"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O próximo ato. - Sobre o medo, a dor e a falta de um chão


Eu falo insistentemente sobre a dor, tentando arrancá-la de alguma forma de dentro do meu ser. Eu escrevo sobre ela, eu a desenho em rabiscos, eu pinto, risco-a em meus braços, derrubo lágrimas em seu nome e me torno subitamente agressiva. E no entanto ela parece estar gravada a fogo em minha alma. Sou pega de surpresa por um aperto insuportável no peito, o qual eu estou tão acostumada, não importa aonde, não importa qual a situação ou pessoa envolvida.

É desesperador sentir uma dor sem saber o motivo concreto que a desencadeou. Faz sentido você ficar triste ou chateada porque brigou com alguém ou porque alguém lhe disse algo que você não gostou... Não faz sentido sentir vontade de chorar no meio de uma conversa animada entre suas amigas. Isso me irrita. Meus pensamentos andam confusos, repetitivos e circulares. O que está me mantendo na linha são os estudos... Poder e dever estudar é realmente uma bênção, não tem coisa melhor capaz de deixar nossas mentes ocupadas e produtivas, é um ótimo remédio. O problema é que você tem que parar uma hora e então seus problemas vão voltar... Mas enfim.

Minha mente é um caos. Eu posso ser totalmente incapaz de manter um único pensamento racional, parece que de repente tudo o que eu aprendi e fui treinada na minha psicóloga é roubado de mim e eu me torno algo como uma criança burra, chorando frente a qualquer problema mínimo sem saber o que fazer (e minha psicóloga, mais paciente que uma santa, me explica tuuuudo de novo, me ensina tuuudo de novo). E no outro instante eu posso ser o oposto, racional e controlada, perfeitamente adequada e capaz de enfrentar várias situações. Inegavelmente eu ando em uma corda bamba e não importa o quão bom seja meu dia, eu sempre me sinto terrivelmente insegura. Sinto como se minha vida não estivesse em minhas mãos, como se eu fosse um fantoche da minha doença e vivesse com um medo insuportável do próximo ato.

Me falta chão, o concreto, o palpável. Algo em que eu possa me segurar e sentir que estou realmente segura para sempre e que nada vai abalar meu universo. Nunca mais.

E não existe nada no mundo capaz de me dar isso.

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