... Você conseguiu mudar um pouquinho alguém com o que você faz, conseguiu tocar em sua essência, conseguiu fazer com que ele gastasse alguns minutinhos refletindo, sentindo. É genial.

Quanto a dor, todos nós sofremos... Mas alguns de nós parecem procurar essa dor, quase como se entendessem que só nela vão conseguir produzir seus melhores trabalhos. Ao menos comigo... É chorando e sangrando que eu me sinto mais viva e que eu mais preciso escrever, tanto quanto respirar. Não no momento, no momento eu não consigo nem me mexer, mas assim que o pior passa... Eu corro desesperada para a tela do meu computador ou para uma folha de papel e disserto minha alma. Não importa se as palavras sairem feias e distorcidas, aquilo sou eu. E expor minhas entranhas me acalma, me alivia. Eu preciso. Não sei lidar comigo mesma, preciso colocar pra fora.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sobre relacionamentos - Nem eu, nem você. Nós.

É complicado. Sim, é bem complicado.

No começo não... No começo é fácil, no começo parece que só o fato de nos amarmos basta (e realmente só isso basta, mas existem muitos problemas acima disso), no começo é lindo, a sintonia entre os corpos é perfeita, no começo a felicidade é contagiante e estamos felizes quando estamos juntas, sem nos preocuparmos com nada nem ninguém a nossa volta. No começo parece que criamos um pequeno mundo onde só existe nós duas. No começo o carinho é constante, nós sabemos que precisamos mostrar uma para a outra o quanto nos amamos e que isso é muito importante. Eu retribuo o que você faz e você retribui o que eu faço. As coisas funcionam tão naturalmente que chega a ser mágico (pelo menos pra mim que nunca senti isso antes). No começo não brigamos. Porque brigaríamos? Não há motivos. Eu gosto de você, você gosta de mim. Fim. Caminhamos juntas e felizes.

E então os problemas começam. Primeiro o mais óbvio, somo um casal gay. Não, nós não temos nem de longe a liberdade que os heteros tem. É perigoso, é cansativo aguentar os comentários, as piadas, as pessoas que mexem cm a gente ou que olham feio... É irritante. Mas tudo bem. Nós não conhecemos eles, eu quero mais é que se fodam, estou feliz com você... Não me importo se um zé ninguém nos xingar, isso é só um pequeno incomodo, uma coisa que a gente não vai poder evitar de qualquer jeito. E outro problema... Meus amigos, a escola, os pais dos nossos amigos, a orientadora, os professores. Tudo bem... Precisamos ser mais discretas, tudo bem. Posso te abraçar pelo menos? Posso segurar sua mão? Faz eu me sentir tão segura... Prometo que vou me comportar mais.

Não é tão simples quanto parecia. Todo mundo odeia que estejamos juntas... Isso está muito claro. E isso me irrita, me deixa frustrada... Eu simplesmente não consigo entender qual é o grande problema. Tudo bem, eu sou uma garota e ela outra. Só isso. É tão diferente assim?? Não, eu não entendo. Me desculpem. Para mim não é nada diferente, porque vocês não conseguem ver?? Nos deixem em paz...

Então as coisas começam a desmoronar... Nossas famílias. A mãe dela nos descobre, me expulsa da casa dela aos gritos, ela foge de casa, a gente se separa, você fica em um lugar e eu vou para outro, mas eu não aguento... Estou em pânico total, correndo sem saber para onde ir, preciso de você aqui comigo, preciso me cortar, não sei o que fazer, não sei o que fazer, não sei o que fazer... Por favor fique bem. Fique bem. Vamos resolver, certo? Vai dar tudo certo. Eu quero ser forte, quero não chorar para poder enxugar suas lágrimas... Mas eu sou um desastre, obviamente, estou chorando e tremendo, tentando me concentrar em me manter quieta em meu lugar para não me atirar no primeiro carro que passar, ou bater minha cabeça na parede, ou me arranhar... As possibilidades são infinitas. Tudo bem... Vai passar. Mas essa luta é mais sua do que minha, eu não sei o que fazer para ajudar. Da mesma forma que a luta contra minha automutilação é minha, não sua. Se eu não me ajudar não tem como eu melhorar.

