"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A maldade - Da onde vem, para onde vai, para quem vai


Era uma vez uma criança muito má. Não importa qual era seu nome, era só mais uma garota ruim. Muito sorridente, muito agitada, muito chorona, muito quieta, muito irritada, muito brava, muito nervosa, muito perfeccionista. Insuportável. Não se dava bem com os colegas, brigava com todos, exigia de mais de todos. Se você olhasse de longe ela parecia mimada, parecia achar que ninguém era bom o bastante para estar perto dela. Se você olhasse de perto iria perceber que o maior problema que ela tinha era com ela mesma, o maior incomodo, inquietação e dor, vinham de dentro. Mas ninguém a olhava de perto, ninguém presta muita atenção nas crianças para falar a verdade, ela só levava broncas e era ensinada do quão ruim ela era. A garota má olhava para os adultos sem entendê-los, não importa o que ela fizesse ela era castigada, e quando não a castigavam, ela mesma o fazia.

"Quero ser uma garota boazinha!" Ela pensava consigo mesma. E aceitava tudo o que lhe era infligido ansiosa para conseguir ser perfeita. "Quero que as pessoas gostem de mim!" Ela pensava sorrindo para os piores adultos na esperança que eles a amassem. E assim a garota má foi vivendo.

A verdade era que quase ninguém parecia saber que ela existia. Era só uma garotinha inconveniente. Continue quietinha assim meu anjo, isso. Boa garota. Ela sorri, ela gosta de ser quietinha e obediente, assim ela recebe elogios e as pessoas parecem gostar mais dela. A garota má faz tudo o que os adultos querem. Ela é má com outras crianças, mas é muito obediente com os adultos. Com o tempo a garota má não consegue mais ser má com as outras crianças, com o tempo ela se torna cada vez mais fraca e pequena, as outras crianças parecem maior que ela e é a vez deles de serem maus com ela. Mas ninguém percebe que eles estão sendo maus com ela, ninguém faz nada, eles se tornam cada vez piores. Porque ninguém vê?

Lentamente a garota má vai tomando conhecimento de tudo o que havia de errado em sua vida, devagar, bem devagar... É quase irreal. Ela não confiava mais em ninguém, ela continuava má, ela desenhava cortes em seu corpo friamente, desejando ser forte o bastante para fazer isso nas outras pessoas e não nela. A garota se mata em uma noite quente, atirando-se pela janela do décimo quinto andar do apartamento que morava com seus pais nojentos. Nas mãos de seu pai estava o cheiro de sexo e medo que ela exalava quando ele a tocava, foi a única coisa dela que ficou com ele. Foi embora finalmente, feliz. A garota má.

Nenhum comentário: