"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Vai ser sempre assim?



Eu só queria acreditar nessas palavras e em tantas outras que me dizem, mas simplesmente não dá. Às vezes tento ignorar o jeito como as pessoas olham para as cicatrizes em meus braços, tento não me importar, às vezes chego a quase a me divertir me perguntando quais hipóteses aquela pessoa está formulando para explicar um braço tão feio quanto o meu. Mas a verdade é que tudo isso dói. A verdade é que ser eu é um peso e uma dor constante. Mas tudo bem, eu digo para mim mesma, não posso fazer nada quanto a isso. O máximo que eu posso fazer para que eu me sinta melhor é tentar não dar importância a isso. Às vezes é pior, quando alguém pede para que eu vista uma blusa ou abaixe minha manga... Sinto como se tivessem vergonha de mim, do que eu sou, de tudo. Tenho vontade de ser invisível, de desaparecer para sempre e nunca mais ser motivo de olhares atravessados ou perguntas embaraçosas. Mas tudo bem, digo para mim mesma, vai ser sempre assim, o melhor que eu posso fazer é ir me acostumando. Já estou quase me acostumando, só às vezes que ainda dói como antes, mas aos poucos espero que isso deixe de ter importância.

Mas por mais que eu me acostume, por mais que o fato de ser quem sou deixe de ser motivo de dor e vergonha para mim. Eu nunca mais vou conseguir acreditar nessas palavras. Eu choro quando alguém diz que me acha normal porque eu sei que não é verdade e daria tudo no mundo para acreditar que é. Eu me olho no espelho e mal me reconheço, eu odeio meu corpo, odeio o que fiz comigo mesma (e continuo fazendo porque com certeza eu ainda vou me cortar de vez em quando, simplesmente porque um vício não desaparece de uma hora para outra). Eu nunca tive muita auto estima mas quanto mais o tempo passa mais negativo fica meu saldo para com ela. Vontade de chorar às vezes, terminar de me matar de uma vez por todas.

Há um tempo atrás, não muito tempo atrás, minha psicóloga disse que é normal meu tratamento ser tão instável quanto minha personalidade (é difícil eu me dar bem com algum remédio durante muito tempo, não demora muito para eles pararem de fazer efeito). Foi como se minhas últimas esperanças tivessem sido abortadas cruelmente. Desde então a mesma pergunta permanece ecoando em minha mente: "Vai ser sempre assim?". Vai ser sempre assim? Um sintoma surgindo atrás do outro, crises cada vez piores, perdendo uma habilidade atrás da outra e me tornando cada vez mais problemática? Não pode ser... Minha visão embaça e há muito tempo eu desisti de enxugar minhas lágrimas. Por que eu permaneço caminhando? Por que eu acordo de manhã? Por que eu me esforço tanto para continuar parecendo uma pessoa normal, ir para a faculdade, fingir que penso no futuro e sonho como todo mundo. Não consigo me ver trabalhando, não consigo me ver se quer terminando a faculdade. Não sei o que faço aqui. Me sinto um desperdício de espaço, de tempo, de dinheiro, de paciência. O que faço aqui?

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