"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Deixe brilhar! - Feliz Ano Novo


Fim de ano, planos e promeças sendo feitas, expectativas e esperanças... Eu poderia desejar que tudo o que vocês estivessem planejando se realizasse, mas eu acho que isso não é o mais importante. É bom as vezes que as coisas saiam um pouco de nosso controle e tomem caminhos totalmente novos e inesperados, é bom deixar a vida nos surpreender e ir vivendo assim... Sem cobrar muito ou esperar de mais, só ir vivendo cada momento como se fosse único, porque é (coisa de chavão mesmo, sabe?). Vou desejar a vocês que antes de qualquer coisa, qualquer presente, dinheiro ou seja lá o que vocês estejam planejando, que vocês se amem e se orgulhem de ser quem são. E que se ainda não conseguirem se orgulhar, ao menos começem se aceitando, admitindo para si mesmos quem são. E depois... Eu desejo que você tenha a coragem de encarar o mundo sendo quem é. Eu desejo que quando alguém vier te repreender ou dizer que você não pode ser assim, que você mantenha a cabeça erguida e se recuse a aceitar aquelas palavras.
Desejo nesse ano novo que vocês se percam um pouquinho, porque essa é a única forma de se encontrarem. Desejo que vocês caiam sim se não houver escolha, mas que vocês se levantem mais fortes (mais fortes, não mais insensíveis, há uma grande diferença ai). Desejo que não importa sua dificuldade ou sua luta pessoal, que você tenha ao menos uma pessoa que te abraçe quando você precisar, nem se essa pessoa for... sei lá, sua bisavó surda. Desejo que você não deixe o vazio em seu peito tomar conta de seu ser. Desejo que quando você estiver confuso e não souber o que fazer, quando a dor for insuportável de mais, que você possa chorar o quanto for preciso, mas depois que você levante os olhos para o céu, respire fundo e pense, pense com calma e paz, a saída está bem diante de seus olhos, é simples, você vai ver.
Desejo que você ai quietinho em seu canto, olhando sempre pra baixo e pensando que não vale nada... Que você saiba que é especial sim. Desejo que você deixe brilhar, que você mostre quem você é e surpreenda as pessoas a sua volta! Feliz Ano Novo!
Ps: A imagem é do clipe Firework da Katy Perry, em homenagem ao projeto "It gets better" da pixar, que eu comentei a um tempo atrás, super recomendo: http://www.youtube.com/watch?v=QGJuMBdaqIw&feature=recentf

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pessoas não valem a pena


Eu devia ter acreditado quando ela me disse que as pessoas não valiam a pena... Realmente, elas não valem a pena. Simples assim... Eu fui uma idiota por ter pensado que vocês mereciam mais uma chance, na verdade já perdi as contas de quantas chances jah lhes dei e mais uma vez aqui estou eu, chorando a dor da decepção. Estou cansada, a muito tempo estou cansada de todos vocês... Por que vocês voltaram? Por que pediram desculpas e quiseram minha amizade de volta como se nada estivesse acontecido? Por que quiseram isso se no fundo se envergonham de quem eu sou? Se não me querem em suas casas nem querem que seus pais saibam que andam comigo?
O que eles te disseram hein? Que eu sou uma má influência? Que vocês precisam se afastar? Que vocês vão se prejudicar se continuarem do meu lado? Que a imagem de vocês vai ser comprometida? Sabe... Mais uma vez... Se vocês PENSAM que tem a porra de uma imagem, eu tenho muita pena de vocês, por que olha... Vocês são uns nerds idiotas, essa é a grande imagem que vocês precisam manter. É só olhar pra vocês para ter certeza do quão patéticos vocês são. E por serem tão patéticos... Eu sempre imaginei que vocês me aceitariam, que se seus pais não gostassem de mim, vocês os enfrentariam e diriam que eu sou muito mais do que as marcas em meus braços ou minha orientação sexual. Por que eu sou. Vocês sabem disso. Do mesmo jeito que eu sei que vocês são muito mais do que essas caras de nerd viciado em joguinhos idiotas (apesar que de um tempo para cá eu venho desconfiando se vocês realmente tem algo a mais do que isso).
Cara... Se vocês soubessem quantas vezes eu já ouvi que vocês não valiam a pena, quantas vezes meus pais já me disseram que vocês não eram meus amigos de verdade... E todas as vezes eu os defendi de corpo e alma. Todas as vezes eu estufei o peito orgulhosa por ser amiga de vocês... Orgulhosa de poder calar a boca de todo mundo e dizer o quanto vocês eram incríveis... É... Eu defendia vocês, tanto que aqui em casa ninguém mais tem coragem de abrir a boca criticando-os. Não só os defendiam como dizia com mais orgulho ainda quem vocês eram. Sim, meus pais sabem quais de vocês são gays, quais são problemáticos e todos seus defeitos e mesmo assim... Meus pais respeitam vocês porque eles sabem que eu voaria no pescoço deles se eles ousassem falar qualquer coisa de mau de vocês.
E no entanto.... Vocês não são incríveis. No entanto eu acho que vocês nunca foram realmente meus amigos, foram? Vocês eram amigos de quem vocês ACREDITAVAM que eu era, nunca de quem eu realmente sou. Isso explica o fato de vocês terem me virado as costas quando eu começei a ser mais sincera. Pois é... E todas as vezes que eu defendi vocês... Tenho vontade de voltar no tempo e concordar que vocês eram uns idiotas, que vocês não valiam nem um pouco a pena.
É realmente patética toda essa situação. Sempre os achei infantis mas dessa vez vocês realmente se superaram... Me sinto de volta à segunda série quando aqueles grupinhos de garotinhas mimadinhas me excluiam por não irem muito com minha cara. Ou então aqueles "amiguinhos" que eram super simpáticos quando eu estava sozinha com eles, mas em grupo fingiam que não me conheciam e sempre me deixavam de fora. Tão infantil... Sintam o nível que vocês estão. É ridículo, desculpa, mas é realmente ridículo. E eu imaginando que vocês poderiam ter crescido...
E não me venha com a desculpa que "sua mãe" que não gosta de mim e não quer que você ande comigo. Porra... e você faz tudo o que sua mãe manda?? Você deixa sua mamãe escolher quem são seus amigos? Quantos anos você tem hein criança? Cinco aninhos? Pqp... É incrível uma coisa dessas... Deixa eu te falar... Se eu ouvisse tudo o que minha mãe fala eu já teria me matado a anos. Cresça porra! CRESÇA. Me diz. Você queria ser meu amigo? ENTÃO DEVIA SE ORGULHAR DE MIM COMO EU SOU. Porque é isso que os amigos devem fazer. Não, mais uma vez, eu não sou medrosa como vocês e não vou me esconder. Ok? E nem vou ser amiga de quem tem vergonha de quem eu sou, ou quem não consegue me defender e ficar do meu lado. Isso não é amizade. É uma merda que eu não sei nem classificar.
Eu não os quero mais em minha vida, tudo bem? Chega. Com todo o respeito, vão se fuder.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dona do meu coração



Eu acho que você roubou meu coração. Só acho. Não estou te acusando nem nada, só estou desconfiada... Porque agora toda vez que eu olho para o céu, me sinto obrigada a fechar os olhos e sorrir, imaginando seu perfume ou seu corpo quente junto ao meu. Estou um pouquinho desconfiada por que quando você está longe um vazio estranho me toma e respirar fica um pouquinho mais difícil. Acho que você roubou meu coração porque estar ao seu lado me faz a pessoa mais feliz do mundo. É... você decididamente roubou meu coração. Porque agora todas as músicas me lembram você, todas as cores, todos os sorrisos, todas as crianças e todos os lugares. E eu me pego sorrindo, imaginando estar ao seu lado, tão feliz que eu sinto que a alegria não vai caber em mim. E depois triste... Porque você não está aqui agora.
Mas eu não estou querendo te acusar não! Não ligo muito você ter roubado esse meu coração todo cheio de cicatrizes... Não vale muita coisa. O problema foi que você não só roubou ele... como cuidou dele e o consertou... Depois o devolveu aqui em meu peito, quase que novinho em folha, quente e palpitante.
Se fosse só por isso tudo bem. Mas agora meu coração só quer saber de você. Acho que você o conquistou... É. Agora eu te amo... Não tem jeito.
Te avisei que seria perigoso roubar meu coração desse jeito.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Desapegada - Eu não me importo


