"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O que construímos...


Você sentiu? De repente algo se quebrou, quero dizer, começou a se quebrar... Tive vontade de pedir para você não se mexer, não falar nada, não fazer nada. Estava com medo, qualquer movimento brusco poderia destruir tudo o que construimos nesses últimos meses. Tive medo, por um instante fiquei olhando paralizada, sem conseguir respirar, rezando para que esse nosso castelo de cartas não fosse tão fragil quando parecia. Algumas cartas caíram, fechei os olhos enquanto as lágrimas escoriam pelo meu rosto, pensei que estava tudo perdido, mas quando eu tomei coragem para abrir os olhos... O castelo incrivelmente ainda estava de pé. Estranhei. Olhei a volta e não te vi. Voltei a encarar incrédula o tal castelo, tinha certeza que tudo iria se destruir com o que tinha acontecido, tinha certeza absoluta. Olhei para minhas próprias mãos e me apalpei. Estou rezoavelmente inteira... Estranho isso. Essa sou eu mesmo? Nunca sei.

Dei mais uma olhada para nosso castelo, meio tremulo, mas inteiro. Virei as costas insegura, ainda te procurando. Eu realmente estou sozinha? Minha cabeça parecia preguiçosa de mais para pensar, não se dando o trabalho nem de registrar meus sentimentos. Me sentia anestesiada. Fico preocupada quando me sinto assim, tenho a sensação que estou fugindo dos sentimentos para não precisar sofrer nem lidar com o problema. Quando eu fico assim eu não consigo resolver os problemas... Mas eu não tinha um problema para resolver, tinha? Isso não é um problema, é um fato. Você virou as costas para o que nós estávamos construindo, então eu sou obrigada a fazer o mesmo. É simples, até uma idiota que adora mentir para si mesma como eu podia entender. Ok... dei um passo em frente, lançei mais um olhar para trás preocupada, será que eu deveria terminar de destruir esse castelo? Deveria protegê-lo? Ou simplesmente esquecê-lo? Não tenho coragem de destruí-lo, não tenho energia para protegê-lo, nem acho que valha a pena e esquecer eu sei que não vou conseguir... Suspirei. Não quero pensar nisso agora, vou só continuar andando... Estou cansada de tentar sempre concertar tudo.
E foi o que eu fiz, andei e andei... É verdade que dei algumas voltar em mim mesma, sem sair do lugar, mas eu estava tentando avançar o máximo que eu podia, estranhando totalmente a situação. De repente muita gente apareceu, conheci pessoas nova, marquei de sair com essa ou aquela... O mundo parecia estar me ajudando a não pensar, quem precisa pensar e se deprimir quando se pode viver não é mesmo? Estou bem enquanto estiver alguém aqui do meu lado me distraindo, ameacei sorrir e não parei mais. Estranha essa sensação de liberdade. Essa sensação de "eu posso fazer o que eu quiser sem se preocupar com ninguém", mas eu gostei... Pensei que poderia me cortar agora, para sempre, sem contar para ninguém, sem me preocupar com ninguém (óbvio que era mentira, mas foi o que eu pensei.), poderia destruir minha vida tão facilmente... não tinha ninguém agora que poderia fazer eu mudar de idéia. Gostei dessa idéia, meu antigo objetivo de me trancar em um banheiro e me cortar até não sobrar mais nada... Mas então me veio uma vontade de rir, porque eu me cortaria até morrer se ninguém mais se importa comigo?

Me cortar é como eu espresso minha dor, além de me acalmar e ser minha droga, é minha forma de se comunicar. Ei, tem algo de muito errado comigo, por favor me ajude. É o que eu quero dizer. Nunca tive ninguém para me ouvir, nunca ninguém percebeu o que se passava comigo, só eu mesma... E foi me cortando que as pessoas finalmente viram como eu estava, finalmente perceberam o quão fundo eu estava caindo. Foi meu jeito de gritar por ajuda de certo modo. Automutilação não é o problema, é a consequência. Obviamente de consequência, passou a ser o próprio problema, quando o vício se tornou irracional e injustivicado. Enfim... se essa era minha forma de espressar minha dor... ora... se ninguém olhar para mim, se ninguém me ajudar, de que adianta eu continuar me cortando? Entendem um pouco essa lógica estranha?

Vou me destruir porque afinal? Só pelo prazer de me destruir? Não... não vou dar a ninguém o prazer de me ver fracassar, não depois de tudo o que eu lutei, não depois de tudo o que vivemos que continua inteiro lá atrás. Estou é afim de viver pra variar, a vida está sorrindo para mim afinal. Olhe quantos caminhos! Quantas opções, quantas pessoas... Estava feliz eu acho, não tenho certeza, mas pensei que poderia ser o que quisesse da vida naquele momento.

E então estou triste de novo, olho para trás... Meu humor não ajuda, não consigo pensar entre extremos, saí dos trilhos faz tempo, não confio na minha cabeça quando estou instável. De qualquer jeito eu olho para trás e te vejo... Lá longe... Você sorri triste e se aproxima do nosso castelo, de alguma forma eu sei o que você vai fazer, me sinto fria e indiferente enquanto vejo você destruir mais uma parte dele. Minha cabeça está vazia... Acho que não me importo, acho que está tudo bem, vai ficar tudo bem, dou de ombros e ameaço virar as costas, mas então você me chama. Me volto de novo, impaciente.
Ei! O que você está fazendo? Observo nervosa você recolhendo as cartas caídas e contruindo algo novo. O que deu em você afinal? Caminho até você incrédula. Você realmente está voltando atrás e arrumando tudo?? Olho desconfiada...
Então sorrio, pego uma carta e começo a te ajudar.
Não tem jeito, sou uma sonhadora, me de algo que eu acho que valha a pena lutar que eu vou morrer por isso. Me de mais uma chance, me estenda uma mão, que eu vou me agarrar a isso com todas as minhas forças. Sempre existe a chance das coisas melhorarem, de realmente darem certo... Então vamos correr atrás disso mais uma vez, só mais essa vez. Quem sabe...

2 comentários:

Unknown disse...

O bom é que você define como um castelo de cartas, o que pra mim é uma muralha de concreto... A gente se defendeu enquanto pode, mas ela vai ficar pra sempre... eu me empenhei pra construir e eu NÃO DESPERDIÇO TRABALHO! um dia, quem sabe, agente pode destruir essa muralha, porque não vamos ter que nos defender, e usamos as pedras pra fazer uma casa... quem sabe... até lá, vá juntando as pedras que encontrar pelo seu caminho... talvez você encontre outra pessoa pra construir uma casa... mas vamos indo, o mundo é um circulo, a gente vai se encontrar um dia, sim ;] Tea mo, mesmo e to nem ai se eu sou beesha, sou mesmo, aff.

Unknown disse...

UHEUHEUHEUEHUHEUEHUEH muralha de concreto... gostei...

sim... quem sabe...

cara, vou sentir sua falta... Também te amo muito... sua bixa. uehheueeheuheuheuheuhe s2