"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 8 de julho de 2012

Perigo: Não se aproxime.



Me desculpe, me desculpe. Me desculpe por pedir desculpa. Eu não sei o que fazer. Tudo o que eu faço é sempre errado de mais, como posso não me julgar? Tropeço o tempo inteiro, não aprendo nunca. Essa fragilidade irritante, essa bomba de sentimentos pronta para explodir a qualquer instante em resposta ao mínimo movimento. Eu faço tudo errado. É tudo culpa minha. Eu nunca sou boa o bastante, nunca. Não sou eu, é só minha cabeça, meu monstrinho. Não consigo. Não consigo não pensar nessas coisas, não consigo não ser "egocêntrica", como você me acusou, como todo mundo me acusa. Me desculpe, me desculpe. É tão difícil. Eu preciso parar de reclamar, sei disso. Está todo mundo cansado de me ver mal, de perder as contas de quantas vezes eu já voltei a me cortar, de não conseguir nunca me ajudar do jeito que querem. De novo sinto ser um caso perdido, um desperdício ambulante de tempo e espaço. Até quando isso? Por que tudo é tão difícil? Por que eu não posso simplesmente sorrir e esquecer de tudo o que faz minha alma sangrar diariamente? Eu quero a leveza do vento, a pureza da água. Mas carrego o peso de uma montanha, a sujeira de uma vala imunda.

Me sinto muito sozinha às vezes. Não consigo conversar muito bem pessoalmente com quase pessoa alguma. Ninguém gosta de ouvir o que sai de minha boca. Não é agradável, não é reconfortante, não é algo que alguém gostaria de ouvir ou se sentiria confortável para tal. Me sinto mal falando, não quero causar dor a ninguém, não quero ser um problema maior do que já sou. Também não quero esses olhares de pena, de misericórdia, de sei lá o que. Quero só ser uma pessoa normal, com uma vida normal, nada de mais. Quero poder sair de casa e sorrir sem motivo, só por estar viva ou por qualquer outra besteira. Não quero mais pessoas me olhando na rua, me julgando, se assustando com as marcas incontáveis em meus braços. Não quero mais ser eu. Quero nascer de novo, quero dois braços novos em folha, quero um cérebro sem defeitos dessa vez, quero um caminhar mais firme e a força para levantar os olhos do chão. Nada de vícios, nada de dor, nada de masoquismo cego, tropeços incertos, defeitos aos montes. Estou cansada de ser eu, muito cansada.

Ah! Os otimistas, os otimistas. Diriam que tudo poderia ser pior, que eu deveria agradecer pelo que tenho, pela sorte que tenho. Tudo é sorte para eles, até o ar que respiram é uma sorte. Meu deus, como são irritantes. Sinto vontade de me atirar de um prédio sempre que me encontro com uma pessoa positiva de mais. Não adianta, eles não entendem. Tudo o que para eles é sorte, meu cérebro transforma em azar. É uma capacidade incrível que eu tenho de pintar o mundo todo de cinza, de sugar a energia positiva de tudo a minha volta e transformar tudo em um inferno. Tristeza é algo contagiante, eles dizem que não, mas é. Eu mesma alias já disse, que transtornos mentais ou problemas psicológicos não eram contagiantes e por isso não se devia abandonar essas pessoas por medo. Tudo mentira, inocência minha. Tudo se pega. Os covardes são os mais espertos, devo admitir, os que fogem de tudo isso logo na primeira oportunidade. As pessoas tem a mania de gostarem de mim, não sei direito porque, é um grande mistério para mim, por pena talvez, que seja. De qualquer jeito sempre tenho vontade de avisá-las para não se aproximar, é perigoso de mais, eu machuco tudo a minha volta. É algo tão inevitável para mim quanto respirar. Um dia ou outro eu vou te machucar, pode contar com isso. Me desculpe por isso.

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