"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 5 de maio de 2013

Bom o bastante



Nada nunca é bom o bastante. Quando a chuva cai eu penso em lágrimas escorrendo e quando é a vez do Sol brilhar, eu o encaro quase como uma afronta frente aos meus sentimentos. As pessoas passam por mim, rindo, felizes e tão leves e eu tenho vontade de enfiar minha cara no concreto. Um dia tentei conversar com Deus e fazer algumas perguntas que sempre me incomodaram, mas quem respondeu foi o meu monstro. Meu monstro está muito mais presente e perto de mim do que qualquer Deus. Isso é um mal sinal? Não sei dizer. Acendo mais um cigarro e tento não pensar na sucessão de acontecimentos que me levou a estar aonde eu estou agora. Por que? Por que isso tinha que acontecer? Por que comigo? Aposto que todo mundo já deve ter se perguntado isso uma vez na vida. O que me preocupa é a frequência com que isso entra em minha mente e não quer sair nunca mais. Meus pensamentos são obsessivos, quando encano com alguma coisa não consigo me acalmar até resolver o problema ou provar que eu estava certa ou errada. Eu encano com tudo, com pessoas, com o que elas falam, com o jeito de olhar, com minha imagem, com o que eu falei, se o dia está quente ou frio de mais, tudo.

Eu vejo o lado ruim em tudo, para tudo na vida há um lado ruim que as pessoas geralmente tendem a ignorar. Eu não ignoro, eu saio correndo de encontro a ele. Há algo de reconfortante na auto destruição, como se você estivesse finalmente tomando as rédeas da sua vida e conduzindo justamente para onde você sempre quis ir, o fim. E a sensação de perigo, de fazer algo errado, de sair a porra da linha que um dia traçaram para você seguir. Eu não gosto daquela linha, já a redesenhei algumas vezes. Ultimamente eu nem me dou mais o trabalho de redesenhá-la, eu só não a sigo, não sigo nada. Meus passos errantes, ardo de febre e a pele envolta das novas cicatrizes está inchada e dolorida. Às vezes me pergunto porque faço isso comigo mesma, eu tenho respostas mas elas também não parecem ser boas o bastante. Entende? O que leva uma pessoa a se auto torturar? Eu não sei. Quem inventou isso? Tirando os religiosos malucos que praticam a auto flagelação, há algo de estranho que leva as pessoas a tamanha crueldade consigo mesmas.

Eu queria ser boa comigo mesma. Eu queria me dar uma chance e conseguir acreditar em mim mesma. Eu queria conseguir sorrir quando me olho no espelho... Eu queria não me agarrar tanto em cigarros, bebidas e cortes. E não ter esse desejo louco de fazer coisas que podem me prejudicar. Será possível? Não sei. Há uma Sabrina que eu quero ser, meio difusa, meio confusa, mas ainda sim, alguém. Há uma Sabrina que eu sou e outra que eu não consigo aceitar que eu seja. Meu monstro. E na maior parte do tempo eu sinto que não sou nenhuma delas.

2 comentários:

Anônimo disse...

o que leva alguém a fazer isso? na minha opinião, e por experiência própria, estresse, pressão alheia e circunstâncias ruins. tudo isso é externo. é muito difícil aprender que os problemas e as soluções estão dentro da gente. parece autoajuda barata, mas juro que não é. levei anos para entender. mas entender é só o primeiro passo.

Unknown disse...

Os problemas e as soluções estão dentro da gente... Talvez eu entenda o que você quer dizer, mas ainda assim é confuso. Quando olho para dentro de mim eu só vejo confusão e escuridão. É difícil descobrir onde nasce o problema e onde se encontra a solução.