Ela tem tanto medo de se sentir culpada que peca por excesso e por falta. Só se mexe quando corre o risco de receber a tal culpa e quando se mexe é movida pelo exagero e pela ânsia de tentar suprir a ausência causada pela indiferença; quando a noção de culpa parecia distante e irreal. Ela foge e deseja a fuga, mas sempre volta para o mesmo lugar. Tantos problemas e nada para aliviá-los. A máscara que ela veste é a da indiferença ou a da preocupação? As duas? Nenhuma? Perdida, confusa. O que ela quer? Para onde vai? O quanto está disposta a renunciar, sendo que escolher é renunciar, para conseguir o que quer? Tudo? Nada? Nem ela sabe.
Transita entre pessoas, festas, amizades, bebidas. Tantas em quantidade, quantas em qualidade? Presa se fazendo de livre, o que importa é parecer bem. Sonha ser útil, tendo a utilidade uma definição esquisita aos seus olhos, nada sabe, pouco faz, muito lamenta, muito se culpa, muitos medos e inseguranças. Que desaparecem assim que algo novo surge ou alguém novo entra em cena. O que importa vem dos olhos para fora, vem de uma nova amizade para uma nova amizade. Comunicativa, simpática, de aparente fácil convivência. Indiferença. Tanto faz. Claro que gosto de você. Desaparece mais rápido que qualquer coisa, líquida, inconstante, nada de compromissos, inconfiável. A culpa é sua, a culpa é minha. Vamos viver o hoje. Pensando no futuro de forma tão dolorosa quanto no passado.
Cortes e sangue entre nós, tragédias, traumas, coisas aprendidas, esforço nenhum para superá-las. Todo o esforço do mundo. Mude. Melhore. Desculpas e erros repetidos. Lágrimas. Conversas e não-conversas. O que posso fazer? Para mim ela é perfeita.
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