"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Contradições



Não sei ao certo dizer se meus dias estão indo bem ou mau, mas sei que me sinto dentro de uma grande camisa de força, sei que estou instável apesar dessa camisa porque ainda chego muito perto de perder o controle quando fico com raiva... E eu tenho ataques de raiva com muita frequência. Sinto que perdi a sensibilidade as vezes, sinto que sou uma parede de concreto, que morri, que estou fora do meu corpo, bem longe, que nunca nasci, que tudo não passa de uma grande mentira... Mas então, sem avisar, eu volto a vida e meu peito dói de uma forma insuportável, simplesmente por doer, a respiração fica difícil, as lágrimas as vezes ameaçam sair, mas o que predomina é a vontade de bater minha cabeça contra a parede para tentar recolocar as coisas no lugar, desmaiar, morrer, ou então me cortar e me cortar e me cortar... É um desespero que não consigo colocar em palavras. E as pessoas ainda querem que eu me controle mesmo sentindo isso, é loucura, nunca vou conseguir me controlar totalmente toda a  vez em que meus sentimentos fogem do script.

De qualquer jeito vou existindo, deixando a vida passar... Me sinto lerda e burra por causa do medicamento novo, é ele também que me deixa a sensação de ter a mente presa por uma camisa de força. Eu odeio essa sensação, mas odeio mais perder as rédias da minha vida para a minha doença. Mas não deixa de ser ruim... Muito ruim. Queria poder encontrar o equilíbrio, a cura, a solução, todas essas coisas que não existem. Eu nunca vou melhorar de verdade, fico repetindo para mim mesma tentando me acostumar com a idéia, mas não adianta muito. Vai fazer dois anos que eu carrego esse diagnóstico e ainda não me acostumei com a idéia, ainda não me aceitei, ainda não consegui compreender... Hoje lembrei de coisas ruins, ouvi coisas ruins. Quero falar sobre isso com alguém acho, não, falar não... Quero vomitar isso de alguma forma, não sou boa com palavras. Mas vomitar, muito menos falar, não consigo... Se começo a pensar logo desisto de tentar fazer qualquer coisa, algo barra meu cérebro e cala a minha boca automaticamente. A verdade é que quero botar pra fora mas não quero pensar, não quero que nada disso passe pelo meu cérebro. É tipo como quando você tem um saco de lixo e você simplesmente quer que ele desapareça, você não quer sujar suas mãos pegando ele e colocando para fora de casa.


É... Não quero tocar nisso... Prefiro deixar quieto, prefiro meu silêncio, minha paz de faz de conta, minhas mentiras e fugas. Mas... Eu disse que me esforçaria, disse que falaria, disse que tentaria não me fechar tanto. Ninguém imagina o quanto isso é difícil, cresci agarrada às minhas defesas, não sei caminhar sem elas. Tem dias em que eu só quero abraçar minhas pernas e ficar sozinha no meu canto, porque a dor é forte de mais, o vazio, ou então a raiva incontrolável, o ódio consumindo minhas entranhas. Quero o silêncio, o nada, o ninguém, ao mesmo tempo quero algo que me prenda à realidade, alguém blindado para sacudir meus ombros e me trazer de volta, o tudo e o nada, sempre me perseguindo, o quente e o frio, extremos, extremos e extremos. Estou tão cansada dessa contradição ambulante. Desse monstro e dessa vítima que moram dentro de mim. Não sou nada disso, sou? Sou tudo isso? Não sei, não sei. Não importa, daqui a pouco passa, nada dura muito em minhas mãos, tudo se transforma, tudo muda, renasce ou se destrói. As duas coisas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como está? Saudades... Agradeço sempre, pela força que me dá... direta/e ou indiretamente! bjs! fui!

Unknown disse...

olá! me desculpe o sumiço. Eu estou indo relativamente bem, pelo menos melhor do que há um tempinho atrás =] e vc??