"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Sem controle



Eu perdi o controle. Em algum momento eu o perdi e simplesmente não tinha percebido até agora. Venho feito as coisas como um robô, viciada em certos comportamentos e na repetição. Dia após dia, a mesma coisa. Agora eu paro por um instante e me pergunto o que diabos eu estou fazendo. Por que minha mente anda tão desconectada de meu corpo? Meus pés continuam me levando pelos mesmos caminhos, todos os dias. Saio todos os intervalos e fumo, mesmo sem vontade. Compro algo para beber mesmo sem sede, de noite não durmo mais do que duas horas seguidas e todas as vezes que acordo durante a noite, meus pés me levam para a cozinha, onde necessariamente eu vou comer ou beber alguma coisa, mesmo sem vontade. Vou para minha consulta com a psicóloga com pelo menos umas duas horas de antecedência. Tomo sempre meio copo de café. Conto meus cortes e quantas vezes eu lavo a mão, tenho todas essas regras claras. Eu sempre sento no mesmo lugar, sempre faço as mesmas coisas do mesmo jeito. Sempre.

Agora eu paro e me observo por alguns instantes. Sinto como se minha vida e meu corpo tivessem sido arrancados de mim. Sou só uma mera observadora agora. Eu quero minha vida de volta, não entendo porque faço isso, porque continuo fazendo as coisas quando não tenho vontade e porque eu tenho que criar e seguir tantas regras. Não consigo entender. Estou cansada de ficar só observando enquanto meu corpo age sozinho ou é comandado pelo meu monstro, quero ter o poder de dizer não a mim mesma. Quero esse direito. Como posso dizer não para as outras pessoas se não consigo fazer isso comigo mesma? Estabelecer limites, se respeitar, todas essas coisas são estranhas para mim. Eu sou meu próprio inimigo, meu próprio monstro e carrasco. É um pouco absurdo, eu acho. Mas é assim que as coisas são. Eu preciso aprender que a Sabrina também é uma pessoa, que merece carinho e perdão como qualquer outra, que erra como qualquer outra, que tem defeitos como qualquer outra. É mais difícil do que parece, aprender a ter respeito próprio, estabelecer limites e perdoar os erros e defeitos.

Por enquanto eu me contentaria com um pouco mais de controle. Só o suficiente para eu não me sentir excluída da minha própria vida. Acho que eu ando um pouco conformada de mais, meus sintomas, continuo prestando atenção neles mas não sinto mais vontade nenhuma de falar sobre eles com meu médico. Eu só queria poder sentar naquela cadeira e dizer que tudo está bem, acho que nunca fiz isso. Sempre tem algo acontecendo, enquanto alguns sintomas melhoram, outros pioram, é sempre assim. Não consigo nunca o maldito equilíbrio, mas será que alguém consegue? Talvez eu só esteja exigindo de mais de mim mesma, como sempre. Talvez esteja tudo bem em ter alguns sintomas desde que eles não me prejudiquem de mais. Ninguém é perfeito.

2 comentários:

Anônimo disse...

"sempre tem algo acontecendo"...

Anônimo disse...

"Eu soy meu próprio inimigo, meu próprio monstro e carrasco. É um pocuo absurdo, eu acho. Mas é assim que as coisas são."

Esse trecho esta mais que perfeito. Mandou bem. ;)

Ana