"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Raiva



Senti vontade de destruir algo bonito. De repente as pessoas me enojam. Não suporto a solidão. Por favor me deixe sozinha. Eu preciso destruir algo bonito. O que eu daria para ter uma gilete aqui comigo. Tem algo queimando dentro de mim. E queimando, e queimando... Não sei o que fazer, para onde ir. Não, não vou tomar nenhum calmante, não, não vou ligar para ninguém. Fecho os olhos, mais consciente do que nunca no que eu sinto. E o que eu sinto é tão puro que nem motivo precisa ter. Irracional, constante. Meu monstro se atirar em direção as grades que o cercam, ele quer sair. Ele precisa sair. O que eu daria... Meu corpo inquieto, minhas mãos nervosas, meus pensamentos tão confusos quanto claros. Só um pouquinho, só um pouquinho. A escuridão faz promessas tentadoras. Não acredito em diabos, mas se acreditasse, eu seria um deles. Um anjo caído, que linda história. No fim, qualquer anjo é meio diabo, e qualquer diabo é meio anjo. Odeio maniqueísmo.

Eu não vou fazer nada, não hoje, não agora. Mas algo sussurra dentro de mim. Um dia. Eu não estou livre, eu nunca vou estar livre. Levantar da cama continua sendo uma luta que eu venho perdendo cada vez mais. Por que estou viva? Para que levantar? Para que ir nessas aulas que eu estou fazendo? Para que se esforçar? As vezes eu levanto, mas na primeira pedra que aparece em meu caminho, eu me arrasto de volta para a cama. E lá, assim que eu fecho os olhos, deixo com que minha mente caminhe livre pelo mundo dos sonhos. Crio as histórias mais complexas e maravilhosas. Eu não quero acordar, não, não. Quero continuar vivendo nesse outro mundo. Esse mundo de cá... Eu não me encaixo, eu não me sinto bem, tenho medo... O mundo de lá é lindo e tentador. Eu posso ser qualquer coisa, posso fazer qualquer coisa.

Sinto vontade de chorar agora. O que eu estava sentindo passou e agora só restou a tristeza. No fim eu sempre encontro a tristeza. Há um buraco no meu peito, que nunca pode ser preenchido. Fecho os olhos e dessa vez deixo com que as lágrimas escorram. Até meu monstro se encolhe dentro de mim... O mundo inteiro é dor. Por favor... Me tire daqui. É a única coisa que eu consigo pensar.

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