"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Autoimagem


Existe a Sabrina e existe o Monstro e eu não sei ao certo qual deles eu sou. Existe o mundo inteiro e eu não sei qual deles eu sou. As vezes existem buracos negros nas paredes, as vezes eu não sei o que significa sentir. Decididamente sexo verbal não faz meu estilo. Tenho medo quando o telefone toca. Todas as pessoas me olham como se eu fosse um monstro, então eu acredito, meu sorriso não compensa as incontáveis cicatrizes em meus braços (e pernas). Meu coração é tão inconstante quanto um animalzinho de rua assustado. As pessoas que me faziam mau na infância, hoje são bonitas, sorridentes e sociáveis. Nada que vem volta, sofrer hoje nunca vai te fazer feliz amanhã, tudo não passa de consolo barato de esquina.

Sofrer também não te faz uma pessoa melhor, ter uma cabeça problemática não te faz especial, sensível ou sei lá o que, só te faz defeituoso mesmo. Chorar não alivia, gritar não alivia, bater não alivia, mas levar pontos por causa de uma gilete te dá uma boa sensação falsa de fuga, que passa assim que você é jogado para fora do hospital. Ser ameaçado as vezes funciona mais do que um carinho, ainda mais com pessoas que estão acostumada com palavras duras. Mas cuidado, corações inconstantes são imprevisíveis.

Pontes são inegavelmente atraentes, carros passando rápido, a altura, o vento, a beleza de um fim como consequência de um instante não pensado. A dor constante que você não sabe da onde vem mas se espalha pelo seu corpo de forma insuportável. Você só quer parar, sentar no chão, colocar a cabeça entre as pernas e se concentrar em sua respiração por eras. Mas a Terra continua a rodar sua valsa inútil e você precisa seguir em frente. Mais um calmante, mais um calmante, mais um calmante. Uma camisa de força nunca me pareceu tão convidativa.

As pessoas me olham como se eu fosse um monstro, as pessoas me acusam, as pessoas tem pena de mim. Me sinto um monstro, me sinto merecedora de pena. Não sinto nada! Não ligo para nada, não preciso de ninguém, não preciso de nada.

Por favor não me deixe. As vezes fica tudo tão escuro e eu não sei onde estou. Posso segurar sua mão?

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