"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Mais um ano, mais um ano.



O ano começou e eu nem senti. É incrível como um único dia parece apagar na cabeça das pessoas todos os acontecimentos ruins do ano e renovar totalmente as energias para o novo que está por vir. Só um dia, nada de especial, nada. Todas as mensagens de esperanças e felicidades, igualmente, igualmente. Nenhum sentimento, nada. Não recarreguei as baterias, o tempo passa correndo, mal posso vê-lo, correndo e correndo, estou toda hora sobrecarregada, em plenas férias, toda hora nervosa, tensa, tantas coisas para fazer, tantas preocupações, tantos problemas. Pelo amor de deus, nem vivi tempo suficiente para ficar tão chata com tudo. Mais um ano, mais um ano. Sinto como se tivesse 90 anos, mal aguento levantar da cama sabendo tudo o que me espera ao pisar os pés no chão. As coisas não deveriam ser tão difíceis, mas não me lembro de viver época fácil alguma. Talvez eu só reclame demais, como meus amigos vivem me falando. Eu realmente pareço uma velha. Eu deveria ser que nem aquelas pessoas idiotas na televisão que só sorriem e pensam de forma irritantemente positiva, aquelas que mega superam os problemas e todo aquele blá-blá-blá. Quando essas coisas de superação passam na TV e eu tenho o azar de estar por perto, minha mãe olha para mim e fala: "Está vendo! Isso sim é ter problemas!". As vezes acho que ou minha mãe esquece minhas crises malucas, minhas idas no hospital e os trocentos remédios que eu tomo, ou então ela deve estar se acostumando e achando tudo normal... Mas de um jeito ou de outro eu deveria superar tudo, absolutamente tudo, encontrando Deus ou qualquer outra mentira ou droga aceitável pela sociedade e sorrir o tempo inteiro. Óbvio, sou um completo fracasso por não conseguir isso, que pena.

Nem sei dizer se esse ano foi bom ou ruim. Dentro do consultório da minha psicóloga, analisando tudo detalhadamente e fazendo um balanço, chegamos a conclusão que o ano foi bom, ou pelo menos fechou bem, porque tivemos uns buracos feios no meio dele, mas pensando agora, mau consigo me lembrar das coisas boas que consegui me lembrar com minha psicóloga. Minha cabeça definitivamente tem problemas para funcionar sozinha, parece que ela trava, eu paro de funcionar, fico andando em círculos como uma idiota, reclamando o tempo inteiro, como agora. Tudo bem, é só mais essa semana, depois as consultas voltam. Enquanto as pessoas fazem planos e promessas positivas nesse começo de ano, eu só pensando onde diabos eu vou parar dessa vez, planos? Fica difícil traçá-los quando minha maior preocupação é simplesmente não cair, até porque para não cair eu preciso fazer uma porção de coisas da forma mais perfeita possível (porque meu cérebro é exigente demais, a Sabrina PRECISA ser perfeita, coisa irritante). As vezes eu me vejo como uma criança retardada, quero dizer, uma parte de mim como uma criança retardada e a outra parte precisa ficar o tempo inteiro cuidando dela, o tempo inteiro, eu vivo para salvar essa criança, todos os meus esforços giram em torno disso, para que ela cresça, para que ela fale, ande, consiga viver sozinha, qualquer coisa, isso é extremamente cansativo. Tenho vontade de matá-la as vezes, isso está soando meio esquizofrênico, mas foda-se, enfim... De alguma forma destruir tudo o que ela é e o que faz com que ela seja assim, tudo. Se fosse possível separar a área "doente" do meu cérebro e a área saudável, eu jogaria uma bomba no lado ruim e pronto. Ei medicina, descubra como se faz isso, obrigada.

Mais um ano, mais um ano. Quantas coisas ruins me esperam, quantas decepções, brigas, desentendimentos, frustrações... Eu preciso mudar, sei que preciso, preciso melhorar tantas coisas. Mas me sinto desanimada de mais para prometer para mim mesma qualquer coisa. Já prometi parar de me cortar tantas vezes, e todas elas eu descumpri, deplorável. Falando nisso... Acabei de lembrar que minha psicóloga disse que muitas pessoas andam postando coisas sobre cutting na internet, muitos adolescentes e pré-adolescentes entrando nessa, ao que parece. Um recadinho: Ei crianças, não façam isso se não vocês vão acabar cortadas que nem um presunto e reclamando que nem um velho aos 19 anos. Nossa, acho que esse é o post de início de ano mais deprimente que alguém já vez. De um jeito ou de outro, começou de novo, acho que consigo sobreviver, sempre dou um jeito. Incrível a capacidade humana de continuar, sou a prova viva disso, tudo contra, nem eu mais querendo andar para frente e minhas pernas continuam, não sei como, não sei porque, eu só continuo, fiz isso minha vida inteira. Um tapa? Ok. Um soco? Ok. Um arrancar de um infância inteira? Ok. Um xingamento, uma risada, uma encurralada, alguns abusos disso e daquilo. Ok, ok, ok e ok. Lá estou eu, sabe-se lá Deus como. Teimosia, burrice, fugas, sinceramente, não sei como.

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