Havia um muro naquela cidade, um muro alto, sem portas, portões ou passagens de quaisquer espécie. Ele estava lá há tanto tempo que ninguém mais questionava sua existência. Todos acreditavam que do outro lado habitava o mau, o inimigo e o muro existia para protegê-los, todos se sentiam seguros com algo daquele porte rodeando-os. Há muitas coisas ruins do outro lado, ninguém deve se arriscar a sair daqui, eles diziam. Mães contavam para seus filhos desde pequenos coisas horríveis que aconteciam com os que desobedeciam essa lei, crianças mais velhas jogavam pedras para o outro lado, imaginando mil e um monstros que eles poderiam acertar. Todos acreditavam que o muro havia sido uma bênção do céu, que a vida daquele povo só havia melhorado depois daquele acontecimento.
Havia um muro em uma parte daquele cidade, que rodeava algo desconhecido. Um muro alto, sem portas, portões ou passagens de quaisquer espécie. Ele estava lá a tanto tempo que ninguém mais questionava sua existência. O povo da cidade sabia que dentro daquela círculo delimitado pelo muro haviam pessoas que moravam ali desde os tempos mais remotos. O povo da cidade não sabia muito bem quem eram, ou porque estavam ali, mas imaginavam que para que esse muro existisse deveria haver um bom motivo, hipótese essa comprovada sempre que daquele lugar voavam pedras que muitas vezes acabavam por atingir pessoas inocentes. Os cidadãos agradeciam aos céus pela existência daquele muro, tremiam de medo só de imaginar se aquele muro não existisse.
Havia um muro naquele lugar, há tanto tempo que ninguém mais se perguntava o porquê. Ele, por prender um povo ao seu redor, os transformava em bichos, que imaginavam estarem protegidos de outros bichos que habitavam do outro lado. Do outro lado, o muro transformava as pessoas em bichos, por não conseguirem reconhecer nas pessoas do outro lado, serem humanos exatamente como eles. Havia um muro naquele lugar, muito alto, sem portas, portões ou passagens de quaisquer espécie. E dois povos irmãos estavam presos pela sua existência, separados para sempre, incompreensíveis e cegos. E ninguém mais questionava qualquer coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário