"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 22 de março de 2013

Blá blá blá sobre remédios



Eu tomo muitos remédios. Remédios muito fortes e em doses bem altas. Sei disso porque conheço outras pessoas que tomam remédios e foram poucas as vezes que eu soube de alguém que tomasse mais do que eu. E também porque meu psiquiatra vive em um dilema porque me vê piorando mas já está me dando praticamente todos os remédios na maior dosagem terapêutica possível. Eu já passei por muitos remédios, desde antidepressivos, até estabilizadores de humor, antipsicóticos e calmantes. No momento tomo os três últimos. Eu tenho uma reação muito ruim com antidepressivos, sempre que tomava eles acabava piorando absurdamente. Foi muito difícil encontrar a combinação de remédios e dosagens que realmente conseguisse me ajudar, é cansativo ir mês a mês no médico e ter seus remédios trocados o tempo todo porque nada está dando certo. Foi ai que eu comecei a pensar que eu era um caso perdido (mas eu não sou). Trocar de medicamentos assim fortes é muito perigoso, a última vez que tive que trocar sofri uma convulsão, para o desespero da minha mãe que me viu ali como se tivesse tendo um ataque epilético e sem ter nem ideia do que deveria fazer. Mas no fim, não importa muito qual transtorno psiquiátrico você tenha, eles encontram o remédio certo para você, é só ter paciência.

Mas não vou mentir. Eu já vi um caso perdido. Um esquizofrênico tão grave que nada mais fazia efeito. Ele tomava tantos remédios que nem falar direito ele conseguia e ainda assim tinha ataques quase que semanalmente. Nada funcionava. Nada. Isso é um caso perdido, infelizmente. Eu não sou um caso perdido e se você está lendo isso e não está amarrada em uma maca dia e noite recebendo injeções de medicamento pois é um perigo para você mesmo e para o mundo, então você também não é um caso perdido. As pessoas tem reações estranhas quanto aos remédios. No começo do meu tratamento eu implorava por uma pílula mágica que faria desaparecer todos os meus sintomas, agora eu entendo que isso não existe. É preciso muito trabalho duro, junto com o medicamento correto, para se consertar uma vida destruída por uma doença qualquer. Eu odeio tomar meus remédios, odeio de coração. Sempre que dá a hora de tomá-los sinto vontade de vomitar... Imagino que meu estomago não aguente mais tantos comprimidos. Já pensei muito em desistir deles, dar um jeito de enganar minha mãe e não tomar... Mas eu sei que se eu não tomar não vai haver mais nada segurando meu monstro. Eu estarei livre. E não tem nada mais perigoso do que uma pessoa como eu sem travas, grades e barreiras para me controlar.

De um jeito ou de outro, mesmo com tantos remédios circulando em minhas veias, eu ainda tenho muito o que melhorar. Os remédios não curam a dor, ou as lembranças, os medos, a raiva. Os remédios te dão um tempo para pensar nisso antes que você faça alguma besteira. E às vezes, quem sabe, você encontra uma solução e tudo se resolve. Às vezes.

5 comentários:

Anônimo disse...

ainda bem que você sabe que não é um caso perdido. eu realmente acredito que o tempo vai te ensinar a lidar com seus problemas, assim como estou aprendendo a lidar com os meus. bom fim de semana pra nós! um beijo, stefano.

Anônimo disse...

Espero encontrar um que me ajude. As dores e os pensamentos ruins não vão sair, mas espero que eles me ajudem o suficiente para viver dia após dia sem fazer nenhuma besteira.


Unknown disse...

Também espero que o tempo me ensine a lidar com meus problemas. E o mais rápido possível de preferência, Stefano.

Anônimo, você vai encontrar sim, é só continuar seguindo seu psiquiatra e psicólogo, confie neles, arranje bons profissionais e confie neles. As coisas podem dar certo, só precisam de um pouquinho (ou muito) de esforço da nossa parte.

Abraços,
Sah

Anônimo disse...

quais os nomes dos medicamentos que vc toma?

Unknown disse...

Quetiapina 800mg (4 comprimidos)
Lítio 1200mg (4 comprimidos)
Depakote ER 1000mg (2comprimidos)
Clonazepam 2mg (sempre que necessário)