"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 13 de agosto de 2011

O que você fez comigo


Eu tento tanto te odiar, a cada dia, a cada instante da minha existência. E de todo o meu ser eu te odeio, como se você fosse um ser abominável, intocável, algo que eu deveria temer e por não querer admitir que temo, eu desprezo de todas as formas que eu consigo expressar. Eu tento tanto, desejar nunca mais te ver, desejar que você desapareça, que nunca tenha existido. Mas lá está você, e eu odeio olhar em seus olhos, mas as vezes, como se tentasse te provar que sou mais forte agora, eu te encaro de cabeça erguida e sustento teu olhar pelos segundos que conseguir. Você tem olhos tristes que me irritam, suas fraquezas são tão pateticamente visíveis e sua simples presença me dói no mais profundo do meu ser, eu sangro quando você está por perto, minha alma grita em protesto.

Mas eu não consigo... Não consigo te odiar do jeito que eu queria, não consigo te desejar mau ou ignorar sua existência. Eu consigo te machucar, isso é fácil e eu faço quase que naturalmente, mas... Eu sou tão ridiculamente vulnerável com você. Ninguém tem o poder de me machucar como você, ninguém me decepciona tanto quanto você, ninguém me faz chorar e desejar morrer mais do que você... Você é cruel, você se faz de vítima, mas só eu sei que você não é. Você despeja seus podres em meu corpo, em minha mente, em minha alma. Um simples toque é capaz de me levar até o pior dos infernos, uma meia palavra tem a força de destruir meu dia, minha semana, o que quer que seja. E você é totalmente indiferente e totalmente "preocupado", você me confunde, me machuca.

Eu quero tanto ser livre, desde que eu me entendo por gente eu busco essa liberdade que agora desconfio que não existe. É tão difícil voltar para cá... A ilusão de estar longe aquece meu coração, como se recebesse um presente dos céus, me agarro a essa vida linda e perfeita de uma garota normal, de uma garota normal que é lembrada todo o dia do porque não é normal ao voltar para seu inferno, agarrada pelas pernas, pelos braços, brutalmente.

E sabe... Eu tento tanto te odiar. Mas enquanto algo grita aqui dentro o quanto isso é errado e terrível, outra parte sussurra o quanto você é importante para mim apesar de tudo e de tudo e de tudo. Eu choro, quase todo o dia, porque a confusão me dói tanto... Eu me odeio por não conseguir te tirar de dentro de mim, eu me odeio mais do que odeio você, muito mais. Me odeio porque sinto sua falta, porque você nunca foi quem deveria ser, porque eu sou frágil e patética de mais. Você faz eu me sentir perigosa, quando eu lanço meu veneno em sua direção, é fácil para todo mundo pensar que eu sou má, que a vítima é você, que eu sou uma péssima pessoa. É irônico. Me pergunto, a muito tempo, quando você tirará essa mascara. Me pergunto quem você é, se algum dia vai deixar de se esconder e permitir que todos vejam o monstro que você é.

Eu sou um monstro, tenho um monstro bem vivo dentro de mim, se alimentando de toda essa dor. Eu sei que me tornei tão agressora quanto vítima, a ponto de não merecer mais ser salva de forma alguma. Mas ao contrário de você, eu admito, enquanto você finge se importar, finge que é indefeso, que nunca fez nada, se vitimiza e se faz de inocente. Quem é você?

Tento tanto te odiar... Mas é muito mais fácil odiar a mim mesma, é muito mais fácil machucar minha pele e não a sua. Só tem uma coisa que eu desejo de toda minha alma; que você veja bem meus braços, minha condição psicológica, minha decadência... E saiba. Foi você que fez isso comigo. Imagino que se isso não te destruir, você já está destruído.

2 comentários:

Gisele Z. G. disse...

Forte demais esse texto. Mas retratou tão bem que nada mais precisa ser dito.
E não se preocupe: tem outros que o odeiam por você.

Anônimo disse...

Eu sei o tamanho dessa dor...
Texto que retrata bem nossos sentimentos..te admiro muito..
Um abraço..