"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 5 de junho de 2010

Antidepressivos - Afinal, funciona?


Deixa eu ver como eu posso começar a falar sobre isso... Bom vou começar contando a minha experiência com meu psiquiatra.

Esse ano foi a primeira vez que eu entrei em um consultório psiquiatrico, não que a dor seja novidade, nunca foi para falar a verdade... Mas esse ano tem me preocupado bastante.

Eu quis ir ao médico com a idéia de que ele pudesse resolver todos meus problemas, sabe? Ou ao menos que ele pudesse apontar onde está o problema e o que eu devo fazer para superá-lo e eu queria que ele me dissesse isso especialmente porque eu estou em um ano meio complicado na escola, vestibulares se aproximando e tudo o mais. Eu não queria que meu emocional me atrapalhasse como sempre atrapalhou. Eu NÃO posso deixar que nada me atrapalhe esse ano. E lá vou eu... Não sei se algum de vocês já pisaram em um consultório psiquiatrico, mas eu vou te dizer uma coisa, esquece as imagens que os filmes fazem dessas consultas. Não tem nada a ve.

O psiquiatra é um psiquiatra, um médico, não um psicólogo entendem? Ele não vai conversar com você tentando te conhecer e ser seu amigo, não. Eu me senti como se ele estivesse tratando de... sei lah, uma gripe e não depressão. Sério mesmo, parece que você está com uma doença como outra qualquer, simples assim, parece que ele não procura te entender como pessoa, ele só está procurando doenças e como tratá-las, exatamente como um outro médico qualquer. O que me decepcionou terrivelmente, óbvio.

Ele faz perguntas e mais perguntas e no fim chega ao diagnóstico. Depressão, no meu caso. É obvio que ele ainda não sabe exatamente que tipo, nem muito bem qual a intensidade, é impossível saber tanto em uma consulta. Mas os sintomas são claros e ele disse que não pode ignorar isso. E me receitou um dos famosos antidepressivos (lê-se drogas...).

Quase cai da cadeira quando ele me receitou, literalmente entrei em pânico. A dose é baixa, porque como eu já disse ele não sabe ainda qual meu tipo de depressão, estou na fase de tentativa e erro até encontrarem uma dose que funcione para mim (vária muito de pessoa para pessoa). Mas mesmo assim é assustador né? Sabe o que eu sinto? Que com isso eu vou estar fugindo de meus problemas... Me dopando, anestesiando minha dor e não resolvendo ela de fato. E eu odeio isso, odeio fugir dos problemas porque eu sei que não resolve porcaria nenhuma, gosto de ir ao fundo deles e resolver de uma vez. Ponto.

Incrivelmente minha mãe adorou a idéia... E eu pensando que ela nunca permitiria uma coisa dessas. Mas agora que eu parei para pensar, é bem mais fácil para ela só olhar para o lado químico da depressão e achar que um remédio vai resolver tudo do que tentar me entender. Sinceramente eu duvido que uma pilulazinha vá resolver todos os problemas da minha vida.

Os antidepressivos demoram para surtir efeito, uns 15 dia mais ou menos. Já deve estar fazendo um mês que eu tomo e até agora não senti porcaria de diferença nenhuma. E olha que os médicos falam que as primeiras doses desses remédios os pacientes sentem muito, por não estarem acostumados, depois quando se acustumam parece que o efeito vai diminuindo. Eles prometem que não diminui... mas não é o que eu ouvi falar pela internet porai. E meu psiquiatra prometou para mim que eu me sentiria bem melhor assim que começasse a surtir efeito. Mais uma decepção para minha lista.

Fiquei decepcionada sim por não sentir nenhuma diferença tomando o remédio, mas de certa forma dá até um alivio... Morria de medo que os antidepressivos mudassem meu jeito de ser, sabe? Eu sou assim, intensa e tudo o mais, não sei se eu quero me tornar uma pessoa "morna" por assim dizer. Tenho medo do que essa porcaria de remédio pode fazer comigo.