Não, eu não me importo se você me acha feia ou bonita, louca ou normal. Não, eu não me importo mais se você me olha desse jeito tão decepcionada, como se eu devesse sempre ser uma bonequinha sem opnião, sem personalidade ou coragem para viver. Não me importo se você chora de noite ou se você reza para seu Deus para que eu mude. Não me importo se eu te machuco. Na verdade... eu gosto de te machucar. Não me importo se você está morrendo ou não, se está doente ou não. Não me importo se você acha que eu estou me perdendo, se você acha que eu estou indo para o caminho errado, se você acha que eu estou me destruindo. Sabe por quê? Porque eu nunca me senti tão viva e inteira em toda a minha vida. Em toda a minha vida eu nunca tive tanta certeza de mim mesma quanto eu tenho agora. E eu estou feliz... Feliz por finalmente estar avançado. Feliz por poder me abraçar agora e sentir que eu sou eu, simples assim, nem mais nem menos, só eu. Estou tão feliz. E é uma pena você não poder ver isso ou não querer ver isso.
Mas tudo bem. Não me importo também se você se importa ou não com minha felicidade ao invés de se preocupar só com as aparências e com o que "os outros vão dizer". Na verdade não me importo nem se você existe ou não. É... Eu sou má, né? Não tenho coração, não me apego, não tenho a mínima consideração, não demonstro carinho nenhum, amor nenhum, sou distante mesmo, sem sentimentos. E eu quero que todos vocês se fodam. Para vocês, eu nunca dei um sorriso sincero e todos os abraços que dei foram obrigados. Eu nunca quis conversar, nunca. Nunca os quis por perto, nunca quis que me vissem chorando, nunca quis que soubessem de nada. Eu nunca os procurei, nunca pedi um conselho, nunca pedi ajuda. Sempre dei um sorriso distante e respondi vagamente, como que dizendo... Me deixem em paz, estou bem aqui sozinha, eu sei me virar. Eu nunca tive uma família.
Minha culpa? Culpa deles? Não sei. Só sei que isso nunca existiu, essa coisa de família. Se eu nunca te procurei é porque você nunca demonstrou que estaria lá para mim. Se eu nunca demonstrei que precisava de você, foi para me proteger porque eu sabia que você nunca iria lutar por mim, nunca iria ouvir minhas dores e lágrimas. Não. Você nunca tentou conversar, você nunca procurou me conhecer. Você nunca sentou comigo no chão, afastou meus bichinhos de pelucia ou qualquer coisa que estivesse me escondendo e me abraçou. Na verdade eu agradeço por não ter me abraçado, eu tenho medo do seu toque. Você nunca disse que me amava. Você nunca... tentou me entender. Porque eu tenho tanto medo de você? Por quê? O que vocês fizeram comigo?
Sabe... Eu os odeio as vezes, de todo o meu coração. Vocês nunca foram minha família... Não. Meus amigos sim foram minha família (quando os tive). Ou eram... Agora não são mais. São só meus amigos mesmo. Poucas pessoas agora são realmente vitais. Acho que as coisas precisam ser assim mesmo... Afinal não posso depender do carinho e amor dos meus amigos para sempre. Eles não estão conosco para sempre. Nem te amam incondicionalmente como os pais deveriam fazer. É, acho que sou uma desapegada sem coração mesmo. Foda-se. Prefiro assim do que o que eu era antes, fraca, dependente, perdida e patética.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Eu nunca...


Eu nunca vou passar na faculdade, na verdade eu nunca vou terminar nem a escola. Eu nunca vou achar alguém que me ame exatamente como eu sou. Eu nunca vou conseguir amar alguém de verdade. Eu nunca vou poder ser quem eu sou. Eu nunca vou poder ser feliz como eu sou. Eu nunca vou achar um lugar para mim no mundo. Eu nunca vou me encaixar. Eu nunca vou ser reconhecida por nada. Eu nunca vou conseguir respeito de ninguém. Eu nunca vou conseguir dizer não para qualquer pessoa. Eu nunca vou conseguir que aguém olhe para mim. Eu nunca vou conseguir olhar para alguém e sentir que não sou inferior. Eu nunca vou conseguir coragem para parar de ir na igreja. Eu nunca vou conseguir não abaixar a cabeça quando alguém me repreende, justa ou injustamente. Eu nunca vou me amar. Eu nunca vou conseguir sobreviver a isso.
Depois de toda a força, lágrimas e sangue que eu precisei para derrubar todas essas "verdades" na minha vida, você não me venha dizer que eu nunca vou arrumar um trabalho por eu ser quem sou. Não me venha dizer que eu devo me envergonhar de mim mesma, ok? Não... Não me venha dizer que eu preciso me esconder e mentir. PORRA. Será que ninguém nunca aprende nada? O que eu preciso fazer para provar pra vocês que eu não preciso da aprovação nem desaprovação de ninguém para me orgulhar de quem eu sou? Exatamente como eu sou. Não preciso da aprovação de ninguém para provar que sou completamente capaz para ser o que eu quiser e fazer o que eu quiser também, ok?
Não... É brincadeira... Você passa a sua vida inteira lutando contra si mesmo. Quando finalmente você se concentra em lutar contra o mundo para ele te aceitar como você é e consegue... Vem uns retardados falando que você precisa ser assim e assado... AHAM. Fai se fuder vai, não vou voltar a ser uma mentira, não vou voltar a me esconder. Puta merda... Vou voar no pescoço do próximo que viver me ditando como eu tenho que ser. Porra. Cuida da merda da sua vida, se é que você tem uma né.

A Hipocrisia Familiar


As pessoas começam a chegar, tios, tias, primos, avós, pais... Todos sorrindo, se cumprimentando amigavelmente, se apunhalando gentilmente. Fala-se de tudo e de nada ao mesmo tempo, finge-se que existiu saudades, finge-se que se importam, finge-se que se é o que não é. Eu fico quieta no meu canto, sorrindo como uma estátua, entrando automaticamente atrás da máscara que eu fui criando e aperfeiçoando ao longo da vida. Eu estou bem, estou sempre bem, sorrindo, sendo gentil, educada, delicada, tímida. Não sou nada além daquela filha perfeitinha e inteligente enquanto estou ali. Faço o que você quiser, não sei dizer não. Me falta o ar enquanto eu sinto tudo o que eu sou, acredito e vivi sendo trancado dentro de mim. Eu sou ninguém ali.

Falam de mim como se eu não estivesse ali. Sou elogiada por coisas que fiz que fizeram com que eu me odiasse, sou elogiada por ser, fingir ser na verdade, o oposto do que sou. Todo mundo fica feliz quando eu não sou eu mesma. Todo mundo, menos eu. Mas quem se importa com minha opnião, não é? Está tudo bem enquanto eu ser exatamente o que se espera de mim. Nada mais, nada menos.

