"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Somos infinitos



Eu sei que nem sempre é verdade, mas na maioria dos casos a gente se arrepende mais do que a gente nunca fez do que o que a gente já fez. Quero dizer, é mais triste olhar para trás e não ver coisa alguma do que olhar para trás e ver um monte de merda. Quando eu olho para trás, vejo que todos os erros que na época tanto me fizeram sofrer, hoje quase não possuem importância nenhuma e estão ali, em seus cantinhos, como mais uma experiência e algo que muito provavelmente eu não vou fazer de novo, mas que foi bom eu ter feito. Mas foram poucos erros. Eu sou naturalmente cuidadosa, mas quando meu monstro vem a tona, me torno uma impulsiva autodestrutiva. Tanto a Sabrina quanto o Monstro já cometeram erros, e por mais que na época eu quisesse me matar por cada um deles, hoje eu não ligo. Para ser bem sincera queria ter perdido o controle da situação mais vezes, mas isso é um segredo, cá entre nós. Queria ter bebido mais enquanto podia, queria ter experimentado mais drogas, queria ter dançado mais vezes, queria ter ido a mais shows (esse ano eu fui em meu primeiro show, com 20 anos nas costas). Eu queria ter conversas regadas a vinho, discussões, sexo! Queria ter sido mais feliz.

O grande problema é que na maior parte de toda a minha vida eu estava ocupada de mais me sentindo desconfortável para me divertir e ser feliz. Eu pintava minhas mentiras cuidadosamente, diariamente, para enganar a mim mesma e caso alguém ou alguma coisa tentasse me tirar desse meu transe, eu rapidamente me tornava agressiva e arisca, me fechava mais ainda, serrando meus pulsos com minha raiva sempre um pouco desproporcional de mais. Eu não tinha muito tempo para cometer os "erros" que todo mundo cometia. Eu não tive muito tempo para ser criança ou adolescente e nas pequenas escorregadas que eu dava eu me arrependia tanto e tão amargamente que não seria surpresa se hoje eu ainda estivesse no mesmo transe que eu estava quando era pequena. Mas ninguém é perfeito. E por mais que eu quisesse ser, graças a deus, eu nunca cheguei nem um pouquinho perto disso. E aos poucos toda a imagem que eu pintava sobre a minha história, sobre a minha vida, foi se rachando e quebrando e por fim, a realidade veio a tona.

Hoje a principal coisa da qual eu me arrependo é a de ter gasto tanto tempo mentindo para mim mesma, desperdiçando os anos que deveriam ser leves, agradáveis e felizes. Tenho poucas lembranças felizes. Eu correria o risco de me perder para ter mais desses lembranças. Afinal como a vida pode valer a pena sem elas? Que histórias eu vou contar para meus filhos? Do que eu e meus amigos vamos rir quando ficarmos mais velhos? Eu invejo muito pessoas que já fizeram um monte de besteiras na vida. Minha vida foi sempre tão regrada e eu quase nunca tive a coragem para quebrar essas regras. Mas estou tentando. Estou tentando participar. Como Charlie, daquele livro do Stephen Chbosky.

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