Ela me perguntou do que eu quero tanto fugir e isso ficou na minha cabeça, pesando em meu cérebro como um pedaço de chumbo. Do que eu quero tanto fugir? Primeiramente de tudo o que possa remotamente me lembrar do passado. Quero sair desse maldito prédio, desse apartamento em que eu sou obrigada a esbarrar em pessoas que, o fato de eu nunca ter conseguido conhecê-las direito, me dói terrivelmente. Quero ir para o mais longe possível dessas pessoas que até hoje eu não consigo olha-las nos olhos, como igual, com um orgulho que eu nunca tive nem nunca vou ter. Eu quero fugir desse aperto em meu peito que me pega desprevenida e torna o ato de respirar quase insuportável. Eu quero fugir das paredes do meu quarto, porque quando a luz bate em minhas cortinas, eu me sinto de novo como se tivesse 12 anos de idade... Eu sinto de novo, todos os meus sonhos serem quebrados um a um, eu sinto de novo o medo, a dor, a vergonha, a culpa, o peso de um universo que eu não nasci com capacidade para suportar. Eu quero fugir desse universo que a vida me obrigou a conhecer tão bem. Quero que meu corpo pare de tremer toda vez que as coisas voltem e o desespero seja tão assustador e real que eu sinto que seria capaz de qualquer coisa para fazer isso parar. Eu sou capaz de qualquer coisa.
Eu não quero só fugir da minha vida, quero fugir de mim mesma, de tudo o que eu sou ou nunca consegui ser. Quero fugir do meu monstro, quero fugir da Sabrina que me olha pelo reflexo do espelho, quero fugir de quem o mundo pensa que eu sou, de mim toda, enfim. A verdade é que a sensação de que há algo de muito errado comigo me acompanha desde quando eu consigo me lembrar... É extramente difícil para mim mesma conseguir me aceitar, que dirá amar e respeitar. Eu não me amo, eu não me respeito, muito pelo contrário. Se o mundo um dia me desejou mal, com certeza eu mesma me desejei muito mais. E esse é o grande problema. Ao mesmo tempo em que lamento minha (falta de) sorte, não paro de desejar coisas ruins para mim mesma. Uma contradição ambulante. Quero fugir de toda essa raiva que eu guardo para comigo mesma, quero fugir das lâminas, das farmácias, dos hospitais, das clínicas psiquiátricas. Quero fugir dos meus remédios. Eu quero uma vez na vida... Conseguir viver. Sem lágrimas, sem dor, sem medos, sem lembranças ruins, sem nada, só um sorriso no rosto e a certeza de que o amanhã pode ser sim melhor do que hoje e, com certeza, muito melhor que o ontem. Fugir? Você pode chamar de fuga, eu chamo de sonho.
E se a morte é o único caminho que pode me dar isso, então sim, eu sonho constantemente com a morte. Mas ela me lembrou... que eu não posso adivinhar o que acontece depois que a gente morre. E eu fiquei pensando... Sim, eu não posso. Mas existe sonhos, que valem a pena se arriscar por. É o que eu penso. Eu sou capaz, eu sou capaz de fazer muita coisa para conseguir o que eu quero e isso às vezes me assusta. Mas no fim, quem não é capaz? É a sua vida. Tem algo de muito errado com ela e você precisa consertá-la. Você já tentou tantas coisas que já nem se lembra mais e há um caminho bem a sua frente, fácil, rápido... É tentador. Pessoas mais fortes do que eu obviamente não escolheriam esse caminho, mas eu não me importo muito, estou tão cansada de fingir ser forte, de fingir que suporto a vida que levo, de fingir que está tudo bem. Tudo o que eu quero é uma oportunidade, e parece que eu não vou ter ela se não desse jeito.
4 comentários:
Olá Sabrina,
Acredite, eu entendo o que você sente. Esse cansaço, esta desilusão, esta culpa por ainda estar aqui. Eu sei. Não estou aqui para te dizer algo que vai mudar sua vida, um pensamento motivador, apesar de saber que eu deveria fazê-lo.
Estou aqui para dizer que entendo.
Um abraço,
Eilan
borderline-girl.blogspot.com
Olá Eilan!
Obrigada pela visita e pelo comentário. É bom saber que alguém nos entende. Por favor, fique a vontade para voltar sempre que quiser.
Abraços,
Sah.
Eu me sinto EXATAMENTE assim todos os dias. Mas quem tem TPB é muito sensível às influências externas. Então eu tenho fé de que uma mudança de ambiente pode me fazer melhorar. Morrer seria mudar de ambiente, mas eu prefiro ficar na zona de conforto e ir para um lugar mais previsível, onde não existam lembranças ou pessoas que me tragam lembranças ruins. Mas é muito doloroso esperar.
Oi Catarina! Sinto muito por você se sentir assim também, espero que você encontre forças para continuar e seguir em frente, e quando encontrar, me diga como e onde =]
Boa sorte.
Bjs,
Sah
Postar um comentário