Então eu me lembro quando eu realmente era o que se esperava de mim, ou acreditava que era. Se acreditassem que minha vida seria uma merda, ela seria. Se acreditassem que eu fracassaria em tudo o que tentasse fazer, eu fracassaria. Se acreditassem que eu fosse me casar com qualquer cara idiota, eu me casaria. Afinal... Eu existia para as pessoas a minha volta, nunca para mim mesma. Da para acreditar nesse grau de submissão?

De qualquer jeito, eu me lembro disso... E me afasto, para o mais longe possível. Todas essas pessoas sempre me fizeram tanto mal. Quero ir embora... Sempre quis, desde que me entendo por gente. Minha ansia para fugir para bem longe só cresce a medida que vou ficando mais velha. Preciso ir embora. Quero tanto poder viver em paz e feliz, quero tanto que me deixem em paz... Que o dia em que eu possa respirar aliviada, livre e totalmente independente de qualquer pessoa chegue logo... O mais rápido possível. É o que eu mais quero.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Lar, nem tão doce lar.



"E ele continua: 'Uma superstição popular da América do Norte é a de que as crianças são o bem mais valioso e de que o núcleo familiar é o melhor lugar onde podem crescer. Para inúmeras delas, isso não passa de uma grande mentira. O núcleo familiar é para muitas crianças norte-americanas uma zona de guerra em que sofrem abuso físico e sexual - um Vietã particular.'
(...)
Em minhas passagens por lúgubres hospitais psiquiátricos, conheci mulheres jovens que, como eu, foram sexual, emocional e fisicamente abusadas - palavras mais leves para 'estupradas, silenciadas, chutadas e estranguladas, com o corpo usado como saco de pancadas e a carne como cinzeiro'. Lembro-me das mulheres espancadas e confusas do abrigo de Liverpool, e nunca me esquecerei do grito primal que irrompeu através dos corredores do Saint Thomas quando imobilizaram Sophie para lhe dar um tranquilizante. Seu crime? Ela teve dois filhos do pai.
Quem está cuidando dos filhos de Sophie enquanto ela está na ala psiquiátrica? Seu pai/avô? Sua mãe distraída? As babás de uma creche? Estarão os filhos de Sophie vivendo em uma zona de guerra? Será que o doutor Ross estava correto ao dizer que nossa sociedade ficou ainda mais doente?" - Trecho do livro "Hoje eu sou Alice" de Alice Jamieson
Acho difícil falar sobre abuso sexual infantil... Já fiz um post sobre isso, mas foi totalmente baseado em pesquisas, em nenhum momento deixei meu lado sensível falar. Tem alguns assuntos que parece que não se fala... Alguns assuntos que sinto como se não pudesse falar, como se fosse errado. É engraçado porque esse é um dos pensamentos que permite que isso continue acontecendo cada vez mais. É preciso falar. Mas é difícil, não é? Experimentem colocar "abuso sexual infantil" no google imagens e dêem uma olhada nos rostos daquelas crianças. É triste de mais... Aliás a palavra "triste" não descreve nem de longe o que eu sinto sabendo que coisas como essa acontecem toda hora, com milhões de crianças e continuam acontecendo e acontecendo. É duro admitir que coisas assim acontecem... É pior ainda admitir que não só acontecem como na maioria das vezes vem de alguém de deveria supostamente proteger e amar a criança.
Falar sobre abuso sexual infantil é um tabu. Ninguém quer falar sobre isso, ninguém quer olhar para uma família aparentemente perfeita e descobrir os segredos e monstruosidades por trás das mascáras. Ninguém quer olhar para um padre, ou alguma outra pessoa qualquer de respeito e imaginar o que ele faz quando está sozinho com alguma criança. Ninguém quer imaginar que talvez aquela garotinha, perfeita, risonha e boazinha, possa estar sendo abusada. Ninguém quer encarar essas verdades. É doloroso de mais. Tudo fica mais fácil quando não falamos sobre isso. Ninguém precisa saber. É o nosso segredinho, certo? Se você contar isso para a mamãe ela vai ficar triste. A mamãe não vai mais gostar de você se você estragar a brincadeira. Boa menina. Boa garotinha...
Eu sei o quanto é difícil para uma criança contar o que está acontecendo com ela... Então meu apelo vai para as pessoas a sua volta. Pais, tios, professores, babás, qualquer adulto minimamente decente que tem contato com uma criança. Por favor... Por favor... Não ignorem os fatos, acreditem em suas crianças, leam o que os olhos delas dizem, estejam atentas a seus medos, conversem, expliquem, pelo amor de Deus, expliquem para as crianças que ninguém, absolutamente ninguém pode fazer aquilo com elas, expliquem que é errado e que ela precisa contar se isso alguma vez acontecer, porque não pode acontecer. Principalmente crianças pequenas... Crianças pequenas não têem como saber se aquilo é normal ou não se ninguém as ensiná-las.
Eu sei que muitas vezes nem tudo isso vai ser capaz de impedir que o abuso aconteça, mas imagino que se as pessoas tomarem mais conhecimento que isso acontece sim e é muito mais comum do elas pensam... Muitas crianças possam ser salvas. Elas realmente precisam ser salvas... O meu desejo era poder abraçar todas elas e tirá-las para sempre dos braços daqueles monstros. Mas se as coisas fossem simples assim... De qualquer jeito. Saibam disso e tenham os olhos e acabeça bem abertos.
Eu li no mesmo livro que segundo as estatisticas, 2 a 3 alunos de cada classe de 30 estudantes na América, já foram, estão sendo ou serão abusados sexualmente. Já experimentou, sentado na sua classe, pensar nisso? E pode ter certeza que no Brasil a coisa é ainda pior. E pode ter mais certeza ainda que isso é só a ponta do iceberg. A grande maioria dos casos nunca sai das bocas silenciadas dessas crianças. Pense um pouquinho nisso.

