"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Agitação, inquietação, impulsividade.



Coração palpitando, pernas inquietas, mãos nervosas, mente a mil por hora. Vontade de correr, de fazer algo errado, de se atirar na frente de um carro, de bater em alguém, de gritar. Pra que? Por quê? Tanto faz. Mais uma xícara de café, por que não? Qualquer coisa impulsiva ou destrutiva. Me sinto viva, me sinto viva. Tão viva que eu preciso matar algo para compensar. Energia de mais, energia de mais. Mundo em câmera lenta. O que? Não consigo prestar atenção. Já passou. Ainda não foi. Do que você está falando? Adoro café. Álcool também, cigarros. Qualquer coisa errada ou proibida. O sabor do errado se espalha pela minha mente, me seduz facilmente. Por que não? Por que não? A vida não é engraçada? Posso senti-la em minhas mãos quase como se fosse algo físico, tenho vontade de apertá-la, sufocá-la, matá-la. Ah... A destruição. A auto-destruição. Velha amiga, velho vício. Tudo cede um dia. Algo me diz remotamente para me lembrar de todo o passo a passo que tanto a terapia me ensinou para me controlar. Mas do que estávamos falando mesmo? Tanto faz, passou. Me olho no espelho e meus olhos parecem estranhos. Meus olhos? Meu corpo me incomoda, como se não tivesse feito sobre medida para que eu habite nele, ele é grande de mais para minha alma pequena, mesquinha e deplorável.

Bobagens. Me sinto gorda, me sinto feia, me sinto errada, me sinto suja. Todos estão olhando para mim, todos estão olhando para mim e me julgando. Todos me acham gorda, e feia, e nojenta, e errada. As vozes em minha mente me derrubam com seus gritos incansáveis. Gorda, feia, má. Tudo é um pouco errado de mais. Meus pesadelos me perseguem enquanto estou acordada, tem algo errado. Eles deveriam ser só sonhos, só sonhos ruins. Eles nunca são só sonhos. O que está acontecendo? O que está acontecendo? Alguém consegue me explicar? Alguém precisa segurar minha mente. Rápido de mais, rápido de mais. A vida não é engraçada? Tenho vontade de correr, de me atirar na frente de um caminhão, de destruir algo bonito, como no filme. As pessoas me falam coisas bonitas e eu tenho ficar feliz por isso, mas as vozes em minha cabeça não me deixam, elas me tornam incrédula. Eu falo obrigada, muito bem, obrigada. Vocês são todos gentis de mais. As vozes riem de mim e a pontam em minha direção. Dizem que esses elogios são mentiras que as pessoas me contam para eu não me matar. Como as coisas são estranhas! Não é engraçado?

Besteiras. Me sinto um pouco louca, um pouco fora de controle. Alguém soltou o gatilho, agora que Deus me segure porque eu não posso mais. A gente sempre coloca a culpa em Deus porque é mais fácil, pobre Deus, parado no céu sem fazer nada enquanto centenas de crianças morrem diariamente nas mãos de adultos maus. Mas não é culpa de ninguém, claro. Acontece. O mundo é assim. Se conforme, se conforme. Sempre me diziam. Eu falava baixinho, chorando, que era injusto e eles me respondiam: O mundo não é justo. O mundo não é justo. Mais um soco em meu ego despedaçado, em meu coração arrombado e em minha infância roubada. O mundo não é justo. Eu tenho que aprender, tenho que me conformar. O que eu fiz de errado Deus? O mundo é injusto. É verdade, me esqueci. Se é injusto então a culpa também não é minha, se não é minha, por que eu me sinto tão errada? Por que essas barreiras? Esse medo, essa vergonha constante, essa culpa dilacerante, como se eu já tivesse nascido errada. Sem jeito, sem solução, há muito tempo parte do que eu sou. Bobagens. Quem liga? Mais uma xícara de café por favor, qualquer coisa que me deixe pior.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu me vejo em seus textos.