Mas nós vamos superar juntas. Vamos continuar juntas. Você está disposta? Eu estou. Estou aqui para você, tudo bem? Eu sei que você também está aqui por mim. Logo logo as coisas vão mudar, vamos ser mais livres, vamos poder ser livres e felizes. E então o tempo passa e continua passando... E as coisas continuam difíceis, continuam dando errado. Não, ninguém pode ajudar. Nós sabiamos que seria difícil, não sabiamos? Não, a gente não sabia que seria assim tão difícil. A saudade dói aqui dentro, a insegurança, a dor, o medo... Eu queria simplesmente te abraçar, só isso, e não soltar nunca mais... Mas a gente quase nunca consegue se ver, parece que o mundo conspira contra nós. Desencontros seguidos de desencontros. Eu quero tanto você aqui comigo... Você me faz a pessoa mais feliz do mundo as vezes sabia?

Você está cansada... Eu também estou. Você está assustada, preocupada, desligada... Mesmo quando eu consigo te ver, eu não te sinto mais comigo. Quero chorar e te abraçar. O mundo está conseguindo roubar você de mim? Por favor diga que não... Eu suspiro e te solto, você parece distante de repente, inalcançável, quase fria. Por favor... Vamos esquecer um pouco sua mãe, por favor. Vamos esquecer a porra desse mundo, por favor, só por um minuto, me abrace sem medo. Só por um minuto fique aqui comigo... Pare, só por um instante, de pensar. Vamos viver, vamos? Não quero mais me preocupar, não quero mais fugir, não quero mais ter que me esconder com tanto medo assim. Eu estou pouco me fudendo se meus pais vão me odiar ou não, estou pouco me fudendo se sua mãe quer me matar. Eu te amo e isso só diz respeito a você e eu. SÓ. E isso é o mais importante, não é? Foi você que me disse quando eu estava chorando. Eu te amo. Vamos dar um jeito. Nós podemos, eu sei. Um dia nós poderemos olhar para trás orgulhosas de nós mesmas por termos lutado tanto, um dia quem sabe... a vida pode nos reservar tantas surpresas maravilhosas. Eu tenho certeza que você vale a pena. Vamos continuar juntas? Não vai ser fácil, mas eu estou disposta. Você está?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Entre extremos - Quem sou eu?


