Às vezes eu só quero dançar, como se ninguém estivesse olhando. Às vezes tudo o que eu quero fazer é gritar, enquanto a música toca alto de mais. Às vezes eu me sinto bem em meio às pessoas, mesmo com a minha solidão crônica. E às vezes não. Às vezes as luzes piscantes marcam o compasso do meu desespero, às vezes o silêncio é necessário para minha sanidade, e às vezes simplesmente há pessoas de mais olhando para se dançar. A vida desaba... E tudo o que há de ruim no mundo se ilumina em sua mente, as lembranças voltam, a dor volta, as lágrimas se perdem. Eu só queria poder fechar os olhos e encontrar um pouco de paz, eu só queria que a alegria durasse e que não existisse um outro lado pronto para pesar. Quando isso vai acabar? Sempre que eu penso que estou conseguindo me livrar dessas lembranças, elas voltam, elas sempre voltam. Eu não posso simplesmente enterrá-las? Para sempre, o mais fundo possível, por favor. Eu temo as pessoas e me escondo atrás da minha timidez, visto a máscara de "antissocial", quieta. Me isolo. Tenho medo, construo muros a minha volta cada vez mais altos. Vocês precisam entender, eu simplesmente não posso deixar mais ninguém me machucar. Eu não consigo mais... São tantas pessoas, tantas situações, me esquivo naturalmente. Estou com tanto medo de dar um passo a frente. Como eu posso saber? Quem vai me garantir? Quem vai estar lá quando eu cair?
A vida... Às vezes eu a amo tanto, como quando eu coloco a cabeça para fora do carro de madrugada e o rádio toca a música perfeita, ou quando rio com meus amigos, quando meu gato para na minha frente e só senta no meu colo depois que eu toco sua cabeça, quando alguém toca uma música para mim, quando eu beijo a mulher que eu (ainda) amo. Essas coisas me fazem sentir que o mundo talvez possa ser um lugar bom, que talvez exista um lugar para mim, que as coisas no fim se acertam, porque não importa o que aconteça, eu sempre vou poder colocar minha cabeça para fora do carro de madrugada, certo? Acho que sim... Mas há tantas coisas que eu não posso ter e tantas outras coisas que tornam o mundo tão obscuro. Eu não posso ter a mulher que eu amo, a música que toca quase nunca é a perfeita, pessoas protestam pelo mundo inteiro contra meus direitos, minha família nunca vai me entender ou me aceitar, meu medo afasta as pessoas por mais que no fundo eu grite para elas não irem embora, não tenho muito controle sobre meu corpo ou mente, me sinto quebrada e toda vez que o dia começa ou acaba, há uma porrada de remédios me esperando, meus braços são feios, as pessoas me olham feio. Coisas ruins e mais coisas ruins.
Às vezes eu odeio a vida. Estou parada na beira de um precipício, não era assim no começo? E eu não quero atravessá-lo, há muito tempo eu desisti de atravessá-lo. Eu só quero pular, porque o vento da queda me lembra o vento da janela do carro. Eu posso ficar nesse carro para sempre?
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