"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 17 de junho de 2012

Encontrar




Me sinto agitada e cansada, se é que é possível sentir as duas coisas ao mesmo tempo. Está um pouco difícil perceber o quão mal eu estou, mas sei que não estou bem. Posso perceber pelo jeito como minha psicóloga me trata e me olha, as coisas que diz e como diz, mas se eu me olhar no espelho não vou saber dizer o que meus olhos mostram, mal vou conseguir me reconhecer, não vou saber dizer porque estou fazendo as coisas que estou fazendo, porque de repente meus comportamentos compulsivos pioraram drasticamente, porque o mundo anda tão estranho, porque o choro anda tão fácil, porque me falta vontade de viver, de levantar da cama, de ter qualquer contato social. Por que? Não sei... Me sinto um pouco distante, um pouco perdida, não me sinto eu mesma, sinto como se assistisse um filme sem graça e que não me importasse com a protagonista (no caso eu) enchendo seus braços de cortes. É tudo muito longe, muito pequeno, muito sem importância. Não sei onde estou, em qual momento me perdi, me desliguei. Estou cansada só de pensar nisso. Fico irritada comigo mesma o tempo todo, com a protagonista desse filme idiota. Ela é uma retardada, burra, gorda e feia, odeio ela. Fecho os olhos às vezes quando estou no ônibus ou no metrô e me imagino em um lugar bem longe dali, onde não há pessoas nenhuma, um lugar aberto e livre, onde eu possa correr, correr para sempre. Um campo verde, flores, algo assim.

As pessoas me assustam, o contato me assusta. Nunca se sabe o que elas vão fazer, o que vão dizer, o que vão perguntar, todas elas me deixam terrivelmente nervosa. Sempre tenho a sensação que elas surgem do nada, falam muito rápido e se aproximam muito de mim. Fico me perguntando como eu pareço aos olhos delas, será que deixo transparecer o quão assustada estou? Ultimamente ando curiosa para saber como sou aos olhos dos outros, porque as pessoas me dizem muitas coisas que me incomodam... Dizem que eu pareço triste quando não percebo estar sentindo coisa alguma, dizem que eu sou extremamente fechada, que eu sou isso e aquilo, parece que algumas coisas eu demonstro demais e outras eu demonstro de menos e que nem sempre minha expressão facial condiz com meus estado de espírito interior. O que é bizarro, porque não é legal estar feliz e todo mundo ficar te falando que você parece triste, eu começo a ficar muito noiada com isso. Quero dizer, como assim triste? Por que eu pareço triste? Será que eu estou triste e não percebi? Eu estou triste? Eu sou triste? Será que minha cara sempre é triste? Não sei de nada, só estou um pouco cansada de mais. Outro dia dormi 20 horas seguidas, é meu record. E mesmo depois desse tempo todo na cama, ainda não tinha forças para levantar. É, talvez eu não esteja muito bem.

Talvez seja a época do ano, talvez seja a faculdade, talvez seja só eu sendo eu e a vida sendo a vida. Não sei. O que devo fazer? Eu quero um pouco de luz, quero uma pausa, quero um tempo para pensar, quero andar um pouco sem rumo, quero me encontrar por acaso em um lugar escuro, quero um abraço, quero ficar sozinha. O que devo fazer? Não, não, não gosto disso, não gosto daquilo. Sinto um aperto em meu peito. Não sei me defender, não acho que eu mereça ser defendida. Me sinto um pouco sozinha. Se eu me calar você vai conseguir me ouvir? Vai conseguir me entender? Vai mesmo assim me abraçar e dizer que está tudo bem? Falar me dói às vezes. Mas eu quero ser entendida, quero que alguém me entenda. De qualquer jeito continuo escrevendo, quase que compulsivamente, página atrás de página, em busca de não sei o quê. Um sentido, uma história, respostas. Sim! Respostas. Por que estou assim, por que sou assim, por que isso, por que aquilo. Um dia quero me encontrar de uma vez por todas, não me importo se isso vá me destruir, eu simplesmente preciso. Acho que todo mundo precisa.

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