Hoje eu posso acordar e me olhar no espelho e me orgulhar do que vejo. Posso até pensar que sou uma boa pessoa, que sou sensível e por isso eu choro, posso até pensar que me preocupo de mais com os outros e de menos comigo mesma e que isso parece ser bom, ao menos para os outros, que isso prova que eu sou boa. Eu posso hoje enxer o peito e ter toda a certeza do mundo que sou exatamente o que eu sou, hoje eu posso até jurar para você que vou conseguir ser feliz o resto da vida e que nada nem ninguém conseguiria me impedir ou tirar isso de mim. Hoje eu posso até sorrir para você mesmo que o que você diga faça meu coração sangrar, hoje eu posso querer te abraçar mesmo que isso me mate, hoje eu posso te amar incondicionalmente para sempre. Mas amanhã...
Amanhã eu posso acordar e me olhar no espelho e odiar o que eu vejo. Posso sentir nojo de mim mesma. Posso sentir meus olhos sendo abertos para uma realidade tão dura e verdadeira que me dá vontade de vomitar. Posso olhar para minhas próprias mãos e perceber que sou um monstro. Eu sou um monstro, todas as coisas ruins que eu faço ou penso que sempre atribuo como sendo de outra pessoa, não minha... Tudo isso faz parte do que eu sou. Quando sou calculista, quando minto, quando sou dissimulada para que as pessoas gostem de mim, quando me destruo em função das pessoas a minha volta... É tudo tão errado e egoísta. E eu não faço isso por ninguém, não... isso é mentira. Eu faço isso por mim mesma, para que eu possa me sentir bem. Eu preciso das pessoas quase como um um vampiro ou coisa parecida, sugando suas vidas e atenção... Eu preciso delas para viver. Quem sou eu se ninguém gostar de mim? É mesquinho né? É patético, eu sei. É nojento, eu sei. É fútil e egoísta. Coisa de pessoa pequena e fraca. Eu sei de tudo isso. É por isso que eu me odeio. Meu grau de carência é tão grande... mas tão grande, que eu sou capaz de muita coisa para que as pessoas gostem de mim... Minha vida inteira, eu cresci me distorcendo para encaixar em moldes que as pessoas a minha volta ditavam.
É verdade que estou mudando, que estou aprendendo a controlar esse monstro dentro de mim, estou aprendendo a me respeitar e a respeitar as pessoas a minha volta. A reconhecer que elas tem o direito de não gostarem de mim se não quiserem e que eu não posso fazer nada a respeito. E que isso não prejudica nem diminui o que eu sou. Mas as vezes eu ainda acordo com a conciencia que sou uma pessoa horrível, as vezes eu entro em um estado em que sou tão sincera comigo mesma, tão sincera... que a coisa mais óbvia a se fazer parece ser se matar. Porque quando você reconhece realmente tudo de ruim que há dentro de você, quando você realmente encara de frente todos os seus podres... Isso pode te destruir. Eu entendo porque as pessoas mentem tanto para si mesmas, entendo porque elas se acham tão certas e bondosas, porque nunca se vêem como sendo maus de verdade, é simples... É impossível você viver consigo mesmo se você encarar tudo isso e entender que algumas coisas simplesmente não vão mudar assim tão fácil, que existem defeitos que fazem parte de você. Você controla seus atos, suas ações, mas não quem você é.
E não, você não vai conseguir olhar para um espelho e reconhecer que você é um monstro sem enlouquecer de alguma forma. Vai por mim.
De qualquer jeito... Eu não sei. Amanhã as coisas podem ser totalmente diferentes, eu posso olhar para o céu lindo e perfeito e me sentir tão triste. Amanhã eu posso chorar e querer brigar com alguém por me sentir frustrada, por não entender o que acontece comigo, o que tem de errado comigo. Amanhã eu posso te culpar por algo que você não tem realmente culpa, e no dia seguinte posso me arrepender, ou não. Amanhã eu posso pensar que você não me ama tanto assim, ou que não liga tanto pra mim e isso vai me deixar com medo e descontrolada. Posso acabar destruindo alguém para não destruir você, porque eu te amo incondicionalmente exatamente como ontem. Essa é uma das poucas coisas que nunca mudam dentro de mim, por pior ou melhor que eu esteja. Eu não sei quem eu sou, não sei se sou um monstro ou uma vítima, ou se sou os dois, não sei se sou egoísta ou autroísta, não sei porque sinto de mais e de menos... Mas uma coisa eu sei. Eu amo. Seja por minha necessidade de não ficar sozinha ou por qualquer outro motivo, egoísta ou não, eu amo. O que eu sinto por meus amigos, pela minha namorada, supera qualquer coisa que eu já tenha sentido na vida. Eu sei que sou complicada, que me machuco muito e sempre acabo falando pra um ou outro que eu o odeio... Mas eu faço tudo isso por que eu sei que não tenho capacidade de deixar de amar cada um de vocês, eu simplesmente não tenho.
As pessoas sempre me destruíram... E eu nunca deixei de voltar para elas, sorrindo como se estivesse tudo bem, pedindo desculpas sendo a culpa minha ou não, implorando para que tudo volte ao normal e eu consiga me sentir menos sozinha. Talvez antes de monstro ou vítima eu seja uma idiota, isso sim. Vocês não tem idéia de como eu me seguro para não voltar atrás e tentar agradar todo mundo de novo, principalmene em dias como esse, em que eu me sinto insegura e sozinha, com o buraco no meu peito aumentando e me deixando sem ar. Eu só quero... que as coisas fiquem bem. Que eu posso ficar feliz e me sentir completa pelo máximo de tempo possível. Mas todo mundo parece sempre tão longe e distante, não gosto disso.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Diferentes e Iguais. - Para você que sofre o que eu tanto já sofri


Conheci um garoto outro dia... E ele mexeu muito comigo, mais do que o garoto bipolar de um tempo atrás. Me fez pensar... Somos tão parecidos e tão diferentes. Tão opostos e, em essência, iguais. Quero dizer, essa sou eu, "frágil", sensível, chorona. Alguém que tem horror de machucar qualquer pessoa, alguém que tem realmente muito medo de fazer qualquer mau a qualquer pessoa (eu sei que quando eu estou irritada eu acabo machucando muito gente, mas pode ter certeza que eu me torturo o suficiente depois por isso). E no entanto eu seria hipócrita se dissesse que não machuco ninguém, porque cada vez que eu abria um corte atrás do outro nos meus braços... Quem eu mais estava machucando se não todas as pessoas a minha volta que se preocupavam cada vez mais comigo? No fundo meu objetivo nunca foi, concientemente, me machucar, o que eu estava querendo era encontrar um jeito de e me sentir bem, egoistamente, aquilo era minha droga, meu jeito de fugir. Me doía e muito ver as pessoas a minha volta, o quanto elas ficavam cada vez mais cansadas, frustradas e decepcionadas... Mas nem por isso eu se quer pensava em parar.
Não.... Eu não queria parar. E eu continuava machucando todos a minha volta, fazendo-os sentirem a dor que eu sentia. Parecendo dizer, como uma criança: "Tá vendo? Foram vocês que fizeram isso comigo. Eu estou me destruindo por sua causa. Sintam-se culpados.". E isso doía em mim também, insuportavelmente. O que eu estava fazendo afinal?? Porque fazia isso com as pessoas que mais amava? E me cortava de novo e de novo, me sentia mau por isso ou por aquilo, me sentia mau por me cortar e ser um problema e me cortava por isso. Sem lógica nenhuma.
E de novo, não. A culpa não era de ninguém, óbvio que não era. EU fiz isso comigo mesma. Fui eu... Até mesmo quando eu me sentia fora de mim ou quando eu pensava que tinha um monstro tomando conta de meus atos, aquele monstro sem sentimentos, tudo isso continuava sendo eu mesma. Das profundezas do meu ser, da minha personalidade confusa, partida e remendada. Era eu. Fui eu que peguei a lâmina todas as vezes, fui eu que quis me machucar, fui eu que senti tudo o que senti, fui eu que machuquei as pessoas a minha volta, fui eu que destrui relacionamentos e amizades.
Não, eu não tenho culpa do que sinto nem como eu sinto. Não tenho culpa por não saber lidar com esses sentimentos, por não entendê-los e me assustar com sua intensidade. Mas vocês também não têm culpa. Eu tenho total conhecimento que uma pessoa normal no meu lugar não agiria como eu ajo. Eu sei muito bem que o que eu faço, o que eu sinto, como eu reajo, não é como eu deveria agir, como eu deveria sentir e fazer. Eu estou aprendendo, estou aprendendo a ser "normal". Não, eu não vou parar de sentir o que eu sinto, mas vou aprender a me controlar, vou aprender a achar outras válvulas de escape, vou aprender a conviver com as pessoas de forma que eu não procure me magoar e magoá-las também.
Vocês não têm culpa. Eu sei que não. Eu sei que vocês não tem obrigação nenhuma de me suportarem, de me entenderem e continuarem ao meu lado. Mas agradeço muito por terem tentado... Sim, eu sei que tentaram. Me desculpem se para alguns de vocês não foi o bastante.
De qualquer jeito... Não é culpa de ninguém realmente. A questão não é essa, não é procurar culpados, isso não vai nos curar. A questão não é continuar fugindo, continuar arranjando desculpas para ser como somos, justificativas. As justificativas, quando existem, são muito mais profundas do que qualquer relacionamento mau sucedido, ou qualquer decepção ou frustração. A questão não é achar que se cortando ou fazendo qualquer atitude impulsiva do tipo irá resolver seus problemas. A questão é... Nós somos espertos, emocionalmente somos crianças, intensas e incontroláveis, mas nossa cabeça funciona sim e muito bem. Nós sabemos que tem algo errado com nós, nós sabemos que nada está certo e que é impossível que todas as pessoas sintam o que nós sentimos e não enlouqueçam. Sim, nós sabemos. A questão é... Você está dispoto a lutar par encontrar a felicidade em poder se sentir inteiro e completo pela primeira vez na vida sem depender de ninguém? Você está disposto a encontrar forças para poder respirar fundo e conseguir pensar em soluçõs muito mais razoáveis para você se sentir melhor? Está disposto a lutar contra seus sentimentos? A aprender a controlá-los de modo que eles não ditem mais sua vida? Se você quer encontrar a tal paz, o tal do equilíbrio... (Sim, eu sei que você provavelmente rejeita com asco esse equilíbrio temendo se tornar morno e sem vida como muitos a sua volta... Eu sei que sentir intensamente a vida, de tal modo que não caiba em seu ser tanta emoção, é tão terrível quanto maravilhoso. Tanto uma benção quanto uma maldição... Mas não se preocupe. Ninguém vai tirar isso de você. Você só vai saber lidar melhor com isso, vai saber canalizar tudo isso dentro de você de forma construtiva.) Então... Se você estiver disposto a lutar por isso... Bom, todas as ferramentas estão ao seu alcance! Grite, como eu sempre digo, grite por ajuda. Alguém vai te ouvir e você vai conseguir. Nós temos tudo para brilhar, como as músicas falam, talvez todas as pessoas tenham de alguma forma. Você só precisa se consertar um pouquinho... Vai por mim, vai valer a pena.
Eu sei também que dependendo de como você estiver, nada do que eu diga irá te atingir ou fazer você se quer pestanejar quanto suas escolhas. Eu também tive uma época que ninguém conseguia me convencer a mudar, de jeito nenhum, tive uma época que o único detino que eu havia traçado como possível para mim, era o da escuridão por assim dizer. Mas acredite em mim, nem que seja só por um instante, vale a pena. Talvez você ainda não consiga ver ou talvez consiga, não sei. Mas a vida vai te ensinar, de um jeito ou de outro ela acaba te ensinndo. As coisas realmente PODEM melhorar, é só você querer, querer MUITO e lutar por isso. Não é papo de pessoa positiva chata não. Sou muito negativa, mas tem coisas que se tornaram inegáveis para mim, como essa. Eu realmente posso dizer: a vida me ensinou. Porque ensinou mesmo, foi uma lição muito dura de aprender, mas aprendi.
Se você quiser e lutar com as ferramentas certas para isso. Nada no mundo te impede de encontrar seu caminho. Estou torcendo por você! Lute.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pais e pais... - Como a família pode interferir em quem você é



