"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Realidade e despersonalização



De repente... De repente... As coisas se tornam tão estranhas, tão devagar, tão irreais, olho para as pessoas que eu conheço desde sempre e elas parecem estranhas para mim, sorrio olhando para o mundo como se fosse a primeira vez, como se estivesse descubrindo um mundo novo, como se estivesse mergulhando em uma história que não é minha, observo de fora o que meu corpo faz, distante. De repente tudo o que sempre tive certeza se desfaz líquido logo a frente.

É como se algo se rompesse. Mas nem sempre é ruim... As vezes sinto vontade de rir, é tudo tão estranho. As vezes me desespero, tenho medo de estar morta, desse não-sentir, desse não-ser, dessa ausencia de mim, como se eu tivesse me perdido para sempre, então eu preciso de algo para sentir, para me encontrar, para provar para mim mesma que eu estou viva, bem aqui, em algum lugar aqui dentro. Foi por isso que começei a me bater, me arranhar, me cortar, não importa.

O que é real? As vezes eu me pego perguntando. O que eu estou vendo agora é verdade ou é só uma alucinação? Eu vi mesmo aquilo? Não pode ser verdade. Aquilo conteceu? Também não sei... O que sou eu? Quem é essa pessoa que mora dentro de meu corpo que eu tendo tanto a rejeitar. O meu passado existiu? O que eu fiz ontem? Onde eu estava? Porque estou aqui? As vezes não me sinto dona da minha vida... É como se alguma coisa na minha cabeça brincasse comigo, me desligasse por alguns minutos de vez enquando, bagunçasse minha cabeça, me fizesse sentir coisas, ver coisas, achar que coisas aconteceram ou deixaram de acontecer, é como se alguém só me permitisse ver minha vida em flashes, o tempo da saltos, ele é roubado de mim, me vejo em um lugar e de repente em outro, sem saber o que fiz nesse meio tempo.

É como o nome do meu transtorno diz. Borderline. Vivo na fronteira de um surto, da loucura. A um pequeno passo disso.

É uma benção e uma maldição que quem sofre com a despersonalização consiga manter sua analise crítica. Nós temos consciencia de que isso não é normal... Consciencia de que nada disso é real e que estamos vivendo uma crise. É como se... você estivesse se assistindo ficar louco. O que é desesperador. Um louco não sabe que é louco, não percebe que está ficando louco. Nós percebemos.

É desesperador... Mas nós percebemos. Nossa razão está viva ainda em algum lugar dentro de nós. O que é consolador também se visto dessa forma... Não perdemos a cabeça, ela só está com um pouquinho de defeito imagino.

Nenhum comentário: