"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sobre a internação.



Todo mundo quer me enfiar um maldito calmante goela abaixo. Estou assustada, vendo minha vida descontrolada sendo arrancada de minhas mãos. O que vai acontecer agora? O que vai acontecer agora? Sim... Estou me destruindo. Sim, isso precisa parar. Mas... Não há outra forma? Precisa ser assim? E minha vida? Como fica? E meus amigos? E minhas coisas, minhas obrigações, meus direitos? O que eu fiz de errado? Eu sei que não deveria ver isso como uma punição, deveria ver como uma oportunidade, mas é difícil. Eu não sei lidar com a solidão, com a separação, sinto que vou deixar de existir se as pessoas que eu mais amo não estiverem comigo. Estou com medo, estou com vontade de sair correndo para bem longe, de fugir para sempre, de desaparecer, de morrer. Não é essa a vida que eu quero para mim. Eu nunca concordei com nada disso. Posso voltar atrás? Posso nascer de novo? 

Eu só quero ser uma pessoa normal e poder ser impulsiva a vontade sem me auto-destruir. Mas meus freios se partiram, não se sabe exatamente quando, e desde então eu sou uma montanha russa descontrolada, algo entre a depressão e a euforia, a psicose e a neurose, um pouco de tudo, muito de nada. Muitas vezes sinto que não estou vivendo e outras, que estou vivendo de mais. Não conheço o equilíbrio. Eu só quero uma garrafa de vinho, cigarros e minhas giletes. Não! Não! Não posso, não posso. Isso é o oposto de ser uma pessoa normal. E mesmo assim meus pés me levam para o abismo, minha visão se torna turva, meu monstro assume o controle e eu sou capaz de fazer qualquer coisa. Meu peito dói. Não é uma dor normal, é dilacerante, é incontrolável. Até quando? Até quando?

Não é uma punição, eu sei, eu deveria saber. É uma oportunidade. Uma oportunidade para melhorar, para encontrar finalmente o equilíbrio. Mas eu tenho medo, quem pode me culpar? Não quero ficar dopada, não quero me perder mais ainda, não quero virar um fantoche dos remédios. Há um tempo atrás eu queria uma camisa de força, mas agora minha auto crítica se perdeu e eu não quero mais camisa de força nenhuma, quero correr livre para onde eu quiser, quero fazer minhas besteiras impulsivas, quero ser irresponsável, quero a morte lenta dia após dia. Quero viver, quero viver. Não é normal essa energia toda, esse nevosismo e inquietação, eles me dizem, você pode fazer alguma besteira. Não é normal, não é normal. Meus pensamentos confusos voam em minha mente a mil por hora. Por que não? Por que não? Entro em pânico sem motivo nenhum e por alguns instantes entendo o que eles querem dizer. Eu vou fazer alguma besteira, vou fazer alguma besteira. Tudo bem, está tudo bem.... Eu vou. Se tiver vaga, se eu passar na avaliação. Eu vou. Vou tentar ser forte, vou tentar controlar a dor. Já passou da hora de mudar, eu não aguento mais do jeito que está, ninguém mais aguenta. 

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