"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 11 de agosto de 2013

Quebra-Cabeça



Se meus olhos se fecham é preciso ter cuidado para minha mente não sair voando. Não que voar seja algo ruim, mas ela pode não encontrar o caminho de volta, esse é o problema. Canto a música que meus ouvidos escutam de lugar nenhum, vivo a história que minhas lembranças pintam, quem sou hoje? Onde estou? Abro meus olhos e vejo que minha mente não foi para lugar algum afinal, tudo não passa de sensações, estou cercada de sensações, estranhas, instáveis, invisíveis... Sensações. Sorrio. Como o mundo está estranho hoje, não? Olho para minhas próprias mãos porque isso se tornou só mais um vício. E como sempre, tem algo de errado com elas. Tem sempre algo de errado comigo. Viro minhas mãos e encaro as palmas das mesmas, eu só queria saber porque eu não sou eu. E por que é tão difícil ficar aqui e agora, ser algo aqui e agora. Se eu tiver um espelho essas sensações são mais intensas e eu posso passar um bom tempo olhando para meu próprio reflexo, me divertindo vendo tudo o que eu sou mudando como as fases da lua, volátil como a água, confuso, incompleto.

De novo. Os pensamentos giram no ar e meu equilíbrio desaparece por alguns instantes. Eu sou nada. Sumi, morri. Onde estou? A vida volta com tudo e eu sinto ânsia de vomito. Tudo pesa. Tudo dói. Mas quando estou anestesiada é pior. Prefiro a dor, porque quando estou anestesiada eu posso fazer qualquer coisa. Qualquer coisa. É fácil se destruir, abro cortes cada vez mais fundos em meus braços, sorrindo, ansiosa para voltar a sentir. A sentir qualquer coisa, mesmo a dor, porque até a dor é melhor do que a sensação de não existir, não sentir, não respirar, não tudo. Entende? Eu preciso sentir, sou viciada em sentir, como posso existir sem sentir? Eu preciso... Posso fazer qualquer coisa. Qualquer. Isso me assusta, faz com que eu roa as unhas nervosa, com medo da pessoa que eu sou, ou me transformo em, quando a vida me priva das sensações. São sempre as sensações. Estou sempre reclamando das mesmas sensações que, quando não as sinto, é como se morresse.

Quem sou, quem sou... Estou tão perdida, constantemente perdida em mim mesma. Se vivo ou não vivo, se sou ou não sou, se sinto ou não sinto, 8 ou 80, frio ou quente, depressão e euforia, calmaria e agitação. Tanto faz. Minhas mãos pesam no teclado como se fossem feitas de pedra e eu vomito essas palavras inúteis. Quero que isso pare de acontecer, mas antes de me sentir assim, rodeei meu computador até sentir algo que me impulsionasse a escrever. Vivo procurando o que me destrói, é minha sina, e eu preciso desse algo que me mata para me sentir viva, é assim que as coisas são.

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