"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Dizem que onde há desejo, há vida.



Minhas pernas inquietas não param. Sinto uma vontade quase insuportável de agitar os dedos diante de meus olhos ou torcê-los contra os da outra mão, mas sei que isso seria esquisito, então tento me controlar. Pensar no dia seguinte me assusta, que dirá no futuro. Quero morrer. Quero acabar com tudo. No entanto a vida não dá trégua. Os altos e baixos continuam totalmente indiferentes aos meus planos e pensamentos. Às vezes imagino que permanecer pior para sempre é melhor do que a tortura do redemoinho inconstante que é chegar ao fim do poço a cada piora. Seguida de uma melhora só para da próxima vez sofrer a mesma queda, dia após dia a mesma tragetória, como se fosse a primeira vez. Inferno, céu, inferno, céu, inferno, céu, inferno. É uma montanha russa sem fim. Estou tão cansada de dizer que não aguento mais. De que adianta? A vida continua, indiferente, como sempre.

Me sinto em meio a um mar agitado, sem saída, sem energias, sem nada a vista. Não tenho rumo, não tenho objetivo, nem razão para permanecer viva, nada. Eu só sou arrastada de um lado para o outro, só. E agora? E agora? O pânico vem e vai esporadicamente, sem grandes motivos. Minha cabeça dificilmente consegue permanecer muito tempo na superfície. Ela afunda, em um mundo molhado, frio e esquecido, inexistente. E não há nada que eu possa fazer. Às vezes dou algumas braçadas, quando consigo juntar forças o suficiente para tal, mas logo elas se mostram inúteis. Não adianta uma criatura tão pequena e frágil como eu lutar contra um oceano inteiro. Não adianta. Aos poucos o universo secreto do mar me atrai. Talvez o mundo ali embaixo seja melhor do que o lá em cima, quem sabe? Quem sabe ali embaixo nada terrível aconteça? Quem sabe ali eu possa ser livre? O ser humano tem o péssimo hábito de estar sempre atrás de esperanças mesmo quando tudo está claramente acabado. Então, no fundo do poço, até a morte é uma fonte de esperanças, até isso. Nada escapa. Você sorri para ela, tolamente, acreditando ter achado a resposta, quando aquilo não passa de um fim, frio, insignificante e triste.

Eu não ligo. Não consigo deixar de gostar da idéia. Nada é pior do que sobreviver, do que se ver obrigada a aguentar dia após dia esse inferno. Já se passaram tantos anos e no entanto ainda me vejo obrigada a aguentar minhas lembranças e resquícios daqueles momentos terríveis. Não aguento mais. Eu preciso gritar, preciso fazer algo, realmente preciso. Mas a única coisa que consigo fazer eficientemente é bater minha cabeça na parede e abrir minha pele com qualquer coisa cortante que me cair em mãos. É patético. Onde irei parar dessa vez? O quão longe irei? Será o fim dessa vez, afinal? Espero que sim, torço para tal, rezo, desejo. Dizem que onde há desejo, há vida. Quem sabe...

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