"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Mundo à parte



Eu meio que vivo em um mundo à parte. As pessoas percebem, as mais observadoras, que eu não estou lá. Fisicamente estou, mas minha mente está quase sempre longe. Não que mundo não seja interessante o bastante, ou as pessoas não sejam interessantes, não é isso. É só que eu sou acostumada a fugir, da realidade, das situações, dos problemas, das pessoas, de tudo. Fugir se tornou algo inerente a mim, faço sem perceber, sem esforço, no piloto automático. Eu não estou lá. Eu tenho meu próprio mundo secreto e é nele que eu vivo a maior parte do tempo. Aqui ninguém entra, por mais que eu me esforce para abrir as portas desse mundo e deixar as pessoas que eu mais confio entrarem, ninguém entra. Eu não tenho a chave desse portão, creio que joguei fora em um dia de raiva talvez, talvez ela nunca tenha existido, não me lembro. Mas ninguém entra. Tem gente que diz que eu criei essa barreira para me proteger. Talvez. Mas eu não me sinto segura aqui dentro também. Há um monstro que me espreita aqui dentro, algo que ao mesmo tempo faz e não faz parte de mim. Se um dia eu construí isso para me proteger, eu esqueci de colocar para fora meu pior inimigo. Eu mesma.

Mas às vezes é confortável, ou não... Na verdade eu não tenho com o que comparar para saber se é ou não confortável viver aqui dentro. É algo meio sem escolha. Eu simplesmente existo dessa forma, não sei viver sem ser dentro de meu mundinho. Peço perdão para aqueles que alguma vez já tentaram entrar aqui e se frustraram, como já disse, não sei quebrar essas paredes ou abrir esse portão. É difícil para mim prestar muita atenção para as coisas a minha volta, meu universo me distrai o tempo todo, há sempre um turbilhão de sentimentos e sensações que eu não sei expressar. Elas vem e vão ao sabor do vento e eu permaneço olhando para o infinito enquanto tento entendê-las. É uma perda de tempo tentar entendê-las, eu sou muito confusa, mas não consigo evitar de me distrair. Quem conseguiria? Ser tão distraída vive me gerando problemas, desde ter dificuldade para me concentrar nas aulas e atravessar uma rua sem quase morrer atropelada até dificuldade em relacionamentos (afinal é uma falta de educação da minha parte não conseguir me concentrar o tempo inteiro no que as pessoas falam a minha volta). É frustrante. Tento me agarrar a algo, quando sinto minha mente se perdendo, mas quase nunca dá muito certo. Lá se vai ela, indiferente ao que se exige de mim do lado de fora.

Não que eu me sinta diferente ou esquisita por ter meu próprio mundo, todo mundo tem seu próprio mundo. O problema é que o meu é blindado a titânio e eu sou de mais acostumada a permanecer aqui dentro. Eu preciso sair, já que não consigo deixar ninguém entrar. Mas é um pouco assustador. Muito assustador. Deixar meu universo a parte. Quase sempre quando consigo prestar atenção de mais no mundo real eu acabo ficando paranóica e assustada. É extremamente assustador perceber que você não tem controle nenhum sobre o que acontece a sua volta, ao contrário do que acontece dentro da sua cabeça, que você tem os script às mãos (em tese). Sim, muito assustador. Você nunca sabe o que as pessoas podem fazer, você nunca sabe o que vai acontecer no próximo segundo, minuto, hora, que seja. Você não sabe de nada. E não pode fazer nada a respeito. Eu decididamente sou muito mal acostumada.

Nenhum comentário: