"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Diagnósticos - porque você luta?


Você lembra do tempo que andava perdida, tentando descobrir o que havia de errado com você, tentando descobrir porque voce tinha nascido ou se tornado tão errada e qual era esse erro, se haveria um jeito de ser normal, de ser só mais um. Hiperatividade parecia elogio, depressão uma ofença, bipolaridade exagero... É... porque não hiperatividade? Os hiperativos são legais e sociáveis, agitados, agressivos, criativos, inquietos, desatentos, inteligente e incompreendidos. Eles falam desse problema com leveza, quase como se não fosse um problema e sim um dom, quase como se as pessoas não sofressem tanto assim com isso e ganhassem mais do que perdessem. O que não é verdade... Mas foda-se, seria tão bom ser diagnoticado com algo leve como isso.
Você não é hiperativa. Depressão é mais provável. Todo mundo tem depressão. Tome esse remédio, você vai parar de se sentir assim e fazer essas coisas. Mas ai você piora e continua piorando. Aumenta-se doses, antidepressivos te irritam pois não fazem nem cocegas em seus sintomas.
Você não tem depressão. Você não tem um transtorno de humor. O que você tem é mais sutil, é mais profundo... Não é uma doença que tenha cura, é algo que faz parte de você, de sua personalidade. Você tem uma personalidade problemática, doente, frágil. É um diagnóstico assustador, algo que você nem imaginava... É pior do que você pensava...
Se não tem cura, porque você luta? Onde você quer chegar? Você sempre vai ser a mesma ai dentro.... não vai? Você vai continuar fazendo as coisas que faz quando ninguém estiver olhando, sua mente vai continuar pregando peças em você, você vai continuar a machucar as pessoas de um jeito ou de outro, e mesmo se não machucar, elas vão continuar indo embora e cada vez que alguém fazer isso você vai se sentir um bebê frágil e indefeso, abandonado. Você vai se cortar e ver o sangue escorrendo pela sua pele, você vai se sentir bem e mau ao mesmo tempo, como um drogado que sabe que não deveria fazer isso mas mesmo assim continua... E então você vai levantar a cabeça e enxugar suas lágrimas, de repente feliz e decidida, sem motivo nenhum, e vai se enganar dizendo que essa foi a última vez. Você sabe que não foi a última vez. Você chora e pede mais uma chance para as pessoas a sua volta, você vai melhorar, você promete para elas, você está lutando com tudo o que tem. Mas você não melhora realmente. Por mais que você lute...
Ei, existem alguns remédios, eles vão tentar controlar seu humor, eles fazem você parecer quase normal, você faz terapia também, ela te ensina a como se comportar como uma pessoa normal. No fundo você parece que só está aprendendo a enganar mais as pessoas a sua volta, no fundo... agora você mente melhor. No fundo, agora você consegue sorrir mesmo se a única coisa na sua cabeça for um estilete e um momento sozinha. Agora você consegue dizer que está bem, você consegue convencer todos eles e fazer com que acreditem que você é normal. E isso é genial... Mas aqui no fundo você sinte seu monstro respirando tão vivo, sente ele tomando seus lábios e sorrindo maliciosamente...
Você me conhece, ele parece dizer. Vou estar sempre contra você, tomando suas mãos e sua mente, te enganando e te convencendo que todos são seu inimigo, que todos vão te abandonar porque você não é boa o bastante. Vou sempre te lembrar que você sou eu. E o quão ruim isso é. Vou sempre dizer... Só mais um corte, um pouco mais fundo, um pouco mais fundo... Isso... Consegue sentir agora? Você é só minha. E eu sou só sua, não precisamos de mais ninguém. Quando você vai aprender que as outras pessoas só aparecem para no final te machucarem? Me escute e pare de fugir de mim, pare de lutar, não vai adiantar. Eu sou parte do que você é.
Então você abaixa a cabeça e sabe que o que ele está dizendo é verdade, mas você continua a chamá-lo de monstro... teimosamente, como se não fosse você.

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