"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Crianças abandonadas



Toda criança precisa de atenção, carinho, contato afetivo, sensação de segurança, conforto e amor. Mas o que acontece quando isso não existe ou vem de forma falha e confusa? Crianças solitárias, fechadas e cheias de olhares assustados não são um bom sinal. O que acontece quando uma criança cresce em um ambiente onde ela tenha que ficar todo o tempo em alerta, esperando ser surrado a qualquer momento por qualquer pequeno erro, esperando a próxima vez que alguém vai passar a mão em seu corpo de forma errada e dolorida, esperando um xingamento qualquer, alguma coisa que faça ela se sentir errada e má, suja. O que acontece com uma criança que cresce cercada de críticas, em um ambiente duro de mais, onde abraços sinceros e carinhosos não existam e a palavra amor é completamente desconhecida e surreal, coisa de conto de fadas. O que acontece?


Onde está seu filho agora? Você sabe? Você conhece o ambiente que ele vive todo o dia? Conhece todas a pessoas a sua volta? Quando você acha seu filho chorando escondido em um canto você ignora e finge que tudo vai bem ou você procura saber quem são os monstros que o atormentam? Você é o monstro do seu filho?


Pessoas que fazem coisas ruins nunca se vêem como más. Nunca percebem ou admitem o mau que fazem... Isso é horrível. Sabe quem se sente culpado no final? A própria criança. Afinal... Deve ter algo errado nela para que as pessoas a castiguem tanto... As pessoas são castigadas quando fazem coisas ruins, é uma lógica simples. Portanto, ela começa a se enxergar como sendo ruim e errada, começa a pensar que merece tudo o que fazem com ela. É um começo tímido de algo horrível que vai persegui-la pelo resto da vida.


Uma criança sem base se torna um adulto problemático e incompleto. E há poucas coisas que podem ser feitas para se concertar o buraco deixado pelos anos de sofrimento, principalmente quando esses anos correspondem aos mais importantes para a formação da personalidade e tudo o que somos. Por trás de nós, borderlines, esquizofrenicos, depressivos e tantos outros, há crianças assustadas e perdidas, mentes e almas destroçadas, vidas interrompidas que caminham cambaleantes sobre uma areia movediça, sempre disposta com todas as forças a nos empurrar para a escuridão. Não somos muito mais do que isso: crianças. Precisamos do seu amor, entenda. Precisamos construir a base da nossa vida que está faltando, tenha paciência e um pouco de compaixão. Vocês nem imaginam como todo e qualquer apoio é vital para nós.


Toda criança precisa se sentir aceita e amada. Eu preciso me sentir aceita e amada. Eu me agarro a minha psicóloga como uma náufraga... Totalmente desesperada. Eu amo ela, e preciso que ela me ame. Saber que eu vou vê-la e receber um simples elogio pelo meu progresso me anima de tal forma e me da tanta força que até eu mesma percebo o grau de infantilidade e carência que isso é. É engraçado... Ela é uma boa psicóloga, é visível que ela está tentando fazer eu me tornar o mais independente possível dela e de qualquer pessoa. Mas me apavora a idéia de que um dia eu possa não precisar mais desse apoio, por mais incoerente que pareça. Eu luto com tudo o que eu tenho para mostrar para as pessoas que eu amo que estou bem e que vou continuar melhorando, assim eu tento não ser um peso muito grande e tudo o mais... Mas tenho tanto medo ainda de ficar sozinha. Quando eu era pequena ninguém nunca caminhou de mão dada junto comigo e eu precisava dessa mão. Ninguém nunca apareceu para me salvar, e o pior é que eu tinha já tanta certeza que ninguém me salvaria que nem sonhar eu sonhava. Agora eu tenho duas mãos onde eu posso me segurar e me agarro a elas com tanta força, por uma questão de sobrevivência, que você simplesmente precisa ter um pouquinho de paciência, eu te peço.


Cuidado com suas crianças, ok? Eu imploro. Ninguém precisa passar por isso. Ninguém merece passar por isso.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Sáh, tbem me apavora a idéia de que eu não venha precisar mais do apoio da minha psicóloga...sempre depois da terapia eu fico muito mal,com muita saudade dela...então "falo" com ela por torpedo...isso tem me ajudado. e vc, depois da terapia o que sente?

Unknown disse...

logo após a sessão eu me sinto bem, mas a medida que o tempo vai passando eu vou ficando nervosa para ver ela de novo! Principalmente se os dias estiverem difíceis! Gosto muito mesmo dela... Por sorte eu vejo ela duas vezes por semana, ou seja, não passa mto tempo de uma sessão para a outra... Mas quando eu estou mal parece uma eternidade. As vezes ligo pra ela, mas não é a mesma coisa! Preciso vê-la... faz eu me sentir melhor.

Anônimo disse...

Eu faço uma sessão por semana...me parece uma eternidade!Bom na verdade gostaria de vê-la todos os dias...rs...até enjoar. bjs!