"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Palavras confusas



Palavras confusas. Quadros deslizam pelos meus olhos e nada parece bom ou bonito o bastante. Às vezes eu não estou sozinha mas a escuridão me invalida. Nada bom o bastante. Não sou boa o bastante. Nunca vou ser boa o bastante. Do lado de fora eles falam de mim. Odeio quando falam como se eu não estivesse ouvindo. Eu estou sempre ouvindo, sempre um pouco mais do que realmente está tocando no rádio. Barulhos, sei o que quero dizer mas não entendo quando escuto minha própria voz. Onde eu fui parar? As coisas são estranhas às vezes. Às vezes eu tenho que balançar meu braço com força muitas vezes até sentir que ele continua fazendo parte do meu corpo, não é estranho? Às vezes balanço a cabeça também mas quase nunca funciona para me trazer de volta. O que poderia me trazer de volta? De volta para um universo que eu nunca conheci, que eles dizem que as pessoas podem se integrar, que há chance, que há espaço. Não há espaço. Não há espaço no mundo para pessoas como nós, podemos cavar esse espaço com unhas e dentes se tivermos força e sorte, mas ele nunca existe inicialmente. As pessoas geralmente não te amam pelo que você realmente é, elas te amam pela ideia que elas têm de você. Só uma ideia. Você também tem uma ideia de você mesmo, que nem sempre é verdadeira. Você pode ser muito pior do que imagina.

Você pode ser como eu, que esquece completamente as coisas ruins que faz, reprimindo-as por não saber lidar com seu lado cruel, colocando a culpa em um monstro que no fundo no fundo nunca existiu, apesar de você afirmar o oposto com toda a certeza. É, você pode ser muito mais cruel do que imagina. Tanto faz. As palavras continuam confusas. Às vezes acho melhor ficar com a boca fechada porque odeio não conseguir me expressar direito. Odeio. Meu corpo inteiro treme... Quero falar. Quero falar, quero ser ouvida, quero que me entendam. Lá fora o mundo roda e ninguém se importa. Quanto mais a gente se cala, mais o mundo perde o interesse em nós. Eu não quero me calar, mas também não quero abrir a boca e falhar. Eu sei que se não tentarmos nunca conseguiremos, sei de tudo isso. A gente tenta... Eu costumava ser boa nessas coisas, eu costumava me orgulhar por conseguir falar bem, até mesmo na frente de um monte de gente. Mas algumas coisas se vão... Não entendo muito bem porque, mas eu sinto que perdi muita coisa. Muita coisa que uma velha Sabrina era e agora não é mais. Assim como ganhei muita coisa também, quase nunca boas.

Eu me sinto empobrecendo. Como se estivesse despedaçada e o buraco negro no meu peito estivesse sugando os pedacinhos. Aos poucos sinto tudo o que eu tenho como certo se desintegrando. E não sei onde isso vai parar. Eles falam de mim como se eu não estivesse lá, e eu quase não estou lá, mas eu ainda escuto, eu ainda entendo trechos que desaparecem rapidamente. Eu quase não estou lá, mas eu entendo. E isso me assusta. O que vai acontecer comigo? O que está acontecendo comigo?

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