"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 30 de março de 2013

Estou com medo.




De repente eu tenho medo do escuro. Eu nunca tive medo do escuro, sempre fui uma criança racional e controlada de mais para ter medo de algo tão bobo. Mas agora as coisas se inverteram, meu cérebro não consegue mais ser racional e o descontrole faz parte do meu dia-a-dia. Na verdade o medo não é do escuro, mas sim dos monstros que a escuridão guarda. Me sinto paranoica de novo... É um dos piores sintomas. Fico olhando para trás o tempo todo, será que eu vi o que eu vi? Será que eu ouvi o que eu ouvi? Às vezes giro no mesmo lugar e tenho certeza que alguém está brincando comigo, como um esconde-esconde. Procuro dentro dos armários, atrás das portas, nos cantos mais escuros e nada... Mas eu sinto, eu sinto o tempo todo. Tem algo ou alguém atrás de mim. Sei que tem. Sei tanto quanto sei que nesse momento estou viva. Mas quem? O que? Às vezes tenho medo do meu monstro sair do meu peito e me atacar, me matar... Mas esse é um medo diferente. Há esses dois medos, medo do que há dentro de mim e medo do que há fora de mim. O medo do escuro é esse medo do que há fora de mim. Às vezes eu sinto os dois medos ao mesmo tempo, o que faz eu ter a sensação de que não há saída ou que eu esteja encurralada. Saio tateando pela casa com os olhos bem abertos, como se assim eles pudessem me mostrar só o que é real.

Tenho medo. Olho para todos os lados de novo e de novo. Nada consegue convencer minha cabeça de que está tudo bem, de que nada vai me atacar ou me fazer qualquer tipo de mal. Me sinto cuada como eu sentia quando era menor. Quero desaparecer. Medo é um dos piores sentimentos do mundo. Me pergunto o que está me deixando mais paranoica. Se é algo que eu estou fazendo ou se essas coisas pioram aleatoriamente. Faz meses que eu venho desenvolvendo alguns tipos de medos. Não sei por que. São coisas infantis se você parar para pensar, bobas, mas que são capazes de me dominar por completo, impedindo que eu me comporte normalmente em situações do cotidiano. Às vezes eu tenho a impressão de que adiei minha infância até estourar agora que sou mais velha, não só por causa dos medos infantis mas porque vários sintomas e comportamentos da personalidade borderline se parecem com os comportamentos que uma criança temperamental teria. Ao menos eu me vejo assim muitas vezes, principalmente quando tenho ataques de fúria, choro por tudo e tenho medos absurdamente irracionais.

Sim, é infantil. Mas ainda assim olho para os lados e para trás, checo os cantos e lugares onde algo ou alguém poderia se esconder, não consigo evitar. Minha psicóloga diz que tudo bem ter medo, só não pode deixar o medo te dominar. Não sei se o medo me domina, talvez às vezes, quando eu faço coisas realmente esquisitas, como quando eu entro em pânico por algum motivo. Eu odeio me sentir assim. Essa sensação de quem tem algo por perto, de que algo muito ruim vai acontecer... Faz com que eu fique o tempo todo, ao mesmo tempo, alerta e desligada. Alerta me concentrando nas minhas sensações, muitas vezes baseadas em fatos irreais e por isso, vou estar desligada, sem prestar atenção no que acontece a minha volta. Essa combinação favorece minha paranoia porque, como eu não vou estar prestando atenção no mundo ao meu redor, tudo o que acontecer nele vai me assustar, me deixando mais tensa ainda. É um ciclo. Como grande parte da minha vida, um ciclo vicioso que eu entro e não consigo mais sair.

2 comentários:

Anônimo disse...

escreva. assinado: leitores

Unknown disse...

Vou escrever! XD Fico feliz de saber que alguém espera pelos meus textos.