Me pergunto onde você está agora. Mas que diferença isso faz? Eu me perdi... Há alguns poucos dias atrás e fiquei assim perdida. Algo se quebrou aqui dentro, eu cruzei uma linha que existia aqui dentro, eu quebrei mais uma barreira... Está tudo diferente. Às vezes tenho vontade de rir quando deveria chorar. Eu quase me matei e vou ganhar mais seis novas cicatrizes. Eu venho notando... Meus cortes estão se tornando maiores e mais fundos, mas quando estava pensando em me matar não pensei neles primeiro. Pensei nos remédios... Tenho tantos remédios em casa que às vezes me sinto em uma farmácia. Seria fácil, muito fácil. É, e agora que aquele algo se quebrou aqui dentro, sinto que posso fazer isso a qualquer momento, é só esperar o momento certo. Há um momento certo. Há três dias atrás eu passei pelo momento certo, mas eu sobrevivi. De qualquer jeito, ele vai voltar, tudo é só uma questão de tempo. É preciso ter paciência para não se cometer erros. Quando paro pra pensar naquela madrugada, eu realmente me espanto em ver que ainda estou aqui e me decepciono um pouco também. As coisas estão muito confusas, meus sentimentos estão confusos, minhas ideias também. Mesmo agora em que o desespero não me sobe pela garganta e me falta o ar, sinto uma dificuldade enorme em digitar essas palavras, em organizar minhas ideias nesse texto.
Tanto tempo parada na frente desse computador para se dizer tão pouco. Estou viva. Às vezes sussurro para mim mesma, só para tentar me lembrar, embora não seja isso que eu sinta. Eu me sinto morta há um bom tempo, há um bom tempo eu não sei direito porque minhas pernas continuam seguindo em frente. É duro não me sentir mais parte desse mundo, é duro passar a maior parte da vida anestesiada, vivendo como que em um sonho ou um filme. Eu quero ser eu... Eu falei para minha psicóloga ontem em meio as lágrimas. Eu quero ser eu, mas eu não sei quem sou eu, não sei onde estou, não sei em qual momento me perdi ou onde posso me encontrar. Eu estou morta. Esse é o grande problema. Eu quero ser eu, mas eu não me sinto, olho para mim mesma e não me reconheço. Onde estou? E é só quando a gilete rasga a minha pele, que eu sinto, que eu vivo, que eu existo. Engraçado como algo tão destrutivo pode fazer você se sentir tão bem. Eu chorei muito esses dias, chorei pelos meus sonhos destruídos, chorei por quem nunca poderei ser, chorei pelas pessoas que perdi, chorei por tantas coisas que perdi... Um dia um amigo meu brincou comigo e disse que tudo que eu toco se destrói. É verdade... Eu tenho muito essa impressão. Eu sempre estrago tudo, eu sempre destruo tudo. Eu vou destruir minha vida um dia. Penso nisso sorrindo muitas vezes, é um sonho meu, querendo ou não, se ver livre de algo que me causa tanta dor.
Mas as pessoas geralmente não entendem. Não entendem como eu posso rir tanto com meus amigos em uma hora e na seguinte estar abrindo minha pele com lâminas na esperança de aliviar um pouco minha dor emocional. Não entendem como eu posso sorrir com tanta facilidade e ainda assim planejar minha própria morte com a mesma naturalidade. É engraçado... Mas sabe, eu realmente não acho que eu tenha muita escolha. Vendo pelo meu ângulo, sentindo na minha pele, entende?
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