Conversas que nós nunca teremos


(porque eu nunca digo o que eu estou pensando...)
Pai: Você apanhava na escola... quando era pequena?
Filha: Não pai. Eles nunca precisaram me bater para conseguirem o que queriam. Você me ensinou bem a ser uma boa garotinha.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Sainda do armário



Bom... Esse ano eu surtei, dei a loca, quis me matar, me afundei, tive crises e mais crises de tudo o que eu tinha direito, sobrevivi a base de terapia e tarja preta e... finalmente, sai do armário! Obviamente foi da forma mais doida e inesperada possível. Irritei meio mundo, assustei outra parte e quase ninguém acreditou de primeira em mim. É claro que não iriam acreditar. Afinal eu mesma consegui me enganar por um bom tempo, enganar os outros também não é muito difícil (desculpem a decepção... mas sim, eu sei mentir e muito bem se minha vida depender disso lol). O fato é que eu simplesmente não podia contar nada para ninguém. Eu estava confusa de mais, perdida de mais para ter certeza se quer se eu continuava viva em meu corpo, que dirá quanto a sexualidade que sempre foi um problema e tanto na minha vida. Maaas, isso tudo passou. E hoje estou aqui para deixar que vocês me conheçam um pouquinho mais, de verdade dessa vez. Talvez vocês consigam me entender agora.

Sempre fui uma menina esquisita... Isso é fato. Tímida de mais, absolutamente perdida. Quando pequena eu odiava as outras meninas, alias durante grande parte da minha vida eu guardei uma irritação injustificava de quase todas as garotas. Eu gostava de andar com os meninos. Me identificava com eles, gostava de brincar do que eles brincavam e tê-los como amigos... Não, não gostava das meninas, todas frescas com suas bonecas e coisas cor-de-rosa. Mas eu não era um menino. Por mais que me esforçasse e tentasse me encaixar (passava dias e dias treinando futebol para conseguir ser tão boa quanto os outros garotos) eu era uma menina oras... Eu não era vista com igualdade pelos outros meninos. Eu era fraca e feminina de mais para ser vista como um deles e forte, desajeitada e muleque de mais para ser vista como uma amiga pelas outras garotas. Daí vem minha sensação de nunca se encaixar em lugar nenhum.

Bom... Viver no meio de muleques não é uma boa idéia quando se é uma menina. Tem que ser muito macho para conseguir botar respeito em um bando de mulequinhos descontrolados. Eu não era macho. Eu era só uma garotinha que gostava das mesma coisa que eles gostavam! Mas ainda sim uma garotinha. Tive muitas experiencias ruins com meninos quando pequena. Principalmente com os mais velhos e os mais problemáticos. Coisas que foram contribuindo para que eu me sentisse cada vez mais tímida, fechada, perdida, diferente, submissa e fraca. Quando digo que sou fraca... muitas vezes eu não estou dizendo no sentido psicológico, estou falando no sentido físico mesmo. Sou fraca de mais para conseguir manter os homens longe de mim e eu sei que por mais que eu queira, eu nunca vou ser forte o suficiente. E o problema é que eu não quero ser forte! Entende? Não quero ser um homem! Não, eu gostava de ser menina! Só não gostava que os meninos me tratassem como menina, a bonequinha deles, o brinquedo. Não sei se vocês estão conseguindo me entender... mas tudo bem.

Enfim. Os garotos me deixaram muito claro onde era meu lugar. Submissa a eles. E como eu odiava isso... Como eu odiava ter que abaixar a cabeça toda a vez que eles se aproximavam e rezar para que não fizessem nada, como eu odiava... Odiava quando o jogo acabava, quantos gols eu tinha feito? Não importava, eu era uma menina, eu era sortuda só isso, sorte... Ela sempre tá no lugar certo para chutar a bola, mas no corpo a corpo até o vento ganha dela. Eu me lembro... eu era ou goleira ou artilheira, lembro de estar sempre machucada, eu não me importava de me machucar, a única coisa que me importava era fazer gol ou defender o gol. Quantas vezes sai sangrando daquela quadra? Nem me lembro. Mas eu era feliz quando jogava, era jogando o único momento que eu sentia que fazia parte de alguma coisa, me encaixava em algum lugar... Apesar de eu detestar quando o jogo acabava e eu deixava de ser a jogadora para ser a garotinha. De qualquer jeito... Fui crescendo assim.