Enfim... Fui procurar na internet se existe um por quê dos remédios não fazerem efeito. E vocês não vão acreditar na quantidade de informação que eu encontrei! É assim... A internet se divide em duas correntes de pensamento, simplificando bem, os que botam toda a fé nos antidepressivos e os quase que totalmente céticos quando a sua eficácia.

De um lado temos os especialistas, os médicos e a maioria dos pesquisadores. Do outro temos os pacientes, poucos pesquisadores e menos ainda médicos. O que eu descobri foi que a maioria dos antidepressivos atua aumentando a quantidade de serotonina (um neurotransmissor associado aos transtornos de humor), mas eu descobri também que existem muitas pessoas (aproximadamente metade dos pacientes, número muito significativo por sinal) que nascem com uma quantidade maior de receptores desse neurotransmissores, o que faz com que o remédio não funcione. Receptores a mais funcionam como uma espécie de freio que impede os neurônis de funcionarem direito... Não me perguntem como porque eu não faço idéia. O fato é que para metade das pessoas que precisam de antidepressivos, eles são ineficazes. Fato bem desanimador para os pacientes psiquiatricos... Outra coisa que eu descobri foi que esses remédio na verdade tratam a ansiedade e o extresse e não a tristeza em si. E outra coisa pior ainda que eu descobri foi que antidepressivos pode até aumentar as chances das pessoas depressivas de se suicidarem! É brincadeira né... Só rindo.

Tudo bem, não sei exatamente se essa última informação é de uma fonte totalmente confiável. Até porque nada na internet é totalmente confiável. Mas o que eu percebi pesquisando poraí é a falta de fé nesses remédios por parte das pessoas, ou seja, eu não devo esperar muita coisas deles. Estou começando a perceber também o quanto a psiquiatria é uma ciência falha... Uma ciência que ainda engatinha na minha opnião.

E é triste porque precisamos dessa ciência. Sim, precisamos e muito. Acho que o que tanto médicos quanto paciente pracisam saber é que muitos desses transtornos mentais não são resolvidos só com remédios (na verdade acho que nenhum transtorno é totalmente resolvido assim...). Poxa... Uma pessoa é tanto mais do que só química, sabe? As pessoas são tão diferente entre si, como eles podem achar que um mesmo remédio funcione na cabeça de todo mundo? Sei lá... Eu acho que eles menosprezam um pouco a complexidade do cérebro humano. O que eu sinto é que a psiquiatria dá tiros as cegas tentando adivinhar onde está o problema e como resolvê-lo. Mas ciência é assim mesmo, imagino... Tentativa e erro.

Mas eu não quero que as pessoas pensem que não devem confiar nos psiquiatras não! É claro que devem confiar e é claro que devem procurar ajuda caso tenham algum problema. Pelo amor de Deus, melhor procurar ajuda do que sair se matando porai e sofrendo a vida inteira, não se deve desistir de achar respostas e soluções nunca! Não desistam caso as soluções não caiam do céu em forma de comprimido, não é assim que se resolve as coisas. Sei lá... Eu sei que é difícil, mas eu acho que devemos lutar para achar nosso lugar no mundo sim. Apesar que eu entendo que as vezes isso é impossível... Mas se não confiarmos em nossos médicos em quem confiaremos? Se eles não puderem nos ajudar, quem vai ajudar? Desculpem mas não é um abraço que consegue curar uma depressão, é uma doença sim, vocês sabem. Não como uma gripe ou dor de garganta, mas uma mais complexa, uma bem mais complicada, as vezes curável e as vezes uma coisa que a pessoa terá que carregar a vida inteira. É assim que as coisas são, então que os médicos nos ajudem como deve ser, se não for ajudar no sentido de curar, ao menos nos ensinar a conviver com o problema, nos ensinar a sermos pessoas melhores para os outros a nossa volta, porque eles merecem, nossas famílias e amigos, pela paciência e carinho.

Desculpem se eu viajei um pouco nesse post... To meio que desabafando só. Obrigada pela paciência o/

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