"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 29 de outubro de 2011

Talvez meu médico tenha razão


Tudo parece muito irreal nesse momento, como assistir um filme, ver tudo passando diante de seus olhos de um lugar distante e intocável. Não parece vida, não parece verdade, não parece nada e normalmente eu sinto o que vai acontecer, se eu vou melhorar ou se eu vou piorar, mas no momento não sinto absolutamente nada... E sentir nada não é paz, é vazio, é ausência. Eu não quero ser interrompida, eu não quero ter que pensar no que é melhor para mim, eu não quero olhares preocupados e questionadores, cérebros trabalhando incansavelmente em busca de respostas e soluções, não quero mãos estendidas, desistências, ameaças. Eu quero um quarto escuro, um campo aberto, um pouco de tinta para pintar meus demônios, livros para que eu possa esquecer quem eu sou, nenhuma pessoa por algum tempo, para que meu coração não dispare assustado, para que o buraco que eu tenho aqui dentro não doa. Eu me sinto estranha, mais estranha do que o normal, uma consciência de si diferente, diferente de todas as outras.

Eu realmente não sei o que fazer, apesar de ter uma lista em mãos do que devo fazer, eu não acredito na lista, não confio na lista, ela parece errada, as coisas não são tão simples assim. Talvez seja o começo de uma nova crise, uma crise nunca é igual a anterior, há sempre sintomas novos e novas intensidades, imagino que um dia não vá haver mais sintomas que eu não tenha passado por, então meu transtorno me dará trégua, e tudo ficará bem. Mas no momento, eu nunca tive tantas crises nervosas e ataques de pânico quanto agora, da mesma forma que em junho eu nunca havia tido tantas alucinações e sintomas de despersonalização. De um jeito ou de outro... Estou tendendo ao conformismo, como sempre acontece quando eu pioro, desistir, parar de me mexer, deixar a vida (ou morte) seguir seu curso normalmente e como sempre, eu não vou desistir porque o pior vai passar antes que eu atinja meu limite. E assim as coisas vão caminhando, como uma montanha russa.

Meu médico quer o equilíbrio, mas eu não consigo aprender o que isso significa. Cada vez mais eu acredito que tudo isso faz parte de quem eu sou, quer seja isso bom ou ruim. Estou realmente cansada de correr atrás da normalidade, desse tal de equilíbrio, da felicidade e todas essas coisas. Eu sei que dizer "eu sou assim e pronto" é uma desculpa infantil para não sair do lugar, para não tentar mudar, mas no momento meu cérebro está tão cansado que acreditar nisso está me conquistando. E ao mesmo tempo, estou cansada de "ser" assim, terrivelmente cansada, ser eu é doloroso de mais, pesado de mais, trabalhoso de mais, eu quero mudar, mas sair do lugar dói. Eu realmente não sei o que fazer, se não assistir a vida ir passando diante de meus olhos como um filme, onde eu não tenho controle ou participação. Talvez meu médico tenha razão.

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