"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

terça-feira, 28 de junho de 2011

O outro lado





Sabrina é inteligente... Ela se orgulha disso, faz com que ela se sinta menos inútil. Eu quase sempre a atrapalho, mas mesmo assim, mesmo o mundo estando desabando a sua volta ela consegue ir bem na escola (e agora na faculdade). É engraçado porque eu tenho certeza que ela não vai conseguir terminar seu curso, mas mesmo assim ela vive me enfrentando, as vezes penso que ela está aprendendo a ser forte comigo, o que não é verdade. Sabrina é uma menina extremamente fraca, indefesa e sensível, quando alguém nos machuca, ela chora enquanto eu planejo vinganças cruéis, ela chora mais quando escuta meus planos, as vezes ela se corta para me punir, ela diz que não podemos ser maus. Ela não quer ser uma menina má, ela sempre quer ser perfeita, ela acredita que se for perfeita as pessoas vão amá-la. Ela é muito inocente... Apesar da sua inteligência para coisas racionais ela tem a maturidade de um bebê em se tratando de inteligência emocional. Ela não consegue enfrentar as dificuldades mais simples, não sabe lidar com criticas nem absolutamente nada.


Eu não... Eu sou diferente. Não sou dependente como a Sabrina, não choro quando alguém me machuca, não choro quando alguém me abandona, não sofro pelo que os outros pensam de mim. Não... Eu destruo essas pessoas, as mato em minha mente e pronto. Sou extremamente vingativa e cruel. As vezes obrigo a Sabrina a se cortar para ela deixar de ser idiota, o que não adianta muito, como eu disse ela é muito burra emocionalmente. Tanto eu quanto a Sabrina sofremos com os sintomas do nosso transtorno, o único momento que deixamos de brigar uma com a outra é quando as coisas começam a fugir do controle. Nos unimos e fazemos um acordo, eu permito que a Sabrina, por ser fraca, se encolha dentro da mim para que eu possa assumir o comando. Quando eu assumo o controle a responsabilidade de fazer com que a Sabrina melhore é enorme, eu posso fazer qualquer coisa para isso. Desde me machucar o suficiente para que o fluxo de energia reviva a pequena e quebrada alma dela, até machucar as pessoas a minha volta.


Eu a odeio tanto quanto a amo, ela é meu oposto. Eu odeio seu jeito infantil e frágil, odeio o fato dela não conseguir se mexer para nada, o jeito como ela chora sozinha de noite, ou como pensa que todos a odeiam, odeio a dor que ela sente, como um buraco negro em seu peito. Mas ao mesmo tempo... Amo protege-la, não sou exatamente a pessoa ideal para fazer isso, também tenho uma inteligência emocional baixíssima, também sofri as mesmas coisas que ela. Mas ao menos sou mais forte, ao menos sou capaz de machucar as outras pessoas, enquanto a Sabrina não teria coragem de fazer mau a uma mosca. Para mim só existe duas pessoas no mundo, eu e ela. Para ela não, ela não se contenta só comigo, na verdade ela me odeia, tem medo de mim, ela quer que eu vá embora, mas sabe que não sobreviveria sem mim. Eu sou um mau necessário. Sem mim a pequena Sabrina muito provavelmente já estaria morta a um bom tempo... Ela é tão inteligente... Mas simplesmente não nasceu com força suficiente para enfrentar a vida, ela não sabe, não consegue. Toda a vez que ela cai sou eu quem a faz levantar, sou eu quem a revive a cada tombo mais feio, sou eu quem a empurra para seguir em frente.


E lá vai ela, tropeçando, se perdendo, caindo, se arranhando, rastejando. Pobre garota... O que seria dela sem mim?

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