"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Monstros e vozes sem rostos



Sinto como se estivesse correndo no escuro. Atrás de mim monstros e vozes sem rostos. Não sei para onde estou indo, não enxergo nada a frente, mas eu preciso continuar, não posso parar. Sinto a presença deles, cada vez mais perto. Eles vão me destruir, mais do que eu já estou. Levo minhas mãos aos meus ouvidos. Por favor, não me deixe ouvi-los, por favor. Por favor, não me deixe vê-los. Eles dizem que monstros não existem, mas se eles estivessem em minha pele eles também não ousariam desacreditar. Fecho meus olhos e tampo meus ouvidos, me encolho em meu canto e rezo não sei bem para quem. Por favor faça-me entender o que é real e o que não é. Por favor, conserte meu cérebro, por favor faça os monstros irem embora. Às vezes tenho tanto medo de abrir os olhos e encontrar o mundo todo errado. É tudo tão incerto para mim, como posso saber o que me espera a cada piscada? Tenho medo de sair da realidade e nunca mais encontrar o caminho de volta. Como eu posso saber qual é o caminho? Como posso saber se monstros existem ou não? Como posso saber se o que eu enxergo é verdade ou é só uma brincadeira inventada pelos meus olhos? Como eu posso saber? Não há chão sobre meus pés, não há certeza em minha mente, não há nada que possa iluminar meus passos em meio a toda essa escuridão.

Quero a luz mas tenho medo que ela me revelará, será a realidade pior do que meu "sonho" ou pesadelo constante? Tenho medo de olhar em frente, o que me espera no futuro? Mais monstros? Mais dor? Mais escuridão e insanidade? Talvez a cegueira seja uma bênção. Talvez tudo tenha o seu porquê. Continuo correndo sem destino, fugindo do que é meu e eu tanto rejeito. O futuro me assusta terrivelmente, não gosto nem um pouco de pensar nele. Às vezes eu só queria que as pessoas me deixassem em paz, que eu pudesse me trancar para sempre em um banheiro e me cortar até meu próprio monstro ficar satisfeito. Meu monstro nunca está satisfeito. Às vezes eu só queria atingir uma veia, meio sem querer querendo, não me julguem, como eu ia saber que ali tinha uma veia? E morrer. Acidente. Não me odeiem. Nada planejado, não. É o único jeito que eu consigo me ver sem todo esse sofrimento, sem correr o risco de me ver obrigada a enfrentar tantas coisas ruins diariamente. Vocês entendem? Acho que não... Eu só queria... Poder parar de correr. Ter tempo para poder enxugar essas lágrimas. Olhar para meu reflexo no espelho e conseguir encontrar algo de mim mesma ali. Tenho tanto medo, tanto medo.

Os gritos estão sempre em meus ouvidos e eu não quero fazer parte deles. Não quero. Por favor, não me deixem ficar mal, por favor. Por favor não me prendam de novo naquela cama. Como eu posso simplesmente esquecer? Só consigo lembrar de como meu corpo tremia e tudo estava tão errado. Por favor, não façam isso comigo de novo. Não consigo esquecer, não consigo. E a cada passo que eu dou, tentando fugir do que eu não posso escapar, mais as lágrimas me cegam, como se tudo já não fosse escuro o bastante. Eu preciso parar de pensar nessas coisas, mas eu não consigo. Acho que estou um pouco paranoica de mais... É só que eu não sei como parar tudo isso, não sei como me consertar, não sei nada. E tenho medo do que me espera amanhã, tenho medo do que vai acontecer da próxima vez que eu cair, e eu sei que vou cair. Cedo ou tarde, sei que vou.

4 comentários:

Toca disse...

Lembrei muito do filme "Uma mente brilhante", ao ler seu post! :)

Unknown disse...

Esse filme é muito bom! Nem acredito que você lembrou dele lendo alguma coisa minha *-*

Obrigada.
Sah.

Anônimo disse...

Vc escreve bem... ;) Ana

Unknown disse...

Obrigada! =]