"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

terça-feira, 22 de junho de 2010

Transtorno de Personalidade Limítrofe - Borderline



Bom... Hoje eu decidi falar, finalmente, sobre esse transtorno que tanto me atormenta. Já citei ele em alguns posts, então vocês provavelmente já sabem que borderline significa fronteiriço, fronteiriço se refere ao limite entre a neurose a psicose (popularmente chamada de loucura).

Há vários tipos de borderlines, como os com predomio de caracteristicas de esquizofrenia e paranóia, os distímicos (depressivos), os anti-sociais (perversos) e os neuróticos (transtorno obsessivo-compulsivo, fobias, etc.).

É um transtorno que atinge muito mais mulheres do que homens, cerca de 75% dos casos, e se manifesta no início da idade adulta, com episódios de sério descontrole afetivo e impulsivo. É alto o risco de suicídio nos primeiros anos da idade adulta, mas com o tempo esse risco vai diminuido e com cerca de 30 ou 40 anos a maioria dos Borderlines adquire maior estabilidade em seus relacionamentos e funcionamento profissional.

Na comparação da psicóloga Marsha Lineha, os Fronteiriços são como os pacientes de queimadura de terceiro grau, não possuem nenhuma "pele emocional" para protegê-los. O mais leve toque ou movimento pode causar-lhes muita angústia. São pessoas que vivem o tempo todo mergulhadas em tempestades emocionais. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline têm um padrão de relacionamentos instável e, ao mesmo tempo, intenso. Na vida a dois, eles podem desenvolver intenções de protetores ou amantes já no primeiro ou no segundo encontro, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhem detalhes extremamente íntimos ainda na fase inicial de um relacionamento. Essas pessoas podem sentir empatia e carinho por outras pessoas, entretanto, tais sentimentos são frutos exclusivos da expectativa de que a outra pessoa estará lá para atender suas próprias necessidades de apoio, carinho e atenção.

Pode haver no Borderline, uma rápida passagem da idealização elogiosa para sentimentos de desvalorização, por achar que a outra pessoa não se importa o suficiente com ele, não dá o bastante de si, não se mobiliza o suficiente. Portanto, são insaciáveis em termos de atenção. Eles são inclinados a mudanças súbitas em suas opiniões sobre os outros.

A inconstância do Borderline se observa também em relação ao juízo que tem de si mesmo e de sua vida. Ele pode ter súbitas mudanças de opiniões e planos acerca de sua carreira, sua identidade sexual, seus valores e mesmo sobre os tipos de amigo ideal.

Os indivíduos com este transtorno exibem impulsividade em áreas potencialmente prejudiciais para si próprios, tais como nos esportes, nos jogos de azar, no consumo de tabaco, álcool, drogas, etc. Eles podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso, abusar de substâncias, engajar-se em sexo inseguro ou dirigir de forma imprudente. As pessoas com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou comportamento auto-mutilante .

O suicídio completado costuma ocorrer em 8 a 10% desses indivíduos impulsivos, e os atos de auto-mutilação também impulsivos, como por exemplo, cortes ou queimaduras também são comuns. Esses atos auto-destrutivos geralmente são precipitados por ameaças de separação ou rejeição, por expectativas de que assumam maiores responsabilidades ou mesmo por frustrações banais.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar instabilidade afetiva, devido a uma acentuada reatividade do humor, como por exemplo, euforia ou depressão (disforia) episódica, irritabilidade ou ansiedade, em geral durando apenas algumas horas. O humor disfórico (euforia ou depressão) dos indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline muitas vezes é acompanhado por períodos de raiva, pânico ou desespero.

Essas pessoas ficam facilmente entediadas, não aceitam bem a constância ou mesmo a serenidade, e podem estar sempre procurando algo para fazer. Os sentimentos agressivos dessas pessoas não costumam ser dissimulados e eles freqüentemente expressam raiva intensa e inadequada ou têm dificuldade para controlar essa raiva. Eles podem exibir extremo sarcasmo, persistente amargura ou explosões verbais. Por outro lado, essas expressões de raiva freqüentemente são seguidas de vergonha e culpa e contribuem para o sentimento de baixa auto-estima.

O quadro clínico, onde é baseado o diagnóstico, é formado por:

1- Angustia

É crônica e difusa. Trata-se de um afeto contínuo e surdo mas que, no obstante, pode se manifestar como uma crise de angústia aguda e com sintomas somáticos correspondentes. Pode sobrevir uma crise histérica com comprometimento de todas as funções psíquicas, juntamente com manifestações somáticas variadas, tais como vertigem, taquicardia e outros característicos do Transtorno de Ansiedade Aguda.

