"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Cortejando a morte



Ando acumulando medos, tantos que nem consigo saber para onde eles estão apontados, tantos que acabo tendo que vencê-los todos os dias simplesmente fazendo o que eu sempre faço. Porém, vencer um medo uma vez, ou sobreviver a ele, não significa que ele vá desaparecer. Não... O medo não some, não é 'superado', ele permanece bem ali, latente, pronto para te dominar na primeira fraqueza. Vencer isso, todos os dias, é um exercício mental extremamente cansativo. É preciso se lembrar sempre que o medo é irracional, e que se você respirar bem fundo e conseguir pensar com um pouco de racionalidade que seja, vai ver que tudo o que te faz tremer e chorar como uma criança não passa de coisas tão irreais, improváveis e sem motivo quanto um amigo imaginário ou um monstro no armário.

Apesar de tudo, o medo existe. Tenho vários. Tenho medo de pessoas, de contato físico indesejado, de lugares cheios, da solidão, de mim mesma, de homens, de pensamentos, de ser abandonada, da faculdade, do futuro, do passado, do presente, de tomar decisões, de me abrir, de viver, de tudo. Estou sempre me perguntando como eu continuo vivendo, ou sobrevivendo, seria a palavra mais certa. Tenho a impressão que se tivesse real controle sobre a própria vida, eu já teria acabado com ela. São tantas coisas me atormentando, tantos motivos para dar errado, tantas lágrimas para serem derramadas, tanta dor para ser sentida. Por que eu estou aqui? Por que eu continuo andando como um zumbi para cima e para baixo? Não há nada para mim aqui ou em lugar algum, não há mais nada. Eu tenho muito mais medo da vida do que da morte... Na verdade acho que nunca tive medo da morte. A morte sempre me atraiu, atiçou minha curiosidade, fez meu coração bater mais rápido com aquela ansiedade de quem quer e não tem.

Ando dando voltas, cortejando-a, experimentando-a, pensando nas possibilidades, nas chances, nas consequências, nos motivos. Pensar nisso; fazer isso, me deixa feliz, me anima. Não me importo o quanto os que são da vida achem isso idiota. Acho que só alguém que pense como eu para entender. Olho para trás e a única coisa que eu vejo são anos e anos de sofrimento calado, escondido atrás de mentiras, sorrisos e manias. Nada faz sentido, nada segue uma lógica, nenhuma dessas lágrimas foram transformadas em algo 'construtivo' como as pessoas costumam se referir a algum evento ruim. Não... Tudo não passa de anos desperdiçados, jogados fora sem se pensar duas vezes, arrancados sem dó. Acontecimentos horríveis transformados em coisas piores ainda. Sentimentos empilhados displicentemente em forma de vulcão. Nada útil, nada reaproveitável, nada. Nenhuma lembrança, nenhuma pessoa do jeito que eu preciso, nada. Não preciso de mais uma chance para saber qual vai ser o resultado, já vivi tempo suficiente para saber, para entender que não existe saída. A única coisa que eu preciso no momento é de um bom plano.

2 comentários:

Mother Mary disse...

Death isn´t pretty
Death isn´t honorable
Death isn´t a solution
Don´t fear it,
but don´t crave it.

Anônimo disse...

Eu pensei, você escreveu.