"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 17 de março de 2013

A noite é uma criança



Foi um bom dia, não? Como eu não tinha há muito tempo. Acho que ainda estou um pouco tonta porque as imagens no computador estão dançando. Tanto faz. Meu peito ainda dói, absurdamente. Por que? Foi um dia bom, foi um dia bom! Conheci duas pessoas maravilhosas. Ser sociável, certo? É o que todo mundo está falando para eu ser há meses... Acho que finalmente consegui. Consegui? "Você também é como o vento?". Fiquei pensando nessa frase... Talvez seja só bobeira minha. Sim, eu também sou como o vento. Gostaria de fechar os olhos e desaparecer, gostaria tanto disso no momento. Ela sorriu para mim. Parecia a pessoa mais feliz do mundo. Me dê um pedacinho dessa felicidade por favor? Eu quero essa alegria. Ela sorriu para mim e era tão linda que eu mal podia acreditar. É uma pena que as coisas mais bonitas do mundo duram tão pouco. As coisas vão embora, as pessoas vão embora. Elas sempre precisam ir embora, de um lado para o outro, atrasadas, desesperadas. Eu tento segui-las as vezes, mas não dá muito certo.

Mas eu deveria estar feliz, não é mesmo? Eles eram ótimos, tudo estava ótimo. Mas o vento sopra e leva tudo embora. De repente estou de volta em meu quarto solitário, minha prisão particular e no fim, que diferença faz? Viver. Que diferença faz? No fim estou sempre sozinha... Olho para as pessoas a minha volta, leio suas páginas no facebook, blogs, tanto faz. Todo mundo está sempre tão feliz (ou será cegueira minha?), com tantas coisas para compartilhar, piadas, festas, encontros, família, amigos, amor. Tenho vontade de me dar um tiro na cabeça. Quando eu vou fazer parte desse mundo? Às vezes... Como nesse dia, eu me sinto parte de algo, algo não muito bem definido, mas mesmo assim, me sinto parte. E rezo para que esse sentimento não escorra pelas minhas mãos. Mas ele escorre, desaparece e pá. Estou de volta em meu inferno. Sinto inveja, raiva, desespero. Por que as coisas são sempre tão difíceis? Minha mente é tomada pela escuridão. Meu monstro se mexe inquieto dentro de mim.

Eu preciso fazer alguma coisa. Simplesmente preciso. Meu pulso dói. As pessoas não entendem. Sinto que há um batalhão de vozes me dizendo o que fazer, como eu devo me sentir e como as coisas podem e vão melhorar. Mas são tantas vozes que eu não entendo nenhuma delas. Tapo meus ouvidos e fecho os olhos. Dentro de mim a vida corre pelas minhas veias, se derrama pelos meus cortes abertos, inunda meu cérebro. Eu estou viva. Eu estou viva. Meu monstro concorda com a cabeça, em silêncio. Ele não precisa dizer nada. Eu também não preciso dizer nada, nós nos entendemos. Somos opostos mas não deixamos de viver no mesmo espaço apertado que é esse corpo, de ver as mesmas coisas, sofrer as mesmas consequências e desfrutar as mesmas experiências. Somos irmãos, de carne, de sangue, de alma. Ele concorda comigo e sorri. Ainda há tanto para se viver. Tanto para se destruir.

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