"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 15 de julho de 2012

Através do espelho



Se estou bem, se estou mal, não sei dizer. Os dias seguem confusos, frenéticos e arrastados. Hoje está tudo bem, amanhã minha vida acabou, daqui a uma hora estarei rindo, daqui duas, chorando, daqui três, sangrando, tranquila, nervosa, em pânico, feliz, depressiva, feliz. Não sei quem sou, não é mais o mundo que parece se desfazer aos meus olhos, sou eu mesma me desfazendo agora. Volátil de mais, instável de mais. Quem sou mesmo? Me esqueci, me perdi, não sei quem é essa pessoa que me olha no espelho. Tem algo errado, tem algo estranho. Tem sempre algo estranho. Como se eu fosse um quebra-cabeça e as peças estivessem colocadas no lugar errado, forçadas a se encaixar onde não deveriam, resultando em uma imagem confusa e sem sentido. Eu gosto de quebra-cabeças, gostaria de conseguir montar o que eu sou de forma correta, mas as peças já estão estragadas, muitas cortadas no meio, amassadas e sujas. Elas estão todas ali, é verdade, eu tenho tudo o que sou e porque sou em mãos, mas não consigo decifrar, não consigo consertar. Tento constantemente me entender e por mais que, em tese, eu tenha as justificativas em mãos, ainda não faz sentido, ainda falta algo, ainda não entendo.

Me sinto triste pela minha incapacidade de avançar nesse sentido. Nem mesmo a terapia e os remédios conseguem me manter na linha por muito tempo por causa desse algo que me falta, há sempre um momento em que meu avanço estaciona e retrocede. E então fica um pouco difícil de mais controlar minhas mãos, minha mente, o jeito como eu encaro a vida. Me sinto muito sozinha quando estou passando por esses momentos e me coloco em uma situação de solidão também. Paro de falar com meus amigos, de sair, de me divertir. Tudo perde o sentido, toda a minha lista de alternativas para me distrair da minha vontade constante de me cortar perde a graça e sua principal função, nada mais parece ser capaz de me manter calma e em paz (tirando uma ou outra pessoa especial, como minha namorada). Viver se torna muito mais difícil, quase impossível. A vida se transforma em uma batalha frenética contra sua vontade de acabar com tudo e sua voz interior fraquinha que implora por mais uma chance, pela milésima vez.

E eu não sei dizer como estou realmente. Creio que um pouco melhor, mas ainda assim algo vai mal. Tenho essas sensações que não entendo, que não sei como me livrar. A verdade é que minha mente é totalmente tomada de pensamentos ruins o tempo todo, talvez dai venha as sensações ruins e maus pressentimentos, as crises de choro constantes e momentos de desespero cego. Quero continuar avançando para sempre, quero conseguir entender meu quebra-cabeça, colocar as peças em seus devidos lugares. Mas não sei como, não entendo, não entendo. Não conheço a pessoa que me olha no espelho, tenho medo dela, do que ela faz comigo, do que pensa, do que pode fazer.

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