"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Inquietação e o que falta

Ando meio sem sentido, meio perdida, meio impaciente. A vida me irrita. As pessoas me irritam. Tudo. Tem algo de errado para variar. Quero chorar e não consigo, quero rir e não consigo, só fico parada, como um pedaço de carne morta, não quero falar, não quero ser legal com as pessoas, não quero ser educada, não quero me controlar, não quero ser responsável, não quero ouvir, não quero me importar, não quero me mexer. Eu não quero, mas continuo fazendo tudo isso, ou algo em mim continua, não sei, não sei quem estou sendo ou quem eu sou, a linha que delimitava meu monstro e eu mesma se partiu, agora tudo está misturado, não sei quem existe, quem fala o que, não sei nada. Não sei se isso é bom ou ruim. Eu gostava de conseguir me reconhecer, eu gostava de manter meu monstro separado do que eu sou. E viver duas vidas, separar as duas vidas, minha doença uma coisa e eu outra coisa. Agora não estou mais conseguindo fazer isso...

Tem sempre algo errado, sempre. Estou tão cansada, tão cansada... As vezes sonho que posso deitar em uma cama e nunca mais levantar, fechar os olhos para sempre, porque o pior pesadelo acontece quando estamos acordados. Estou tão triste, tão triste... Todos os dias eu tento limpar minhas feridas, todos os dias eu espero pacientemente que elas fechem... Oh, pelo amor de deus, quanto tempo mais isso vai durar? Quando eu vou poder sorrir sem esse peso nas minhas costas? Quando vou poder viver minha vida? É tão difícil manter tudo sob controle. O tempo escorrega pelos meus braços e eu ainda não estou bem, amigos vem e vão, problemas vem e voltam, cortes se cicatrizam, alucinações aparecem e desaparecem e eu ainda não estou bem. Não estou nada bem.

O que eu tenho que fazer? O que eu tenho que fazer? Não está vendo que algo vive brincando de me empurrar para o fundo do poço de novo e de novo? De repente, fica difícil falar, fica difícil se mexer, ou o que quer que seja, e eu não sinto mais vontade de estudar, de ir para a faculdade, de conversar, de pintar, de ler, de ter amigos, de viver. Minha psicóloga tenta e tenta fazer com que eu avance à passos de tartaruga, e eu regrido e avanço ao sabor das ondas, sem aviso, sem sentido. Porque eu estou aqui mesmo? Doutora, doutora, não estou bem, por favor me ajude, me diga o que fazer, por favor, me de um pouco de razão, me mostre o caminho, pegue minha mão e me puxe para cima, está tudo tão difícil de repente.

De que adianta todos esse elogios ingênuos e inúteis... Se eu não consigo fazer coisas tão básicas, se eu tenho dificuldade com tantas coisas que são naturais para todo o resto do mundo. Não estou bem... É tão difícil estar viva. Sempre me pergunto como as pessoas simplesmente existem e vão vivendo... Como se fosse tudo tão fácil e simples. É tudo tão... pesado, complicado e doloroso, qualquer movimento, qualquer palavra, tudo. Estou cansada... Quero a leveza do mundo para mim, mas sinto como se pesasse toneladas. Não sei para que serve a vida.

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