"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 27 de abril de 2013

Despencando



Eu falhei. Sinto vontade de enterrar minha cabeça no travesseiro e me recusar a ver o mundo. As pessoas são boas demais comigo. É tão engraçado... Houve um tempo em que não importava aonde eu fosse, a maldade e a rejeição sempre me seguiam, por tanto tempo e com tanta intensidade que até hoje eu me sinto terrivelmente desencaixada e não aceita em qualquer lugar em que eu coloco meus pés. Sempre olho um pouco desconfiada para as pessoas a minha volta, estou sempre esperando aquele tipo específico de risada, de deboche, um dedo apontado e críticas pontiagudas. Mas não... algo parece ter acontecido nos últimos tempos, de repente as pessoas pararam de rir, de repente elas estão me ouvindo, elas realmente estão me ouvindo. É quase como se eu fosse alguém, como se eu fizesse alguma diferença. Isso me trás uma alegria diferente, uma coisa que eu nunca tinha experimentado... É como se, talvez, existisse um lugar para mim no mundo, eu é que nasci no lugar errado, na hora errada, perto de pessoas erradas e por isso que demorei tanto tempo para me encontrar. É, talvez não seja sempre mentira quando as pessoas falam que as coisas melhoram. Eu deveria dar mais ouvido a elas. Acho que não dar muito atenção para o mundo ao meu redor é uma espécie de defesa minha, como quando as crianças mais velhas me perseguiam e eu ficava repetindo para mim mesma que eu era invisível, que se eu não olhasse para eles, eles não iam me olhar e recomeçar a perseguição. Óbvio que isso nunca funcionou, mas de tanto repetir isso para mim mesma, se tornou um hábito. Se eu fingir que certa pessoa ou situação não existe, nunca existiu, se eu fingir por bastante tempo e com bastante força, então isso nunca terá existido. Às vezes a realidade se molda em meus dedos.

Eu fico feliz dessa época ter passado, mas lamento terrivelmente o quanto eu ainda carrego disso comigo. É claro que eu não coloco toda a culpa de eu ser quem eu sou nisso, mas é fácil ligar alguns comportamentos e até sintomas da minha doença que podem ter surgido naquela época. Bom, o que aconteceu, aconteceu... E eu deveria parar de revirar o passado, não vou encontrar nada que me possa ser bom ou útil lá. Eu estava tentando me concentrar no agora, hoje especificamente... Foi um bom dia, tinha tudo para ser um ótimo dia e no entanto eu sempre acabo estragando tudo. O carinho das pessoas, a preocupação, a atenção... Tudo isso aquece meu peito enquanto eu estou olhando para elas, mas no momento em que eu me vejo sozinha, o mundo desaba. Falta-me o chão. Um buraco negro se abre em meu peito e eu esqueço totalmente todo o amor e atenção recebido anteriormente. Eu me sinto uma sanguessuga nojenta, consumindo a energia e alegria das pessoas a minha volta. Eu nunca estou saciada, a carência é constante, o vazio, infinito. Isso me deprime, me envergonha, faz com que eu tenha vontade de pedir desculpa para qualquer pessoa que seja minimamente legal comigo. Mas eu não peço... Minha psicóloga me ensinou a não pedir desculpa para as pessoas por nada, então eu não peço, mas gostaria de agradecê-las, de verdade, por tentarem, por serem tão boas e por me surpreenderem todos os dias. Talvez um dia, se o mundo continuar me trazendo pessoas tão boas para a minha vida, eu acabe conseguindo acreditar que toda essa luta valha a pena, que realmente valha a pena.

Por enquanto... Por enquanto eu estou no fundo do poço novamente. Mas tudo bem, olho a minha volta e tento até sorrir. Não há ninguém por perto, mas eu tento. Meu braço dói, meus corpo está tão cansado que meus olhos se fecham sem querer. Afundar a cabeça no travesseiro. Pelo menos por hoje, chega de lutar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cara ve se entende uma coisa, existem pessoas boas, pessoas de paz, que a unica coisa que querem fazer eh ajudar, entao para de pensar soh no seu passado e de uma nv chance para vc msm e para os outros....
;)
Ana

Unknown disse...

Sim =] eu preciso dar uma chance para o mundo... Às vezes eu sou dura de mais no meu julgamento.