"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 1 de março de 2013

Diálogos



Por que você se sacrifica desse jeito? Por que o amor parece tão distante, tão abandonado e esquecido? Eu só não entendo... O que você fez de tão errado? Que não possa ser perdoado ou esquecido? E se há um Deus lá em cima, ele não está te olhando com todo esse ódio. Você não sente? Você nunca deixou de ser só uma criança e não há nada de errado com você. Nada de marcas, nada de cicatrizes ou sonhos ruins. Eu sei que se você fechar os olhos você ainda pode sentir sua pele lisa e suave. Não, não. Não há nada de errado com você. Só uma criança perdida, acostumava a dureza do chão, as noites mal dormidas, a monstros. Mas por que todo esse sacrifício? Você poderia ser simplesmente feliz, não poderia? Você poderia ser como qualquer um, não poderia? Ninguém te odeia além de você mesma, você sabe. Ninguém te impede além de você mesma, ninguém segura a porra dessa lâmina, só você. É só você. Você olha no espelho e vê monstros, não há monstros, nunca houve. É você, essa coisa que te olha de volta, isso tudo que você tanto odeia sem motivo, essas sensações, alucinações, tanto faz. É você.

Não. Não sou. É fácil dizer quando não é você que está sentindo, que está vendo, que está sendo. Há esse algo dentro de mim e não sou eu, tenho certeza que não sou eu, como você tem certeza que um espinho em seu dedo não faz parte do mesmo. Eu sinto. Eu sei. Eu me olho no espelho e nas sombras do meu olhar eu posso ver, posso ver que não sou, que tem algo de errado, que nunca vou ganhar essa guerra. Você diz sacrifício, seria sacrifício se eu tivesse escolha, não existe escolha. Eu não escolhi ter a vida que eu tenho, não escolhi ser quem eu sou, nascer onde eu nasci e ter vivido o que eu vivi. Mas sim, eu seguro a lâmina, eu me machuco, faço mal para mim mesma. Não é um sacrifício, é uma droga, uma espécie de remédio não muito recomendado. Mas que funciona, infelizmente funciona muito bem, me acalma, me ajuda a retomar o controle, a lembrar que estou viva e que o mundo real ainda existe e não vai desaparecer. Você diz que sou eu, que só existe eu aqui dentro, que só eu posso me impedir, me odiar, etc. Você não faz ideia da complexidade dessa palavra dentro de mim... "eu". O que é "eu"? Eu é quem está no controle em determinado momento. Eu sou a Sabrina. Eu sou o monstro. Eu sou a criança perdida. Eu sou todos ao mesmo tempo ou nenhum deles. Eu sou nada. É assim que as coisas são.

2 comentários:

Anônimo disse...

gosto desse blog. fico triste quando você está triste. quero te ver bem. beijos.

Unknown disse...

Obrigada por gostar do blog =] Não fique triste! Se não eu também vou ficar, vou começar a achar que a culpa é minha óó

Obrigada mesmo por gostar do blog, fico muito feliz. Volte sempre que quiser.

Bjs,
Sah.