"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 29 de abril de 2012

Esperança [sic]



Até quando, até onde. Está tudo indo bem e eu mal, estou sempre mal. Eu daria tudo no mundo para não precisar levantar da cama amanhã de manhã, preciso de um tempo, preciso de ar, preciso de um abraço constante. Preciso gritar, preciso correr, preciso que alguém me veja chorar todas as lágrimas que eu passei a vida escondendo e segurando. Falar e falar e falar, sem pensar, sem medo, de um jeito que eu nunca fiz e creio que nunca vou conseguir fazer. Tudo me aborrece, me cansa. Sinto o mundo se afastar de mim, as pessoas, tudo, mas não é o mundo que está se afastando, sou eu. E eu mal consigo perceber. Onde estou? Será que a cada vez que eu voltar de uma piora eu vou perder algo de mim? Pouco a pouco definhando em meio a minha loucura. Será que é isso? Eu já perdi a conta de quantas vezes eu desaprendi tudo o que a terapia que eu já faço há dois anos me ensinou. Sou como um bebê que nunca cresce, todo o dia eu preciso que alguém segure minha mão e me ensine a caminhar sozinha, para no dia seguinte eu esquecer tudo o que aprendi e precisar novamente desse apoio e assim por diante em um ciclo sem fim. Quando afinal me tornarei independente? Aos 40 anos? Aos 50? Nunca?

É patético. Não deveria ser tão difícil assim simplesmente existir, mas para mim é. As pessoas tentam ajudar, sugerem algo, aconselham, mas nada serve muito bem em mim, nada se encaixa muito bem a minha realidade. É mais fácil falar do que fazer. Fazer com que alguém entenda minha dor, sua intensidade e constância, o fato de ser algo impossível de se ignorar e acostumar, é difícil. Ela existe e eu preciso me livrar dela. Não conseguirei descansar até ter tirado tudo o que me mata aqui de dentro. Mas como fugir de algo que faz parte de você? Essa dor, esse incomodo, esse pessimismo e falta de habilidade social, tudo isso faz parte do que eu sou. O meu monstro não é nada mais do que características minhas que eu rejeito reunidas em um personagem criado por minha mente, por defesa, por negação, por covardia. Eu o odeio. Eu me odeio. Mas ainda assim, isso sou eu. E não há nada que eu possa fazer para mudar isso.

Sim, nada muda o que nós somos em essência. Mas posso ao menos mudar a forma como lido com o que sou. Posso talvez parar de me odiar, parar de perder tempo me punindo, me deprimindo, me destruindo. Talvez, talvez... Quem sabe. Quem sabe eu possa me orgulhar de ser quem sou, quem sabe eu possa acreditar em mim mesma, quem sabe... Um dia talvez? Será possível? Um dia talvez eu olhe no espelho e reconheça o que vejo, com carinho, com compaixão e paz. Quem sabe? Só preciso descobrir por onde eu começo. Para qual lado eu devo virar? Minha visão embaçada me impede de ver muito longe, não sei para onde ir. Caio como um bebê que nunca cresce. Todo o dia esquecendo o que aprendi no dia anterior. Quando afinal me tornarei independente?

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