É nas férias que eu tomo conhecimento que tenho uma família como vocês já devem ter percebido... Sou obrigada a passar mais tempo com eles, essas coisas... E começo a pensar (e entrar em crise consequentemente). Minha família não é nem um pouco daquelas que são bem família mesmo sabe? Unidas e tals. Seja essa união forçada ou não. Eu acho isso bom de alguma forma, prefiro assim do que ter pais que se matam pra fingir que são unidos e cheios de amor e essa hipocrisia toda... Enfim, o fato é que nem todas as famílias são como a minha. Existem pessoas que amam os pais, por mais horríveis que eles sejam, e existem as que os pais são perfeitos, mas os filhos os odeiam mesmo assim. Existem famílias que possuem regras de mais, e as que possuem regras de menos... Mas a verdade é que nenhuma é perfeita, por mais que você de fora olhe e deseje ter um família linda e divertida como aquela. Não, nenhuma é perfeita.

Eu sou muito fria quando se trata de família, quase calculista mesmo. Manipular meus pais não é difícil, desde que eu esteja confiante e segura do que quero. É fácil mentir, minto tão naturalmente em casa que chega a ser uma mania, é fácil esconder também, é fácil fazer meus pais se sentirem inseguros e convencê-los a fazer isso ou aquilo para me "educar" melhor. Desde pequena eu sei fazer isso... Lembro de meus pais brigando com meu irmão por ele ter derrubado um copo e eu ir falar para eles que eles deveriam se importar mais em educar meu irmão para ser educado e comunicativo com as pessoas do que se ele consegue ou não manipular um copo como se a vida dele dependesse disso. Obviamente isso os deixava muito inseguros e os fazia pensar mais antes de sair gritando, bonus pra mim que nunca levava bronca por nada. Eu quase nunca levei bronca dos meus pais, sempre fugia, sempre dava um jeito de sair impune, sempre os manipulava. E quando eles ameaçavam brigar comigo, eu prontamente abaixava a cabeça, automaticamente, fingindo ser a menina mais arrependida da face da terra. Só isso já os deixava sem ação.

Eu sou do tipo que reage a gritos como se apanhasse todo o dia. Eu nunca respondo, fico queta no meu canto, esperando a irritação da outra pessoa passar. Sou do tipo que não enfrento, eu escorrego pela tangente, faço os adultos terem pena de mim. Sempre aprendi a me defender assim... Afinal eu não sou forte, não tenho confiança o suficiente para responder a altura, então eu prefiro me fazer de fraca, de indefesa. É assim que eu escapava da maioria das broncas e surras, não que eu escapava sempre, mas elas eram mais amenas pra mim. Eu faço questão de deixar bem claro o quanto uma pessoa me machucou quando me machucam. Quase sempre as pessoas acabam se arrependendo. Aprendi de berço.

Meus pais nunca souberam como se deve educar um criança, nunca souberam conversar ou se preocuparam em criar qualquer vínculo. Aqui em casa é cada um por si, cada um em um canto da casa, ninguém se fala, ninguém que saber de nada. Eu aprendi a não demonstrar aqui em casa que preciso deles, por outro lado sempre demontrei de mais com as outras pessoas. Aprendi a ser totalmente independente aqui em casa, aprendi a conviver com a solidão, a não querer ninguém por perto.... No entanto... É só eu sair de casa que toda essa aparente "força" e "independência" desmorona. Eu preciso de aguém, tenho medo de ficar sozinha, tanto medo que as vezes começo a tremer tanto que fica impossível se mexer, me torno dependente das pessoas facilmente. Quero ser amada... Quero que as pessoas gostem de mim, quero que me abraçem e digam que vão me amar não importa o que aconteça... Quero que me defendam e me mantenham aquecidas. Quero que apareçam quando eu estiver com medo e me digam que vai ficar tudo bem, quero que sentem comigo, me contem uma história, me façam rir e depois me dêem um beijo de boa noite. Quero que fiquem comigo para sempre, quero que me prometam isso... Quero que me escutem e enxuguem minhas lágrimas, quero que se importem, que se preocupem...

Porque eu nunca tive isso na vida... É engraçado como as famílias influenciam em quem nos tornamos, não é?