Nessa época que só andava com meninos quase não tinha nenhuma amiga menina, mas com o tempo eu não pude mais jogar bola com os muleques... Eles estavam crescendo, ficando cada vez mais fortes e perigosos, no fim fui forçada a tentar pelo menos alguma amizade com meninas. Garotas são complicadas... Mas eu passei a gostar delas, não de todas... Eu tinha um ódio recíproco por uma garota em especial do meu prédio, o nome dela era Aline... Absolutamente linda, perfeitamente mimadinha e irritante. Eu me sentia intimidada com a beleza dela... é. Enfim. Eu nunca desconfiei que poderia gostar de garotas até uns 12 anos de idade eu acho. Simplesmente porque eu não sabia que era possível homem gostar de homem ou mulher gostar de mulher lol (entendam que eu venho de ma família absurdamente religiosa e que isso é um tabu). Quando soube da existência dos gays, eu só soube dos homens... Gays, garotos afeminados, fim. Sapatão? Já tinha ouvido minha vó falar uma vez ou outra eu acho, com desprezo, mulheres machonas... Mas até ai eu não sabia que essas mulheres poderiam gostar de outras mulheres. Quero dizer... Isso para mim não existia. Era totalmente fora da minha realidade. Deus fez o homem e mulher, certo? Não a mulher e a mulher.

Fui crescendo, arrumei uma melhor amiga no meu prédio... Uma que eu amava de paixão. Fazia tudo por ela, tudo (e isso inclui brincar de boneca e essas coisas de meninas, na verdade foi ela que me ensinou a brincar de boneca...). E algumas outras amigas na escola... Chorei muito por essas amigas da escola, elas viviam me magoando sem dó nem piedade. Garotas são crueis. Eu obviamente era o saco de pancada delas, para variar. Alias eu sempre fui o saco de pancada de todo mundo. Enfim... Lá estou eu, com 12 anos. Vendo pela primeira vez um beijo lésbico na internet... E então a confusão começou. Fiquei pela primeira vez com um garoto, meu melhor amigo, e eu nem sei porque. O fato é que fiquei com ele e surtei. Obviamente. Era engraçado como eu "ficava" com ele na escola e em casa via o clipe da Tatu, all the thinks she said, incansávelmente. E nem me tocava que talvez, só talvez o que eu estava sentindo pela minha amiga fosse um pouco mais do que amizade. Bom, eu passei a odiar esse meu amigo sem explicação nenhuma, terminei com ele, terminar é pouco, eu quebrei seu coração sem nem pensar duas vezes, só para ter certeza que ele nem pensaria mais em chegar perto de mim.

Eu ficava com garotos, sabendo que era isso que eu deveria fazer, encontrar um garoto. Nada mais do que isso. Bom, na verdade eu fiquei com poucos garotos, uns 4 só acho... Eu geralmente preferia escolher um e botar na minha cabeça que ele era perfeito, exatamente aquele, aquele mesmo, o mais inalcansável possível e distante. Geralmente era assim. Eu me "apaixonava" pela personalidade de um ou outro, olhava como as garotas ficavam animadas ou excitadas na frente de meninos e não entendia muito bem, mas fingia que sentia atração também. Na verdade eu nunca soube o que era exatamente atração física até o começo desse ano. Bom... E assim as coisas foram indo... confusas e desencaixada. Eu ainda não entendia qual era a porra do problema comigo. Até que eu fiquei um menino, o último menino que eu fiquei... E com ele as coisas foram diferentes, foram longe de mais, eu não tive o controle que tinha conseguido das últimas vezes, não... Ele foi longe de mais e desesterrou todos os meus traumas e medos em um dia só. Foi ai que as coisas começaram a desandar de vez... Eu me perdi, no labirinto confuso que eu sou. E fui me afundando cada vez mais no meu inferno particular...

Enfim... Começo do ano. Estou relativamente bem ainda, animada com o começo das aulas, quero estudar para passar no vesbular, tenho um objetivo para lutar. Minha animação não dura quase nem uma semana... Vou piorando aos pouquinhos, sempre piorando, chego no fim do poço nas férias de julho. Me corto quase todos os dias... Não me importo com mais nada, tenho certeza absoluta que não vou sobreviver até o final do ano... Na verdade não me importo muito se vou sobreviver ou não. E então... Uma pessoa começa a me chamar atenção... Já chamava atenção antes, mas agora é diferente. Uma amiga, ela se preocupa comigo, limpa meus cortes, faz curativos, conversa comigo incansavelmente, quantas vezes for necessário para me tirar, nem se for só por alguns momentos da escuridão que eu estava. Eu tentava mentir para ela sobre os cortes, mas ela sempre acabava descobrindo que eu havia feito de novo, eu gostava quando ela cuidava de mim... ou quando conversava comigo sozinha... Fazia eu me sentir estranhamente bem, bem como ninguém mais conseguia. Eu me policiava para não olhar muito para ela, tinha medo que ela visse nos meus olhos o que eu sentia, ao mesmo tempo queria que ela pecebesse. Queria que ela gostasse de mim também e tomasse a iniciativa, mas ela nunca deixou parecer que quisesse algo a mais além da amizade.

