A vida passa diante de seus olhos, escorrega pelo seus dedos e abandona seus ouvidos. O que eu estou fazendo? Não sei, ninguém sabe. Aos olhos alheios tudo parece fazer sentido ou ter um propósito, aos meus tudo não passa de idiotices. Mas para esses idiotas, a ilusão de felicidade os satisfaz, enquanto para mim a realidade dura e fria ao invés de abrir meus olhos parece me tornar mais cega que a pessoa mais cega da face da Terra. Quem é o idiota afinal? É nesses momentos que entendo porque o não questionar e o conformismo são louvados como fé e humildade, porque a fraqueza é louvada como força e porque o mundo inteiro é um avesso contraditório.
Existir só por existir, sem grandes motivos, "missões" de vida ou sei lá o que, tem sua bênção e sua maldição por trás, não me sinto mais vigiada por um ser invisível e todo poderoso, não me sinto devedora de nada, não tenho mais vergonha e medo de ser quem sou, porém, agora, quem vigia meus passos sou eu mesma, o peso da culpa e dívida repousa sobre mim, como se ao invés de ser escrava de um deus, eu tivesse me tornado escrava da minha própria mente. Não há ninguém mais que eu possa culpar pelo que me acontece na vida se não eu mesma, não há ninguém mais que eu possa pedir por dias melhores se não para meu próprio esforço e atitudes. Tudo isso, apesar de me soar como uma existência mais sincera e realista, me pesa, me torna solitária.
Mas eu escolhi viver assim,prefiro ser meu próprio demônio e salvação do que sentar e esperar tudo cair do céu, ter a ingenuidade de culpar um ser invisível pelas meus erros, azares e desencontros. Acredito que isso seja ser livre. Liberdade não é fazer o que se quer, mas assumir a responsabilidade pelas suas escolhas e atitudes, liberdade é mais do que correr sem nunca encontrar um muro a frente, é poder e ter forças suficiente para derrubá-los. Espero um dia ser realmente livre.
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