Existe um jeito certo para se pensar e existe um jeito certo para se agir. Nem todas as pessoas chegam a pensar sempre do jeito certo, mas a grande maioria delas sempre age do jeito que se tem que agir. Não é algo que as pessoas pensam a respeito, são regras sociais, e em tese todas as pessoas as conhecem e quem não as obedece é punido de algum jeito, quer seja pelo isolamento social, bullying ou até mesmo indo parar em cadeias e clínicas psiquiátricas. Eu entendo porque essas pessoas são rejeitadas, contidas e silenciadas... A sociedade depende de regras para existir, mas não deixa de ser triste. Eu sou uma pessoa com dificuldades sociais, existem milhões delas por aí, e você com certeza deve conhecer pelo menos uma. Por sorte eu tenho um batalhão de pessoas que me apoiam e me ensinam todos os dias como eu devo agir e pensar. Não é fácil, não é nada fácil. Mesmo quando minha psicóloga me diz claramente como eu tenho que agir e pensar em determinada situação, ainda assim eu continuo errando na prática. Mas existe muitas pessoas que não tem apoio nenhum, que continuam "errando", pensando de forma irracional e agindo de forma não assertiva. E elas não sabem que existe um jeito certo, não sabem como é o jeito certo, nem que a grande maioria das pessoas sabem isso naturalmente, nunca nada foi dito, as pessoas aprendem com a observação. Mas nem todas.
Tem gente que não nasce com essa habilidade parece, tem gente que se quebra no meio do caminho também, tem gente que enquanto cresce a vida simplesmente o ensina completamente de trás para frente e tudo o que é certo soa errado e tudo o que é errado soa certo. E o resto do mundo não entende. Eles nunca entendem. O diferente sempre é visto com receio e preconceito, isso é natural do ser humano. Infelizmente. É só estranho que com tudo tão moderno, ainda termos como regra comportamentos tão primitivos. Acho que eu sempre espero de mais das pessoas. Sempre me espanto ao notar o quão mesquinhas elas podem ser, me espanto ao descobrir o quão mesquinha eu mesma posso ser. Eu não entendo, mas talvez haja um bom motivo para as coisas serem como são. Eu só não consigo enxergar... Do mesmo jeito que não consigo enxergar o comportamento das pessoa a minha volta e tê-los como modelo, como quase todas as pessoas fazem tão naturalmente. Tampouco aqui na minha mente eu sigo a regra... Meus pensamentos são extremamente destrutivos para mim. Eu me considero uma pessoa racional porque é assim que eu sou em meus momentos de lucidez, mas sinto que os mesmos estão se tornando cada vez mais raros. E quando eu não estou lúcida, tudo pode se tornar verdadeiro para mim, até as ideias mais absurdas.
É duro não conseguir entender o raciocínio das pessoas a sua volta. E é duro ver que eles também não te entendem. É duro ver como ninguém entende seus comportamentos estranhos, cruéis ou esquivos. É duro ser excluído. Mas também é duro para as pessoas a sua volta suportarem algo que eles não estão acostumados, é duro se sentir incomodado e não poder fazer nada para impedir isso, é duro aceitar algo que talvez te ofenda. Eu entendo isso. É um problema que precisa ser trabalhado nos dois lados. E quando as pessoas conseguirem enxergar o outro lado como um igual e não como o estranho e uma multidão como, de certa forma, uma legião de semelhantes, talvez as regras primitivas, que a maioria das pessoas seguem, mudem para algo um pouco mais... Humano ou compreensivo. Sim, há um jeito certo para se fazer as coisas, para se pensar, para se agir e somos forçados a seguir essas regras caso não queiramos sofrer as consequências de não seguí-las. Mas no meio da sociedade, existem meia dúzias de pessoas que não conseguem seguir o que quer que seja, essas pessoas precisam ser compreendidas, porque assim que o mundo estender a mão, elas são segurá-la com toda a força que tiverem, e assim, finalmente poderão ser só mais um na multidão. Por que ninguém quer viver excluído, mas também, ninguém quer fazer parte de um grupo de pessoas tão cruéis a ponto de excluírem qualquer um, só por essa pessoa ser, de alguma forma, diferente.
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