Adeus. Você não tem mais nada para falar. Adeus. Para onde foram esses últimos anos? Adeus. Tão perto e tão longe. Tanta raiva aqui dentro, tanta magoa. Por que você faz isso comigo? Por que eu simplesmente não te deixo ir? Estou sozinha? Minhas lágrimas não me deixam ver, quero gritar mas como sempre minha boca não tem nada a dizer. Por favor... Algo sussurra dentro de mim. Uma pequena criança há muito esquecida. Não vá embora. Suma da minha frente. Não me deixe. Desapareça. Por favor... Eu me odeio, me odeio, me odeio. Por que não consigo deixar que as coisas partam? Prefiro viver uma mentira a um adeus. Isso é doentio. Eu quero ser livre também, quero não depender de ninguém, conseguir sorrir sozinha e aguentar o tranco da vida sem nenhuma muleta. Mas isso é ridículo, estou tão longe disso que não consigo nem me imaginar vivendo assim. Que merda. Eu só quero parar de chorar como uma idiota e que essa dor toda diminua. Você disse que melhoraria com o tempo, você disse... Você disse tantas coisas. Não está acontecendo, não está. Eu não estou melhor, não estou melhorando. O mundo não para de desabar a meus olhos e eu não sei até quando eu vou aguentar. Você sabe que ninguém pode me deter, se eu quiser, se eu realmente quiser, nada nem ninguém pode me parar. Eu só preciso de uma lâmina, uma pequena lâmina inofensiva. A pele é tão fácil de ser cortada, a carne, as veias... Sinto que estou em casa com uma dessas lâminas na mão, sinto que estou fazendo o que nasci para. E meu monstro não está tão distante assim do que o que eu realmente sou.
O problema é esse filme na minha cabeça. Você sabe. Você salvou minha vida e agora a está destruindo. Acho que você tem esse direito. Eu te dei esse direito, eu te entreguei por inteira em suas mãos. A culpa foi minha, eu me apressei de mais, me joguei de cabeça, confiei cegamente... Fui uma imprudente. Não se deve entregar a vida a alguém, sua vida. É seu bem mais precioso, ela é sua. Mas comigo não é assim. Quero me livrar da minha vida, minha vida é um peso muito grande para meus próprios ombros. Sou uma folgada, uma sanguessuga, um vampiro, me jogo na vida de outra pessoa e de repente, sem que essa pessoa perceba, ela está carregando todo meu peso, todos meus problemas, tudo. Sou uma pessoa horrível, não sou? Sou um monstro. E ainda digo que amo. Amo? O que é o amor? Se for essa droga viciante, essa coisa que nos torna dependente e despedaçados, então eu amo. Amo mais do que qualquer pessoa que eu já conheci no mundo. Amo visceralmente, compulsivamente. As pessoas se assustam, as pessoas se afastam. As pessoas sempre se assustam e se afastam. Não me importo com elas. Só me importo com aquelas que eu "amo", as escolhidas a dedo, as que surgem na minha vida para ficar. E ficam. Mesmo que eu tenha que girar o mundo de ponta cabeça para tê-las. Isso mesmo, tê-las. Sou possessiva, bem possessiva.
Preciso parar de ser assim... Mas para quem é acostumado a tão pouco ou nada, é difícil abrir mão das migalhas que lhes são dadas.
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