Bom, então eu cansei. Estava cansada comigo mesma, estava cansada de dar voltas em mim mesma sem nunca entender o que eu era e o que eu queria, estava cansada de ver as pessoas preocupadas comigo, estava cansada de ser um peso e me fazer de vítima... Então eu pensei... "pqp, que se foda essa merda, to apaixonada por ela, pronto, admiti, tarde de mais para voltar atrás." e falei para ela que gostava dela, em um dia meio doido e impulsivo. Assim "do nada" porque eu nunca havia falado para ninguém que eu talvez estivesse me apaixonando por ela desde lá o começo do ano. Assim "do nada" porque vocês não sentiram na pele a confusão sem respostas que foi a minha vida inteira. O fato é que a dúvida sempre esteve comigo... E eu tentei, juro que tentei de todos os jeitos possíveis ficar com um garoto, tentei até quase me destruir, mas tentei. Mas... Seria mentira se eu não dissesse que a coisa mais certa que eu já fiz na minha vida, foi ter admitido para mim mesma naquele dia, que estava apaixonada por ela.

É engraçado agora como tudo parece se encaixar e fazer sentido... Todos aqueles sentimentos confusos e atropelados que eu nunca entendi direito, agora parecem tão mais claros. É engraçado como parece que eu encontrei meu lugar finalmente... Lugar que eu nunca pensei que pudesse existir. Bom... Acho que essa é a história contada meio nas cochas de como eu sai do armário. Eu ainda não sai totalmente do armário, porque por mais que meus pais desconfiem, eu ainda não admiti para eles. E acho que não pretendo admitir por ainda um bom tempo. Mas eu acho que o passo mais importante para a felicidade de pessoas como nós é sair do armário para nós mesmos, admitir para si mesmo e aceitar o que você é.

Acho que é uma questão de auto-conhecimento, sabe? Pessoas que se conhecem muito bem, têem certeza desde cedo que são homossexuais. Mas não é assim com todo mundo. Para muitas pessoas a resposta não estão assim tão clara desde cedo. A unica coisa que temos certeza é que tem algo "errado" ou diferente em nós e não entendemos porque, nem o que exatamente é. De qualquer jeito, depois de admitir para si mesmo, o primeiro passo é contar para pessoas de sua confiança... Até porque é uma carga muito pesada de se carregar sozinho. Eu tenho sorte de ter minha namorada... Muita gente não tem um companheiro para contar com e é difícil saber como seus amigos vão reagir. De qualquer jeito, insentivo as pessoas a serem sempre elas mesmas. É solitário fazer da sua vida um segredo, sempre se policiando e desconfiando das pessoas. Bom, por experiencia própria, minha vida está indo de vento em polpa desde que desisti de tentar ser o que não sou. É isso ai, get out of the closet!

Aos desencaixados


Essa é para aqueles que não se encaixam, para os que andam perdidos, para os que pensam que não possuem lugar no mundo, para os discriminados, incompreendidos e taxados. Essa é para os que se sentem sozinhos e para os que choram, para os que pensam que não podem contar com ninguém:
Você vai encontrar seu lugar!
Acreditem em mim quando digo que vocês não são os únicos que passam por isso, acreditem quando digo que não estão sozinhos, porque realmente não estão! Acreditem quando eu digo que as coisas vão melhorar. Acreditem quando digo que por mais que hoje tudo esteja dando errado, por mais que hoje você pense que o mundo te odeia por você ser quem é, por mais que você se sinta errado... Se você lutar por isso, um dia as coisas vão se encaixar. Talvez agora você não consiga ver isso, talvez agora não exista luz no fim do seu tunel (no meu também não tinha), mas sabe... Tente não desistir, de todo o coração, nunca desista. As coisas passam, o mundo da voltas e quando você menos esperar... Lá vai estar você, se levantando onde todos pensavam que você desistiria, vencendo onde só havia derrota, lá vai estar você brilhando quando todo mundo tiver deixado de acreditar.
Sabe por quê? Porque são pessoas como nós, perdidas, esquisitas, revoltadas, diferentes, inquietas e desencaixadas que fazem a diferença no final. São de pessoas como nós, aparentemente fracassadas e frageis, que nascem os grandes escritores, os grandes pintores, grandes gênios e poetas, ativistas, inventores e sonhadores por fim. Não digo que todos os esquisitos são de alguma forma gênios, claro que não! Mas digo que são diferentes e mais, que trabalhem suas diferenças! Escreva, fale, desenhe, pinte, discurse, tenha idéias e mais idéias, trabalhe sempre o que você sabe fazer de melhor. Um dia você ainda vai brilhar. Continue sonhando e sonhando sempre, cada vez mais alto.
Você vai cair, vai se decepcionar e terá muitos obstáculos pela frente. Terá que renunciar muitas coisas, fazer muitas escolhas... Mas não pare, não desista! Corra sempre atrás do que você mais sonha, independente de qualquer coisa ou qualquer pessoa. Vá, viva sua vida. Mude o mundo a sua volta, você pode. É claro que pode... O mundo é dos que possuem grandes sonhos e grandes atitudes. Vá com tudo! A gente se encontra lá no pódio.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Despedidas - Isso não é um adeus.



Eu não gosto muito de férias... As coisa deixam de fazer sentido quando eu entro de férias. Eu não sei mais porque eu acordo, porque eu me visto, porque eu saio da cama e ando perdida pela casa sem saber o que fazer. O tempo, que sempre foi algo imprevisível e instável para mim, se torna totalmente irreal... E os dias, horas, semanas se confundem quando eu não tenho nenhuma atividade fixa. E pior, as pessoas se afastam, eu me afasto, por um motivo ou outro, viajens, programas, estudos, fazendo com que eu me sinta cada vez mais solitária.
Não sei lidar muito bem com a solidão ainda. Eu e minha namorada estamos em um clima de despedidas que sempre me deixa desesperada quando ela vai embora, mesmo que eu tenha certeza que no outro dia eu ainda vou vê-la. As vezes 2 meses e meio parece tempo de mais... De qualquer jeito, não tem como evitar isso. Só espero que ano que vem as coisas melhorem e eu possa vê-la mais vezes. Eu sei que é um bom tempo, mas isso não é um adeus ok? Vou continuar ao seu lado para sempre enquanto você me quiser. E.... até ano que vem! Vou estar te esperando.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Consequências


Foi estranho como ontem... pela primeira vez eu realmente senti o peso de ser quem sou e não esconder mais isso para o mundo. Senti vontade de chorar, enquanto te abraçava e tentava ignorar as vozes que nos xingavam, senti vontade de chorar... E por um instante eu realmente senti vergonha por ser assim, por um instante eu realmente acreditei que de alguma forma inexplicável era errado para mim amar. Errado e ruim... Por que se não fosse, porque as pessoas estavam nos tratando assim? Por que nos xingavam e nos odiavam sem nem nos conhecerem direito? As vezes é difícil para mim enxergar que algumas pessoas são simplesmente idiotas... É difícil para mim ver o quão má uma pessoa pode ser sem motivo nenhum. É algo que eu realmente não consigo entender. Tive vontade de desaparecer com você, por que eu senti como nunca que não me encaxava naquele lugar... Onde eu não poderia ficar com a pessoa que eu amo sem ter que enfrentar o peso da opnião da maioria das pessoas ali. Quero dizer... Se o mundo é um lugar onde eu não posso ser eu mesma e ser feliz exatamente como eu sou, acho que não quero viver nesse mundo... Eu costumava pensar muito nisso desde lá pelos meus 12 anos e isso voltou com tudo naquele momento na festa.

Mas foi só por alguns instantes... Não é muito difícil ignorar o mundo a volta quando estou com ela, muito menos quando o mundo a volta parece confuso e agitado de mais para se dar atenção. Então eu curti a festa, apesar que a cada instante que ela me deixava sozinha eu sentia um aperto no coração e um medo absurdo de uma de nós duas ser cercada e apanhar. Sério.
Mas a questão é... Isso acontece, sabe? Toda hora, em qualquer lugar... Alguns poderiam dizer que a escolha foi minha e que eu só poderia esperar por isso mesmo por não manter em segredo, e realmente, a escolha foi minha, mas eu acho que eu tenho o direito de esperar o mímino de respeito. Eu realmente não acredito que as coisas devam ser assim, não acredito que "isso" tenha que ser um segredo, uma vergonha.... Por que deveria? Quero dizer... Pense... Imagine se namorar quem você namora fosse "errado", imagine que você não pudesse beijar quem você ama nunca em lugar nenhum sem correr o perigo de ser vítima de preconceito, imagine ouvir todos os dias da boca de seus pais o quanto eles te odeiam... simplesmente porque você ama alguém e não pode fazer nada para impedir que esse sentimento exista. Pense um pouco. Se coloque em nosso lugar. Acha isso justo? Independente de religião, de ideologias ou seja lá o que for... Acha justo tratar alguém com tanto ódio só porque ela ama uma pessoa que, "infelizmente", não é do sexo oposto?
Sinceramente, se você acha isso justo... Sei lá... Eu acho que seu filho deveria nascer gay e esfregar isso bem no meio da sua cara nojenta :D Porque nada mais justo né... É fácil sair criticando, matando ou seja lá o que for, quando essa pessoa não é a que você mais ama na Terra. Pensa um pouquinho antes tá? Se você não consegue gostar de gays ou ter o minimo de compaixão, tudo bem! Mas antes de xingar ou bater em um ou seja lá o que for, pense... Poderia ser filho, seu irmão, seu primo... ok? Respeite. É o mínimo que você pode fazer e o máximo que nós pedimos e lutamos por.