"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Nada romântico


Não gosto dessas coisas romanticas fantasiosas. Odeio principes encantados, odeio a beleza ditada e emoldurada, odeio finais irritantemente perfeitos e o fato das pessoas serem magicamente feitas uma para a outra. Não acredito em milagres ou destino ou em segundas chances ou em perdão divino ou o que quer que seja. Sou terrivelmente realista e pessimista, infantilmente esperançosa e sonhadora. E um poço de contradições.

O fato é que ninguém foi feito para ninguém, amar é um aprendizado diário. O máximo que alguém tem por outro alguém antes de conhecê-lo de verdade é simpatia. E essa simpatia pode dar lugar a amizade e companheirismo que pode ou não levar ao "amor" carnal, e é esse sentimento carnal que mantém as pessoas unidas durante tempo suficiente para que elas se conheçam melhor e decidam se vale ou não a pena tentar aprender a amar essa pessoa (o sentimento "puro" de amor, que significa simplesmente: eu gosto de você mais do que gosto das outras pessoas e quero sua companhia). Aprender a amar é aprender a gostar ou então pelo menos respeitar as qualidades e defeitos da pessoa amada. É um exercício de paciência e aceitação, carinho e respeito.

Nem por isso o amor é menor bonito do que a visão romântica dele. Eu o acho muito mais louvável por ser na verdade um esforço do que algo mágico que surge do nada e amarra duas pessoas juntas para sempre. Mais uma vez, é comum as pessoas confundirem o amor com a paixão ou atração física. A atração é sim algo meio que inexplicável, descontrolado e irracional, que pode juntar duas pessoas totalmente diferentes pelo tempo que vai levar até elas descobrirem que não possuem nada em comum. O amor não, o amor não é algo que existe, mas sim algo que é construído aos poucos, com esforço e muita vontade. É preciso renunciar a muitas coisas em prol de se construir isso com alguém e o que se ganha nem sempre é bom, pode ser maravilhoso como pode ser péssimo. Porque nem todas as pessoas que você escolher para se construir o amor vão fazer o mesmo, ou vão conseguir fazer o mesmo.

Alias, outra coisa, o amor é consciente. É possível que o amor nasça sem que a gente queira, mas é impossível que ele cresça sem que de alguma forma a gente não deseje isso. É cansativo e como já disse, nem sempre vale a pena. Mas admito que desde o momento que você tocou meus lábios eu tive certeza que queria tentar.

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