A desrealização e a despersonalização aparecem como extremos dessas crises, também acompanhadas de sintomas somáticos. É uma angústia ligada à perda de sentido, tal como foi observada por Freud quando diante de perspectivas ou ameaças de separação.

2- Incapacidade para sentir

Às vezes o paciente experimenta a consciência de um vazio afetivo, despersonalização e incapacidade para sentir emoções. Outras vezes encenam episódios do tipo histérico, com reações emocionais exageradas, ingerem álcool ou drogas, cometem delitos ou têm relações sexuais patológicas para libertar-se da sensação de vazio existencial.

Ainda que não consigam experimentar emoções genuínas, também não podem suporta-las caso existam. Protegem-se contra os sentimentos mantendo as relações em um nível superficial ou mudando freqüentemente de trabalho, de amigos ou do lugar onde vivem.

Isso pode explicar a grande instabilidade dos pacientes Borderlines.

3- Depressão

A depressão do Borderline se caracteriza, basicamente, por sentimentos de vazio e solidão. A diferença do que ocorre no verdadeiro depressivo, no qual existe medo da destruição do objeto amado, no caso do Borderline ha explosões de ira ou raiva contra o objeto considerado frustrante.

(Eu não entendi isso... O que ele quer dizer com o "verdadeiro depressivo"? Oo até agora não li nenhum depressivo falando que tem medo de que a pessoa que ama morra... Isso é um medo meio normal, não? Enfim...)

4- Intolerância a solidão

A intolerância a estar só se manifesta como um afã de prender-se vorazmente, através da voz ou da presença física do outro, ou em determinados casos por intermédio do objeto droga, álcool ou alimento, segundo seja a adicção, como tentativa frustrada de supressão da falta. Na realidade, toda tensão de separação é intolerável ao Borderline, produzindo as condutas de aderência exagerada ao objeto.

É como se o Borderline tivesse um medo absurdo de si mesmo, não podendo ficar nunca sozinho.

5- Anedonia

É a incapacidade de sentir prazer. Existe sempre no paciente Borderline uma insatisfação permanente e manifesta, uma frustração constante e os objetivos de prazer que pretendem nunca chegam consegui-los, são para eles, inalcançáveis. Ou, pior ainda, quando são alcançados, perdem valor imediatamente. No pacientes Borderline a tendência a evitar o desprazer se faz mais forte que a busca do prazer.

6- Neurose poli-sintomáticas

Fobias multiplas, TOC, histerias, fugas, amnésias, hipocondria e exagerada preocupação com a saúde, não só corporal, mas mental também. Descrevem minuciosamente seu mal-estar, com reações e sensações esdrúxulas. É comum o medo de enlouquecerem. E, por fim, descontrole dos impulsos (alcoolismo, bulimia, anorexia, drogas, etc).

7- Tendências sexuais não-normais

Podem coexistir varias tendências em forma de fantasias ou de ações. As formas bizarras de sexualidade, principalmente as que manifestam agressão ou substituição primitiva dos fins genitais, tais como atitudes eliminatórias (urinar, defecar). Às vezes a homossexualidade pode funcionar como defesa contra a sensação e a ansiedade de abandono.

A homossexualidade costuma representar a busca de gratificação das necessidades orais. Pode também manifestar relações homossexuais sadomasoquistas e promíscuas.

8- Episódios Psicóticos Breves

Aqui se incluem a desrealização e despersonalização. As idéias de auto-referência e os quadros paranóides predominam nesses Episódios Psicóticos Breves. As manifestações clínicas seriam: transtornos paranóides, depressões com idéias de suicídio, Episódios Maníacos, quadros de automutilação. Esses episódios agudos costumam ser reativos, normalmente à ruptura de algum vínculo.



É claro que nem todos os Borderlines apresentam todas essas caracteristicas, cada caso é um caso. Enfim, isso é o Transtorno de Personalidade Limítrofe... Na minha opnião um dos piores transtornos mentais que eu conheço, um dos mais assustadores.

Para resumir:

*Sensação contante de vazio

*Acessos injustificados de raiva

*Alternancia constante de humor

*Relações interpessoais instáveis

*Comportamento impulsivo

*Idéias frequentes de automutilação

*Episódios de paranóia

*autoimagem instável

*Esforços desmedidos para evitar abandonos

Bom, é isso... É preciso tomar cuidado com essas pessoas, ter muita paciencia e, principalmente, procurar ajuda especializada. Por mais que pareçam vítimas, os Borderlines muitas vezes machucam mais as pessoas que eles amam do que são machucados. Mas eu diria que a maior vítima e o maior agressor é ele mesmo.

Aqui vai um video muito bom sobre o assunto, explicando perfeitamente como eles se sentem (alias, a música do video é minha preferida): Clique aqui.

Até outro dia.

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