"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 18 de dezembro de 2011

O dia em que as despedidas não serão mais necessárias



Um aperto no peito, solidão  e perda de sentido. Há tantas coisas entre nós, tantos problemas, pessoas, proibições, regras, brigas. Pedras e mais pedras que me irritam terrivelmente. Eu não sei o que fazer, nem você, mas você tem infinitas válvulas de escapes, eu não. Minha dor é certa e sempre crescente, não sei lidar com ela, não quero lidar com ela. Sou especialista em fugas. Olho para os lados. E agora? Agora nada, não sei, não quero, não qualquer coisa. Preciso de direções, uma bússola, uma mão que me guie, alguém que me diga o que fazer, um amigo. Um amigo? O que significa amizade? A cada ano que passa mais eu desconfio dessa palavra, acho que nomeio as pessoas erradas com esses nomes e as certas se perdem em minha mente, em minha vida, há quilômetros de distância. Tenho dificuldade de lembrar da existência das pessoas quando elas parecem distantes aos meus olhos, assim, não peço ajuda, não converso, não faço nada. Todos parecem ter morrido e eu fiquei, ou eu morri e eles ficaram, algo assim.

Estou cansada de nada fazer, de tanto pensar e ter a vida a passar em algum lugar distante. Me sinto uma visitante de tudo isso, alguém que só existe de vez em quando, e quando existe, sente tudo a volta com estranheza de quem não pertence a esse lugar. Deixei parte de mim perdida em outro universo qualquer, ou outro universo qualquer roubou parte de mim, acho que é por isso que odeio despedidas. Sinto que a cada adeus, um pedaço de mim também me deixasse. Dessa forma vou sumindo todos os dias. Isso é no mínimo desconfortável. Tenho medo. Sou extremamente insegura quanto a tudo. Como você pode me garantir que nos veremos de novo? Preciso de provas, preciso de algo palpável, preciso sentir em minhas mãos que você vai voltar. Preciso que você deixe algo comigo, ao invés de ser eu sempre que deixe algo com você. O que é impossível.

As vezes vai, as vezes volta. Tudo imprevisível de mais. Todos os lugares me lembram ele, um amigo me disse. É... Todos os lugares me lembram ela. Dói lembrar. Porque o tempo não volta, as pessoas dificilmente voltam, e as dificuldades de hoje, serão as de amanhã e assim por diante por tempo indeterminado. Minha mulher tem mania de esperar de mais do ano que está por vir, ela pinta o futuro de uma forma que aos meus olhos parece brilhante. Tudo vai ficar mais fácil, você vai ver. Não sei dizer se as coisas ficaram mais fáceis, ou foram nós que aprendemos a contorná-las de forma mais eficiente. Estou mais para a segunda opção. Ainda espero o dia em que poderemos ser quem somos sem mascara nenhuma, sem medo e sem vergonha. Simplesmente duas meninas de mãos dadas. Nada que interesse aos outros passantes, nada de errado, nada de estranho. Só duas meninas. Sem família nenhuma a proibir coisa alguma, sem igrejas, sem deuses, sem regras sem sentido, sem brigas inúteis, sem gritos, sem lágrimas, sem grandes dramas, sem essa frescura toda irritante.

Nenhum comentário: